Aurora
Meses depois....
Os pesadelos estavam diminuindo aos poucos. Haviam várias noites que conseguia dormir tranquilamente e, em outras eu sequer fechava o olho. Os médicos diziam que era normal, afinal, uma pessoa com apenas vinte e cinco anos que viveu tudo o que eu vivi e ainda sobreviver sem ficar louca, foi de um grande avanço. Mas eu ainda era um ser humano o qual tinha pesadelos esporadicamente com aquela noite. Os barulhos de tiro, sangue por todo o lugar.
Porém, essa noite foi diferente. Eu sonhei que estava sorrindo. Sorrindo de extrema felicidade. Uma felicidade que não cabia no peito. Estava vestindo um vestido branco, sentada em um balanço decorado com flores. Will me balançava alegre e, vez ou outra, dizia-me que eu estava parecendo uma criança.
O sol estava ardente, radiante. Ao longe era possível encontrar risada de crianças e alguém um pouco mais velho exausto porque corria atrás delas com medo que aprontassem alguma nova travessura. Então essas crianças correram até mim num grande abraço o qual eu senti meu coração livre e descansado.
Acordei e encontrei os olhos de Will numa mistura de preocupação e surpresa. Ele sempre estava ali, em cada pesadelo ou cada sonho bom. Aliás, Will sempre esteve nos piores e nos melhores momentos.
- Outro pesadelo, meu amor? - ele desliza suas mãos quentes e macias em meu rosto.
Balanço a cabeça em negação.
- Não. Foi o melhor sonho que tive em toda a minha a vida e quero fazer questão de realizá-lo.
- E pode ter certeza que eu farei o que for preciso para que ele se torne realidade.
- Você já está fazendo. - depositei um beijo doce e totalmente apaixonante em seus lábios.
- Quero que você tenha mais sonhos assim.
- Para que você ganhe outros beijos no meio da noite? - questionei-o com graça.
- Também. Mas porque seu sorriso é encantador.
Aninhei-me em seu colo e voltei a dormir. Não existia mais nenhum medo ou insegurança, ali, eu estava segura.
As coisas aconteceram sem que eu pudesse estar realmente presente. Depois do tiro que eu levei, eu estava a todo momento sendo cuidada ora por Dom, ora por Will. Eu sentia saudades de Melany e Clair, e a ansiedade me consumia todos os dias.
Eu conversava com a minha barriga na esperança de passar o tempo e isso me ajudava. Cantava musicas de ninar e acariciava com toda delicadeza e amor do mundo. Aquele parecia o melhor momento para se ter engravidado mesmo sem nenhuma certeza de nada. Então lembrei-me de quando fiquei grávida de Melinda, ou melhor, Clair. Aquela barriga imensa enchia meu coração de alegria e lá eu sabia o que era o amor maior. Aquele amor ágape, puro e verdadeiro. Naquele momento eu soube que um filho sempre nos deixa mais forte para enfrentar o mundo. Eu tinha certeza, que por Clair, Melany e aquele bebezinho que eu carregava em meu ventre, eu sobrevivi a tudo e a todos.
Dom e Will conversaram por longo tempo. Dominic tentava convencer ao irmão que tudo não passou de um plano e que era tão inocente quanto a todos nas mãos de Cassandra e Marcus. O corpo de Marcus foi cremado. Will assim preferiu para que não se sentisse na obrigação de visitar o irmão.
Cassandra iria ser presa se não fosse por sua loucura e compaixão de Lorenzo que, apesar de tudo, amava a ex cunhada. Ia todos os dias visitar Cassandra no hospício. Depois que soube da morte do primogênito, teve um surto psicológico. Will e Dom as vezes iam vê-la, mas ainda tinham um grande ressentimento e mágoa pelas atitudes da mãe.
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Red Blush - O cabaré
RomanceO cabaré mais requisitado do México entra em crise e o acordo entre Aurora e Marcus Connor está por um fio. Desesperada, Aurora busca consolo em sua irmã mais nova e da ajuda de seu amigo Willian Connor, mas não é suficiente. A situação está cada ve...