13

3.6K 401 115
                                    

O medo apenas retarda o inevitável. Respiro fundo e começo a falar.

- É.. É... Eu.. Eu sou gay mãe. - falo de cabeça baixa, e minha voz sai quase um sussurro.

- Não ouvi direito, Christian. - minha mãe fala se aproximando do sofá que eu estava.

- Eu sou gay, mamãe. - respondo a olhando, a expressão que ela faz em seguida faz eu me arrepender de ter a olhado neste momento.

- É uma piada de muito mal gosto, Christian. - ela afirma séria.

- Não é piada nenhuma mãe, eu tô gostando de um cara, e quero que você conheça el... - sou interrompido com uma bofetada. Sinto meu rosto arder, e meus olhos lacrimejam, mas eu não posso fraquejar, não esperava essa bofetada da minha mãe, mas não posso mais voltar atrás.

- Cala a boca, Christian. - ela grita com a voz embargada de choro.

- Porque? Onde eu errei? - ela pergunta ainda gritando me olhando com raiva.

- Você não errou mãe, e nem eu pedi pra ser assim, eu nasci assim, eu sou assim. - respondo segurando as lágrimas, e ela me dá outra bofetada.

- Eu não quero ter um filho gay. - ela responde se afastando mas ainda me encarando.

- Então você não tem um filho. - respondo e sinto mais lágrimas rolarem pelo meu rosto.

- Ótimo, você tem meia hora pra juntar suas coisas e sair da minha casa. - ela grita essas palavras na minha cara, com uma voz totalmente fria, e sai me deixando ali, parado na sala.

Não consigo acreditar que minha mãe, a única família que eu tenho, não me aceita como eu sou, e tenha me expulsado de casa, pra onde eu vou agora?

Subo pro quarto e tranco a porta, então as lágrimas descem mais fortes, meu rosto arde, mas a dor pior é minha mãe me rejeitar.

Pego uma mala e coloco só uma coberta, algumas roupas pra trabalhar amanhã, e também pra ir pra escola. Desço pra pegar algumas frutas e coloco na mala, pego uma faca afiada e coloco no bolso da calça. E saio, minha mãe tá na sala olhando no relógio.

Como ela pode ser tão fria? - penso e mais lágrimas descem.

- Adeus mãe. - falo abrindo a porta.

- Não vou te perdoar jamais, e eu não sou sua mãe. - responde sem me olhar.

- Não preciso ser perdoado senhora, não fiz nada errado. - respondo e saio.

Me sento no banco que tem em frente a minha casa e fico observando a casa de Rob, porque ele não me mandou a mensagem?

As lágrimas já descem novamente descontrolada, coloco a mão no bolso e pego a faca, passo os dedos pelo corte, e em seguida passo a faca sobre meus pulsos, a dor que me invade é bem menos importante que a dor sentimental, mas me traz algum alento. Abaixo minhas mãos lentamente ainda segurando a faca e coloco as duas em meu colo, escondidas atrás da mochila com minhas roupas, e encosto minha cabeça na parede sentindo meu sangue molhar minha calça, nesse momento o portão da casa de Rob se abre e vem alguém em minha direção.

Minha visão está ficando turva, não consigo ver com clareza quem esta vindo até mim, mas é um homem.

- É tudo mentira. - falo com voz grogue.

- Tudo mentira o quê Chris? - é a voz dele.

- Dizem que quando a gente morre, encontramos as pessoas que amamos nos esperando, é tudo mentira, não tem ninguém me esperando, só escuridão. - falo e outra lágrima desceu solitária e lentamente.

- Porque você diz isso, Chris? - a voz dele tá próxima.

- Eu não vejo nada, é tudo escuridão, não tem ninguém aqui. - falo me desesperando e levanto os braços mostrando meus pulsos cortados.

- O quê? Christian.. Não.. - ouço a voz desesperada e sinto ele segurando meus braços, e então apago.

Rob Pov.

Depois que tomo um banho fico atento a qualquer barulho vindo da casa de Chris. Eu sei que o que ele vai conversar com a mãe dele não é nada bom.

Depois de alguns minutos ouço gritos, presto atenção pra tentar ouvir o que a mãe dele tá falando, mas consigo ouvir o que eu mais temia.

- Ótimo, você tem meia hora pra juntar suas coisas e sair da minha casa. - ouço ela gritar, como ela foi capaz de expulsar ele de casa. Pego o celular pra mandar mensagem como prometido mas o sinal caiu.

Merda, merda, merda, mil vezes merda. - penso e resolvo esperar meia hora e saio pra encontrar com ele também de saída.

Ao sair no portão eu vejo ele ali sentado chorando, sinto um arrepio ruim, mas ignoro e ando até ele, ainda na calçada eu ouço a voz dele cansada.

- É tudo mentira.

Será que ele está falando da mensagem que não pude mandar? - penso.

- Tudo mentira o quê, Chris? - pergunto e percebo que ele fica feliz ao saber que eu estou aqui.

- Dizem que quando a gente morre, encontramos as pessoas que amamos nos esperando, mas é tudo mentira, não tem ninguém me esperando, só escuridão. - fala e uma lágrima desce solitária pelo rosto dele.

- Porque você diz isso, Chris? - pergunto já de frente pra ele, que tá com as mãos escondidas atrás de uma mochila.

- Eu não vejo nada, é tudo escuridão, não tem ninguém aqui. - ele fala entrando em desespero e levanta os braços mostrando ambos os pulsos cortados.

- O quê? Christian.. Não..- grito desesperado segurando os braços dele, e então ele cai, seguro mais forte, sinto que minha vida se esvai de mim a cada segundo junto com a de Christian - Chris aguenta firme meu amor, por favor.

- Eduuuuuu.... - grito e ele aparece no portão e vem correndo em minha direção ao me ver.

- Ai meu Deus, o que aconteceu com ele? - ele pergunta assustado.

- Ele cortou os pulsos, pega o carro rápido, preciso levar ele pro hospital. Corre Eduard, rápido. - grito e ele corre pra tirar o carro da garagem, assim que ele tira, pego Christian no colo, ele parece mais pesado que o normal, mas eu preciso leva lo.

- Pega a bolsa dele Edu, rápido, você mesmo dirige, vai logo. - coloco ele no banco de trás e entro também, coloco a cabeça dele em meu colo, e Edu sai em disparada rumo ao hospital. Por sorte sabemos dirigir bem.

Cinco minutos depois estamos em frente ao hospital, Edu busina desesperado, enquanto eu levo ele pra dentro do hospital com dificuldade, mas isso não importa agora, tudo o que importa é que a vida dele seja salva.

Alguns enfermeiros vem com uma maca, e levam ele, enquanto o médico pega os dados dele comigo.

- Doutor não deixe ele morrer, salva a vida dele por favor. - peço desesperado o segurando pela gola do jaleco.

Sinto alguém me puxando e em seguida sou envolvido por um abraço. O Edu, então as lágrimas descem.

Não é justo. Não é, agora que eu encontro alguém realmente especial, o destino me rouba.

----------------------------------------------------
Obrigado por lerem..
Vem muito mais emoção por aí.
Continuem acompanhando essa trama.
Não se esqueçam de votar, seu voto me ajuda muito.
Obrigado de novo e beijos.

Doce Vizinho. (ROMANCE GAY)Onde histórias criam vida. Descubra agora