07

6.2K 479 117
                                    

Apesar de estar super mega master feliz e ansioso pelo misterioso jantar com meu homem - sorrio com as imagens da nossa noite juntos voltando a minha memória - não deixo de notar que ele não marcou horário no bilhete, e tampouco disse que me buscaria.

Sinto a apreensão me invadir trazendo com ela vários pensamentos desagradáveis.

Será que ele está fazendo um jogo comigo?

E se não for um jogo, que horas eu chego no restaurante?

E se eu chegar atrasado e ele se cansar de esperar?

E se...

- Chris?

- AAAAAAAAAA - respondo com um berro - quer me matar do coração? - pergunto a minha mãe que me olha chocada, talvez pelo berro que eu dei ao me assustar, talvez pelo embrulho enorme em cima da minha cama.

- Não quero matar ninguém, só vim dar um oi e avisar que to indo pro consultório e seu almoço tá no microondas. - ela explica o motivo de aparecer no meu quarto de supetão me assustando e vendo o presente.

- Obrigado, mãe. Amo você. - dou um beijo nela tentando despacha la dali sem que ela perguntasse sobre o embrulho. Não deu muito certo.

- E esse presente? - ela pergunta esticando o pescoço pra ver melhor a caixa.

- É um presente pro Mike. - minto mas ela continua me olhando impassível, como se nem tivesse ouvido.

- Está mentindo. - ela afirma.

- Não estou mentido. - rebato ofendido, esquecendo por um milésimo de segundo que eu realmente estava mentindo.

- Está sim.

- Por que a senhora acha que eu tô mentindo? - pergunto torcendo pra que não estivesse em neon na minha testa a mentira. Nunca fui bom em mentir.

- Você cruza os dedos toda vez que tá mentindo. - ela sorri presunçosa, e eu olho minha mão em total descrença.

- Que lindo, traído pela minha própria mão. - resmungo descontente.

- E então, vai me contar a verdade? - minha mãe pergunta me encarando.

- Mãe a senhora não estava indo trabalhar não? - pergunto cruzando os braços, enquanto ela olha distraidamente a hora em seu relógio de pulso e se alarma ao ver a hora.

- Ai meu Deus, tô atrasada. - ela corre pra fora do quarto deixando pra trás o presente e um sorriso enorme no meu rosto. - mas não pense que o assunto acabou. - ela grita de algum cômodo da casa, provavelmente da sala.

Balanço a cabeça ainda sorrindo, e pego o motivo do interrogatório pra guardar no meu guarda roupas. Coloco mais força que o necessário, esperando que o embrulho fosse pesado, e acabo batendo a caixa no meu próprio rosto. Super leve pro tamanho da caixa.

Por favor meu Deus, que não seja nenhum inseto. - faço uma prece mental e guardo o embrulho na penúltima gaveta.

A ansiedade volta assim que eu vejo novamente o bilhete que Rob me deixou. No mesmo restaurante dizia o bilhete. Ao menos eu sabia onde ir.

Deito, chamando o sono mentalmente pra me embalar, fazendo me esquecer da ansiedade que me rodeia como se o bilhete tivesse criado uma bolha de apreensão ao meu redor tentando me sufocar.

O sono não vem. Levanto e decido me depilar, totalmente. Braço, perna, barriga, axila, enfim, tudo. Preparo o que vou precisar, colocando em uma bacia e levo pro banheiro.

°°°

Quando finalmente saio do banheiro depois da sofrida experiencia que é se depilar por completo com um Gillette, me sinto mais leve. Passo a mão pelo meu corpo nu, e esta desliza suavemente. Isso.

Visto uma boxer preta e uma camisa azul escura, grande e folgada - que eu comprei a um tempo atrás em um brechó pra customizar. Meu estômago dói agressivamente, como se meu intestino estivesse se comendo.

Corro pra cozinha, abro o microondas pra conferir e depois dígito alguns minutos. Depois de longos e torturantes três minutos o microondas apita informando que minha refeição está pronta.

- Obrigado, meu amor. - a que ponto eu cheguei, conversando com um microondas. Uau.

°°°

Depois de esparramar todas minhas roupas pela cama, e quando eu digo todas é literalmente todas, tentando escolher uma combinação decente. Mas nada se encaixava. Tudo estava fora de lugar.

Não pode ser tão formal assim. - penso tirando a roupa social que eu vestia.

Nem tão informal. - jogo longe a blusa pink que eu tinha acabado de tirar.

Droga, que merda é essa? Nunca na história da minha existência passei por algo parecido com isso. Jesus.

Escolho uma calca jeans clara, com um rasgado discreto no joelho esquerdo e outro em cima do bolso direito, com uma camisa pólo azul escura. Arrumo o cabelo como de costume, de lado jogado pra trás, e espirrei duas borrifadas do meu Armani Black, acabei borrifando mais uma vez só pra garantir.

°°°

Já passava das seis e meia, eu sentado no sofá em dúvida se tá na hora ou não de ir. Me decido finalmente ir, caso chegue antes eu o espero. Mas tomo um enorme susto ao ver um táxi parado na porta de casa, aparentemente me esperando.

- Boa noite, - o taxista me cumprimenta educadamente enquanto abre a porta pra mim. - o Sr. Robert pediu que eu o levasse até o restaurante Gold Star. - ele explica quando vê minha expressão dúvida a respeito da presença dele ali.

- Tudo bem. - respondo entrando e sentando no banco traseiro do gol prata com um pequeno retângulo no teto escrito de LED, Táxi.

°°°

O taxista, que descobri se chama Cléber, estaciona o carro em frente ao Gold Star que ao contrário do normal as luzes estão apagadas, e pelo vidro consigo ver que o restaurante está iluminado por uma luz tremeluzente. Velas.

Sinto meu coração pulsando mais rápido ao imaginar o motivo desse jantar, mas acabo afastando esses pensamentos. Me iludir agora só iria me magoar ainda mais. Uma vez eu ouvi uma senhora idosa falando que não é possível viver sem amar alguém. E ela não podia estar mais certa, não posso fugir do amor, mas também não preciso correr atrás dele.

Levanto minha mão pra empurrar a porta, mas ela é prontamente aberta pelo mesmo rapaz sorridente com uniforme de garçom.

- Boa noite, Sr. - ele faz um pequeno gesto com a cabeça ao me cumprimentar. - fique a vontade, tem uma pessoa a sua espera. - completou e se retirou me deixando ali parado, meus olhos varrendo todo o salão a minha volta em busca da pessoa que estava a minha espera. Robert.

Até que finalmente eu o vejo, e ele está vindo na minha direção sorrindo. Todas as outras pessoas presentes no restaurante entram em terceiro plano, e toda a minha atenção se volta pra ele. O sorriso lindo e sexy dele quase me faz deixar de perceber o que ele traz. Meus olhos lacrimejam ao perceber que ele tem uma rosa vermelha na mão.

Uma rosa pra mim. Ninguém jamais me dera uma rosa. Até agora.

Doce Vizinho. (ROMANCE GAY)Onde histórias criam vida. Descubra agora