Penúltimo capítulo

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Na sexta-feira, véspera do grande dia, enquanto Dom, Iara, Marcus e Kershack cuidavam dos últimos detalhes para o dia seguinte, Cassandra ia se encontrar com o prefeito. Apesar de ter se livrado das ameças de Lorenzo, encontrava-se desesperada, acreditando piamente que se algo desse errado, deveria se aliar a Lorenzo. 

O delegado estava desconfiado que as visitas as quais Cassandra fazia ao prefeito era muito mais do apenas por motivos profissionais no interesse do Red Blush. Seu ego e paixão por Clarissa eram grandes, e ele não deixaria por menos. 

Assim, Aurora se comunicava as escondidas com Martim para que ele tentasse, de algum jeito, descobrir o paradeiro de Clair. Ela estava desesperada, aflita. Com os olhos vagos e inchados pelo choro, o coração apertado e o medo correndo todo o seu corpo, precisava a todo custo conciliar as vidas que mais lhe importavam, cuidando de uma enquanto prestava atenção em outra. Aquilo era um fardo demais para Aurora que tinha uma grande apresentação no dia seguinte e precisava ensaiar. 

Ela olhava o palco e o cabaré vazio. Seu coração pulava esperando que Dom  aparecesse a qualquer momento e ela tivesse que ensaiar por horas a fio sem nenhuma possibilidade e condição. Não podia mais contar com Dominic que agora era aliado do irmão e lembrar disso a fez suspirar dolorosamente.  Maitê e Alejandra as encaravam com a sobrancelha erguida e um sorriso malicioso. Ambas tinham planos de acabar com Aurora no momento da apresentação. Elas desconfiavam algumas mudanças no anjo, agora  não mais proibido, e isso era a maior provocação e sofrimento que Aurora poderia ter em sua vida. 

- Quer dizer então que a filha de Will era sua filha e ele a estuprou a o que...? Sete anos atrás? - Alejandra posicionou o queixo nas mãos, pensativa. - Que coisa! - riu debochada. - E pensar que Aurora estava apaixonada pelo próprio coitado. Sabe? Mais irônico que isso, é que eu acho que William de você, vadia. 

- O pior de tudo nessa história é que Aurora perdeu a filha duas vezes. Aliás, o melhor de tudo. Imagina essa criança tendo uma mãe prostituta. Pena que a fedelha sumiu, Connor poderia muito bem vendê-la. - provocou Maitê, ocasionando risos em Alejandra.

- Ainda tem a irmã de Aurora. A pirralha é bonita. Olhos claros e cabelos escuros assim como os meus. Sorte não ter puxado à irmã. Mas, como Marcus é um idiota apaixonado, e... vale lembrar, um tremendo de um corno manso, não vai fazer nada contra ela. - revirou os olhos.

- Parem de fofocar duas vadias! Ao ensaio - Dom entrou dando início aos ensaios. 

Aurora já estava calejada com as provocações de todas as melindrosas. Na verdade ela estava concentrada em buscar forças e coragem. E ela tinha uma fonte de muito valor, mesmo que seu coração estivesse dividido. Ela sabia que Clair não estaria em perigo. Sua aflição era estar longe dela, por mais que no fundo, sabia que talvez fosse melhor. Conseguiria ela cuidar de três vidas se seus planos com Martim não dessem certo?

A jovem respirou fundo. Dançar lhe acalmava. Cantar lhe inspirava. E ela ia se doar inteira para lutar pela vida das pessoas que mais amava no mundo.

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Juan Carlos seguiu Cassandra até a prefeitura. Viu a mulher entrar e esperou alguns minutos antes de chegar. Da rua, era possível ver a janela do gabinete e ter uma noção das coisas que se passavam. 

Suas mãos agarravam o volante com força. Ele não admitiria uma traição vinda de quem quer que fosse, e de Cassandra muito menos, tendo em vista abrir mão de sua família  e corromper seu cargo por causa dela. Aquilo ele jamais aceitaria.

- Hernandes, precisamos que você faça uma divulgação tremenda sobre o evento de amanhã. Será um dia especial para alavancar Red Blush de vez. Encontramos uma grande aliada a qual possui contatos no exterior, mas é necessário um enorme sigilo.

- No que você está pensando para esse evento? 

- Precisamos arrecadar dinheiro, pois nossa ideia é nos juntarmos a Iara para levar Red Blush a outros países. E com o cabaré novamente e crise a ideia é leiloar uma noite com Aurora. A filha da puta é cobiçada. Vários se apaixonaram por ela e ofereceram milhões para tirarem ela de lá. A essa altura era para estarmos milionários, mas o amor de meu filho por ela era maior do que qualquer coisa.

- E seu filho vai deixar ela dormir com qualquer um?

- Aparentemente o plano é apenas simular uma noite.

- E como pretendem fazer isso? - indagou Hernandes. 

- Eu não sei. - Cassandra coça a cabeça com desespero e por um momento, tem o olhar vago e distante.

- Cassandra?

- Sim! - olhou em direção ao prefeito. 

- O que quer que eu faça?

Cassandra gargalhou. Ria de nervoso e sem saber ao certo o motivo.

- Que tome cuidado com os acontecimentos dessa cidade. - aproximou-se dele. - Eles disseram que as coisas vão dar errado. 

- Quem disse isso? 

- Eles.

- Eles quem, Cassandra?

Ela se aproxima ainda mais, levando as mãos até o botões de sua camisa.

- Estão por todo o lugar. Eles gritam o tempo todo dizendo que vamos morrer. Todo mundo vai morrer - ela ri e lhe rouba um beijo.

Hernandes estava confuso. Ou Cassandra estava enlouquecendo ou algo de muito grave estava realmente prestes a acontecer. Excitado com o toque da mulher, respondeu-lhe apenas com um beijo, um beijo suficiente para confirmas as suspeitas do delegado. 

Juan se preparava para sair do carro, quando recebeu um chamado dizendo do suposto paradeiro de Clair. 

Red Blush - O cabaréOnde histórias criam vida. Descubra agora