Capítulo 43

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A madrugada havia chegado e Aurora e Will estavam voltando para casa, ou melhor dizendo para o inferno novamente. Uma mistura de decepção e felicidade se alastrou em Aurora. Sabendo que Melina estava perto, poderia ter a chance de se esbarrar com a menina, no entanto, saber que teria que tê-la apenas longe, observá-la a metros de distância, lhe cortava o coração.

Suspirou e se encostou no colo de Will o apertando forte e calorosamente. Era o seu abrigo mais próximo. O rapaz a abraçou e beijou o topo de sua testa, ambos estavam angustiados e nervosos. O coração de Aurora se apertou. Sentia que algo estava errado. Como um pressentimento ruim. Uma vontade incontrolável de chorar lhe tomou conta e apertou os olhos abraçando ainda mais forte o homem ao seu lado.

Algumas horas antes, enquanto o cabaré estava lotado e Marcus devidamente concentrado em seu estabelecimento, ele recebera uma ligação. Era um número desconhecido e não fez manhas em atender.

— Alô!

— Marcus Connor?

— Sou eu. O que deseja?

— Sua querida esposa é uma doçura — respondeu com ironia.

— Seu desgraçado? Quem é você? O que fez com Aurora?

— Sabe, agora eu entendo o porque você é caidinho por ela. Entendo também o porque de ela ser a estrela principal. Eu só tenho pena. Ela não merecia estar num lugar como este.

— O que você quer? Acho bom você trazer minha mulher de volta.

—Ei! Sem alterar o tom da voz porque você não está em condições para negociar, mas eu sim. Hoje, as cinco da manhã em ponto, eu quero que você traga Cecília e a entregue em um carro preto. Ele vai estar aberto e vazio. Não vou ser tolo a ponto correr o risco de você chamar a polícia.

— Como vou saber que me entregara Aurora?

— Simples. Uma hora ou outra eu terei que aparecer para poder levar a minha garota.

Marcus queria gritar. Queria ver o rapaz que falava com ele na linha e esmurra-lo até a morte, mas se conteve. Era a vida de Aurora que estava em jogo. A vida do grande amor de sua vida.

— Está certo. Ás cinco.

Assim que chegaram ao aeroporto em Cancun, Will ligou para Dom. Dom estava no bar um pouco desconcentrado com a enxurrada de informações que havia recebido. Seu pai não era Velasques, um homem bom o qual fora submetido a luxuria e a sensualidade de sua mãe. Um homem enganado e desprovido de qualquer maldade. Mas sim de Lorenzo. Um homem que escondia grandes segredos e era tão sórdido quanto sua mãe. A verdade era que, não só Aurora tinha um coração que mantinha as escondidas, mas Dom também. Isso explicaria o amor que ainda sentia pela mãe. Apesar das escolhas erradas e dos caminhos tortuosos pelos quais Cassandra seguiu, nunca deixou de ser uma boa mãe.

Com os braços apoiado no balcão, segurando a cabeça com mão, Dom suspirou. Não sabia se estava pronto para conversar com o pai. Nem sequer sabia se Lorenzo conhecia sua existência com filho dele. Era uma confusão de sentimentos que nem se deu conta de que seu celular tocava freneticamente em cima do balcão.

Porém, perto dali, rondeando desde o sequestro de Aurora o bar, Alejandra estava muito bem atenta e percebeu quando o celular do jovem rapaz vibrou. Cautelosamente o pegou saindo de fininho sem que Dom a percebesse. Sorriu maliciosamente e pensou em um xingamento mais apropriado para da a ele.

O celular tocava sem parar. William e Aurora estavam nervosos querendo saber o motivo pelo qual Dom não chegava. Alejandra sabia que o fato de telefone não para de tocar tinha algo de estranho, assim como o semblante nervoso e austero de Marcus ao sair de seu escritório para tomar um ar no terraço.

Red Blush - O cabaréOnde histórias criam vida. Descubra agora