Capítulo 38

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A caminho de casa Cassandra não conseguiu pensar em nada a não ser na possibilidade de tudo dar errado a ponto de se submeter aos caprichos de Lorenzo. Ceder as suas chantagens, filiar-se a ele, era o mesmo que repetir o passado e se tornar posse dele. Sentia o coração pesado e viu-se perdida assim como no dia da morte de seu marido.

Porém, apesar de tudo e de saber as consequências, talvez ela não tinha realmente outra escolha a não ser aceitar a proposta de Lorenzo. Então a sua ficha finalmente caiu. Se seu filho e sua nora não haviam sido sequestrados por Lorenzo significava que tinham mais inimigos do que pensavam e a coisa se complicaria ainda mais.

Era bem capaz de nem o prefeito conseguir mais ajudar com confraternizações beneficentes ou com noites de luxúria. O ego do prefeito era algo que não podia ser inabalável, e diante de tantas propostas indecentes, era bem capaz que Lorenzo a propusesse em casamento. Era o fim, pensara.

Chegou a mansão escutando os gritos de Marcus. Ele falava com alguém que não conseguiu identificar de imediato.

— Você é um incompetente Juan Carlos. Porque não prende Lorenzo, não o torture e o faça confessar que foi ele?

— Eu não posso. Não tenho provas para tanto.

— Desde quando se tornou um homem justo? Ora, para satisfazer os desejos de sua filha, você foi contra a lei em muitos aspectos. Pois saiba que o pai da sua neta também foi sequestrado. O que você quer? Que ela cresça sem pai?

— Ela pode ficar comigo.

Marcus ri debochado.

— Por favor. O senhor já não é mais um garotinho. E outra a delegacia toma um tempo grande, como pode cuidar de uma criança de sete anos?

— Você tem razão. Clair precisa do pai.

— Exatamente. Agora o senhor vai ou não até Lorenzo?

— Ninguém vai até Lorenzo. — Cassandra surge no escritório onde se encontrava Marcus e Juan Carlos.

— O que disse, mamãe?

— Que ninguém vai atrás de Lorenzo. Ele não tem culpa de nada.

— E como tem certeza disso? — perguntou Marcus.

— Porque eu mesma fui conversar com ele.

— Você está maluca, mamãe. Lorenzo é um homem perigoso e ardiloso, não deveria ter ido sozinha. Deveria ter me chamado para acabar com a vida dele de uma vez.

— Não! Você não vai acabar com a vida de ninguém. Pelo menos não com a de Lorenzo, ainda não. — ela engoliu seco.

— Mamãe, seja mais clara.

Cassandra olhou para Juan Carlos.

— Juan, se não se importar eu gostaria de conversar a sós com meu filho.

— Tudo bem. Preciso resolver uns assuntos a respeito deste sequestro. — ele consente e sai.

Cassandra olha para Marcus, receosa. Sabia do temperamento do filho e temia pela sua reação diante dos acontecimentos.

— Estou esperando. — ele se senta e Cassandra senta-se a sua frente.

Ela lhe conta os detalhes da conversa. Marcus aperta os punhos e sente o sangue ferver. Agora mais do que nunca, a sua vontade de acabar com a vida de Lorenzo era ainda maior.

— Eu não acredito. — ele bate na mesa e se levanta. — Me diga que você não aceitou isso.

— Não, mas...

Red Blush - O cabaréOnde histórias criam vida. Descubra agora