Capítulo 2

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Sete anos atrás

– Já mandei seu histórico na Universidade e já marquei uma entrevista. – Charles estava empolgado com a ideia de sua filha Aurora entrar para faculdade.

– Pai, já pensou que eu não quero fazer direito?

Ele ri debochado.

– E vai fazer o que? Posso até imaginar você virando uma grande juíza. – suspirou.

– Mas eu não quero. Não me vejo com toda essa responsabilidade. – Aurora tentava há anos confrontar o pai quanto à decisão de sua faculdade. Ele sempre sonhou em ter uma filha formada em direito, mas Aurora tinha outros planos em mente. – Eu quero cantar, pai, dançar e ser aplaudida por um monte de pessoas, assim como minha mãe. – ela olhava para cima com as mãos encolhidas ao peito e os olhos brilhando.

– Deixe de bobagem, Aurora! Já conversamos sobre isso. Não vou cancelar a entrevista.

– O senhor a marcou porque quis. Eu sinto muito. – Aurora olha para o pai com pesar sentimento.

– Não irei cancelar. Estamos indo a Monterrey amanhã mesmo. – Charles estava raivoso e irredutível.

– Você não pode me obrigar. – Aurora levanta da mesa e cruza os braços ficando de costas para o seu pai.

– Posso, porque sou seu pai. – ele bate na mesa.

– E daí? – ela se vira para encará-lo. – Isso não te dá o direito de escolher as coisas por mim.

– Aurora, eu sou seu pai, sei o que é melhor pra você.

– Se soubesse me permitiria dançar. – seus olhos estavam marejados.

– Isso é um sonho idiota. Como acha que vai conseguir se sustentar quando eu faltar? Vai viver do que depois dos trinta? Acha mesmo que vai ter essa pele e essa beleza para sempre?

– Minha mãe foi dançarina e você se apaixonou por ela. Disse isso na cara dela? – Aurora provoca Charles.

– Isso foi em outros tempos. Hoje as coisas mudaram.

– Mudaram por que, pai? – ela tentava com dificuldade entender as ideias de seu pai.

– Porque é assim que acontece. Conforme o tempo vai passando as coisas vão mudando e temos que escolher qual é o melhor caminho, e o melhor caminho é que você vá para Monterrey e não discuta mais comigo, está certo? – ele gritava raivoso e Aurora chorava feito uma criança.

– Vocês podem parar de brigar? – Mel desceu com seu pijama e ursinho em mãos, com a expressão sonolenta. – Não estou conseguindo dormir.

Aurora enxuga as lágrimas e olha para sua irmã.

– Vem! Eu vou te colocar pra dormir. – ela segura suas mãos e sobe as escadas levando Mel ao quarto.

– Por que você e o papai estavam brigando? – Melany pergunta a Aurora já sentada em sua cama olhando fixamente para o ursinho em seu colo.

– Papai e eu enxergamos as coisas de um jeito diferente. – Aurora tentou explicar.

– Não gosto quando vocês brigam.

– Nem eu, Mel. – Aurora respira fundo e encara o nada.

– Canta uma música para eu dormir? – Mel pediu a sua irmã, tirando-a de seus devaneios.

– Claro.

Melany se deitou e se cobriu deixando seu ursinho ao seu lado, pronta para ouvir sua irmã. A música era de extrema importância a Aurora. Sua mãe cantava a ela quando era criança, dizia coisas que mesmo Aurora sendo tão pequena a tocava de forma intensa. Por mais que a dor, que as lágrimas invadissem seu rosto a noite, no dia seguinte, nós ficaremos sãos e salvos, pois qualquer problema que existisse, havia ido embora na noite passada. Cantar para Melany era uma forma de passar a mesma ideia a sua irmã, ao mesmo tempo em que trazia a Aurora mais uma esperança, aliás, quando o sol chegar, ela ficará bem.

Red Blush - O cabaréOnde histórias criam vida. Descubra agora