Dom havia cuidado de preparar uma bela estadia para o casal. Uma das casas que Marcus tinha e que passava os dias quando fazia buscas pelas novas dançarinas. Apesar de tudo, Dominic era um garoto esperto. Talvez uma mistura de criação e genética e até mesmo por uma questão de sobrevivência.
Aurora banhou-se deixando que a água quente pudesse adentrar em todos os seus poros. Pediu aos céus para que uma luz viesse e ela pudesse encontrar sua filha. Ela esperava que isso lhe dessem forças suficiente para enfrentar Marcus com a certeza de que se algo lhe acontecesse as pessoas que mais ama estariam protegidas.
Ela sentou-se não divã que ficava escorado na janela e pode ver a vista do lindo jardim que aquela casa possuía. Acendeu seu cigarro e desligou-se do mundo. Na verdade ela queria algo mais intenso, mas isso não seria possível naquela ocasião, sem falar que teria vergonha na frente de Will.
— Vou prepara algo para comermos. O que deseja? — Will perguntou logo que saiu do banho, porém, não obteve resposta. — Aurie! — chamou mais uma vez.
Ela o escutou dessa vez, porém de forma um pouco distante o que a fez demorar a voltar a realidade. Virou-se para ele um pouco perdida.
— Falou comigo?
— Perguntei o que quer comer.
— Estou sem fome.
Ele se aproximou de Aurora. Sabia que por trás de toda aquela fortaleza, Aurora era extremamente frágil e em alguns momentos isso transparecia sem que ela percebesse. Ou talvez percebesse e usasse do álcool e do cigarro para se convencer do contrário. Talvez as pessoas precisem amenizar seus estresses como uma autodefesa e acabam utilizando-se das coisas mais terríveis como forma de se punir por agir fracamente.
Aurora não precisava daquilo. Tinha Will para ajuda-la no que precisasse. Mas no mundo onde o inimigo mora ao lado, se abrir é meio limitado e acaba virando um hábito.
— Você precisa se alimentar Aurora. E se quiser chorar também pode.
Ela sorriu. Um sorriso desanimado, mas cheio de significados.
— Chorar. Dizem que alivia a alma. Dizem que faz bem para saúde. Mas sabe do que eu tenho saudades? — Will fez sinal com a cabeça — De gargalhar. A última vez que dei uma gargalhada foi antes da minha mãe morrer. E isso faz doze anos. Daí ela morreu e eu senti a maior dor da minha vida. Melany era o que me alegrava e confortava. Seus olhinhos claros e seu sorriso quando eu conversava com ela, me arrancavam alguns sorrisos. Eu achei que com o tempo, eu aprenderia a conviver com a dor e saudade. Mas papai se tornou um home frio e viver com ele foi insuportável. Eu estava entrando na adolescência, tive que estudar e cuidar da minha irmã porque durante muito tempo meu pai a renegou. Culpava-a pela morte de mamãe. Ele passava horas no escritório quando estava em casa, o que era somente a noite. Tentar conversar com ele era impossível. Um pouco porque eu tinha medo e outra porque ele nunca tinha tempo para me ouvir. A noite eu chorava calada. Sentia falta do colo de minha mãe e do carinho de meu pai que a cada dia piorava. Depois ele me obrigou a vir pra cá. Queria que eu fosse uma juíza, quando eu queria apenas dançar, veja só. Me empolguei logo quando soube que o Red Blush estava na cidade e me empolguei com a ideia. Marcus até conversou com meu pai, mas ele me proibiu de fazer o teste. — deu uma tragada em seu cigarro — Se eu tivesse o escutado, talvez eu estaria em casa cuidando de Meg e Melany, numa casa confortável, com um emprego estável, e com o pouco de dignidade que me restava. Depois veio o estupro, a morte de Melina, depois a morte de papai, e eis o pesadelo o qual eu me encontro. E como se não bastasse, a morte de Meg. — sentiu os olhos arderem e deu mais uma tragada no cigarro — Chorar é o que mais tenho feito. As noites de pesadelos. Acordar e ver que ainda estou presa a este inferno.
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Red Blush - O cabaré
RomanceO cabaré mais requisitado do México entra em crise e o acordo entre Aurora e Marcus Connor está por um fio. Desesperada, Aurora busca consolo em sua irmã mais nova e da ajuda de seu amigo Willian Connor, mas não é suficiente. A situação está cada ve...