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A tarde passa lentamente, como se o tempo estivesse do meu lado, tentando retardar de todas as maneiras meu encontro com Rob. Não é que eu não queira encontrá-lo, mas estou profundamente magoado com ele. Nossa relação nunca mais será a mesma; ele dilapidou uma grande parte do meu amor por ele. Agora, nosso amor é deficiente, carente de confiança, e sabemos que confiança é a base. Talvez por isso eu esteja fazendo horas extras no trabalho, apesar de não haver nada urgente. Meu chefe estranhou, é claro.

- Christian? - ele me chama, aparecendo na porta logo em seguida.

- Sim? - respondo, sentindo uma onda de suspense me envolver. Ele raramente fala comigo.

Será que vai me obrigar a ir para casa?

Espero que não.

- Por que você ainda está aqui? - ele pergunta, calmo. Não parece bravo, apenas... curioso.

- Bem, é que eu não quero encontrar uma pessoa agora. - digo simplesmente, escondendo o fato de que essa pessoa é meu namorado. Não quero que ele saiba disso.

- Sua família? - por favor, não pergunte isso...

- Mais ou menos.

- Então é a namorada? - um pressentimento de que ele já sabe de tudo toma conta de mim, mas ignoro. Não tem como ele saber.

- Não tenho namorada, senhor. - respondo, baixando a cabeça. De certa forma, não estou mentindo, pois tenho um namorado, não uma namorada.

- Ah, por favor, não estamos em horário de trabalho, pode me chamar pelo nome.

- Tudo bem. Acho melhor eu ir para casa. - forço um sorriso.

- Até amanhã então. - ele diz, piscando em seguida.

Respiro aliviado ao sair da sala dele. Ele não conseguiu conquistar minha confiança, o que só aumenta minha desconfiança para níveis altíssimos.

•••

Meu dia tinha sido exaustivo, me sinto mais cansado que nunca, como se eu tivesse sido atropelado por uma manada de elefantes.

Depois de sair do escritório, ligo pro Lipe pra avisar que eu ia pra casa do Robert, e ele quase fica feliz com minha decisão de perdoa-lo. Mas eu não estou completamente certo disso.

Assim que entro na casa de Robert, ele já vem me abraçando e me beijando em seguida, e porra, como eu senti saudade disso, me entrego completamente ao beijo, ele está carente, e eu? bem, estou muito mais carente que ele.

– Vamos para o quarto? - ele pergunta entre o beijo.

– Desde que não seja o seu. - falo simplesmente, e ele me guia em direção as escadas. Me levando pro quarto de hóspedes, assim que alcançamos nosso objetivo, nos livramos rápida e desesperadamente das roupas.

– Te amo. - ele fala já vindo pra cima de mim, e me empurrando na cama, pressionando seu membro duro em mim.

E puta que o pariu, como ele  duro.

•••

Todo esse tempo sem sexo tinha resultado numa longa e quente noite de amor. Nossa relação está indo bem, e por alguma força divina ele não tem tido crises de ciúmes há algumas semanas.

Meu pai está todos os dias na nossa casa, mas volta para a chácara à noite. Sempre pedimos que ele durma, mas ele não aceita, não querendo incomodar.

Adrian aparece frequentemente no escritório e em uma das conversas deles, que já virou costume, ouço atrás da porta que falam de mim. Ao apertar mais o ouvido na porta para tentar ouvir, falho miseravelmente ao gritar de susto quando Alice cutuca os dedos na minha costela, e acabo desistindo, mas desde então fico com uma pulga atrás da orelha.

Minha mãe me pediu perdão alguns dias atrás, e eu a perdoei, mas não quis voltar a morar com ela, ainda estou magoado, depois que inventaram o perdão ninguém pensa muito no quanto as ações magoam.

O pai de Rob, meu sogro, viajou novamente para a Espanha a negócios e não tem previsão de volta.

•••

É domingo e estou em meu quarto, tentando me levantar da cama quando meu celular toca; é o Lipe. Abro um sorriso sem nem perceber.

– Oi.

– E aí, cara, topa ir ao clube comigo? - ele pergunta animado, e eu me empolgo um pouco até lembrar de algo.

– Não sei não. O Robert é ciumento e estou farto de brigar. - respondo desanimado, sentindo toda a empolgação me abandonar.

– Cara, somos amigos... melhores amigos... Ele não tem que sentir ciúmes da gente, cara. - ele tenta me convencer, e consegue.

– Tudo bem... Me busca às oito em ponto. - falo apontando como se ele pudesse me ver através do celular.

– Estarei aí em ponto... Até... - mal esperei ele falar e encerrei a ligação. Não queria que ele percebesse o quanto estava animado para sair com ele. Levanto e entro no banho.

Ligo várias vezes para o Rob para avisar que vou sair com o Lipe para evitar confusões, mas ele não atende nenhuma das minhas ligações e aquilo já me irrita. Ele é meu namorado e nem sequer sei onde ele está. Acabo desistindo e vou para a cozinha comer algo enquanto o Lipe não chega.

Ouço uma buzina na rua depois de um tempo e sei que é para mim. Corro até o portão, mas paro bruscamente antes de abrir, respiro fundo e saio, fingindo desânimo. Não vou deixar ele perceber o quanto estou animado para o passeio.

– Fiu fiu. - ele fala imitando um assovio assim que entro no carro.

– Cala a boca. - falo rindo.

– Tudo bem. - ele responde, já dando partida no carro, e rumamos para o clube.

Algo me diz que meu dia vai ser cheio.

Doce Vizinho. (ROMANCE GAY)Onde histórias criam vida. Descubra agora