Um bilhete para meu vizinho// Concluída

Capítulo 54

   - O que você quer, Mariana?
    Vi que ao ouvir aquele nome, minhas primas mudaram de expressão. Lancei - lhes um olhar do tipo "Deixa comigo"
   - Eu ? Só conversar! - ela disse com sua voz esganiçada.
  - Você não tem nada para falar com ela! - disse Bia
  - Pelo contrário, querida! Ela vai querer ouvir o que tenho a dizer!
  - E sobre o que seria?  - perguntei, cruzando os braços.
  - Seu namoradinho, Dylan! - ela soava como um adulto tentando explicar para uma criança que o Papai Noel não existe. 
   A curiosidade me venceu.
 - Está bem, entra!
   Ela passou por nós, indo até a sala. Quando estava longe o bastante, Yasmin disse:
  - Que ódio! O que essa garota quer?
  - Não estou gostando disso ... - disse Bia
  - Não se preocupe, não quero estragar a noite de vocês... Qualquer coisa eu ligo! - eu disse, forçando um sorriso.
   Eles me lançaram um olhar preocupado, mas retribuiram o sorriso e entraram no carro de Dave. Estávamos só eu e ela... Vamos acabar logo com isso, pensei.

  - Vai, fala logo!
  - Olha Anna, eu não tinha nada contra você! Mas não acha de já passou do limite?
   Seu tom de voz amigável tinha sumido.
  - Do que você está falando?
  - De você com o Dylan! Tudo bem no começo, mas agora já é de mais!
   - Garota, você é louca? Nós estamos namorando, e se você veio aqui só pra isso, saiba que eu tenho mais o que fazer... - comecei a ir para a porta, porém ela bloqueou meu caminho. Ela segurava um celular e tinha um sorriso irônico no rosto.
  - Tá, mas ele não te ama! Por que sou eu quem ele gosta de verdade!
   Comecei a rir e disse:
  - Por favor, só se for nos seus sonhos! Você não é nada para ele ! Se você pensa que ...
   - Não é o que essas mensagens mostram! - ela interrompeu, entregando - me seu celular.
    Estava aberto no aplicativo de mensagens. Mais especificamente, na conversa com o Dylan. Comecei a ler, sem acreditar em nada. Estava claro que ela gostava dele... E parecia que ele também gostava dela! Em certo ponto, ela disse:
  " Pena que vc não pode ir no baile, senti sua falta ! (E uma carinha triste)"
   A resposta dele me deixou sem palavras:
   " Desculpe, meus pais não deixaram eu sair hj. E o pior  foi que minha vizinha se machucou e tive que ficar ajudando ela ... Compenso no próximo! (Carinha piscando)
    O resto era uma enrolação da parte dele, em que ele dizia que estava saindo comigo, mas que DEFINITIVAMENTE gostava mais dela. Quando li essa palavra em maiúsculo, deixei que uma lágrima caísse pelo meu rosto, e logo foi seguida por outras. Nem percebi quando ela tirou o aparelho da minha mão. Saí de meu transe com a voz de meu irmão dizendo:
   - Anna, o que ela está fazendo aqui?
    A resposta veio dela:
   - Já estou de saída, só vim fazê - lá abrir os olhos...
   E foi embora.
    - Anna, o que está acontecendo?  Por que está chorando?
   Eu não podia falar disso com ele. Na verdade, não podia nada agora! Eu só queria chorar ... Já sei!
   Antes que Daniel me detivesse, peguei minha bolsa e corri para a rua, soltei um "Volto logo" ao fechar a porta. Só podia ver uma pessoa agora...
   Parei de correr ao chegar na porta da grande casa onde passei grande parte da minha infância e toquei a campainha. Não demorou muito para que uma cabeleira ruiva abrisse a porta.
    - Anna, o que foi? - perguntou
   Não disse nada, só me joguei nos braços da minha melhor amiga e chorei enquanto ela me abraçou. Foi assim que passei grande parte da noite.