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A festa já está bastante animada, e a mansão que estava vazia poucos minutos atrás já está cheia de pessoas desconhecidas pra mim. Corpos suados se movimentam freneticamente ao meu redor, e até o Fernando já está super empolgado e envolvido numa dança esquisita, que não tem absolutamente nada a ver com o ritmo, na verdade, não tem nada a ver com nada, e eu já tive inúmeras crises de risos a cada vez que ele finge tentar me seduzir com uma expressão hilária no rosto. Fico tão entretido na brincadeira que me assusto ao perceber que já são mais de uma hora da manhã e eu sequer percebi o tempo passar, decido ir ao bar procurar alguma coisa pra beber e espantar a monotonia. 

ººº 

A

pós tomar duas taças de uma bebida escura, que só depois soube ser catuaba, comecei a me sentir um pouco alterado mas bem animado e comecei a dançar com seu Fernando um axé que horrível, detesto axé, mas é o que tem pra dançar, então me entrego na dança. Depois de dançar umas duas músicas horrivelmente parecidas um rapaz se junta a nós numa coreografia tosca e improvisada, não dou muita importância e continuo envolvido na dança.

Quando a música acaba e começa outra eu me viro pra ver quem se juntou a nós e percebo que se trata do mesmo rapaz do início da festa, o que estava de fone cantando, sorrio abertamente pra ele, e continuo dançando sem dar muita importância. Talvez pelo fato de estar um pouco alterado pela bebida, ou não, sinto uma enorme vontade de provocar Robert, pego meu celular no bolso afim de mandar um áudio pra ele com o som da festa, mas sou pego de surpresa ao vê-lo ali sentado não muito longe me encarando, com uma cara de poucos amigos.

Ótimo. - penso e chamo o Fernando, apontando pra Rob com o queixo, pra mostrar que ele chegou, e Fernando não exita e começa a sarrar em mim ao mesmo tempo que começa uma música acelerada parecida com um funk, olho pra Rob e ver sua cara pasma me observando só fez meu sorriso se alargar ainda mais.

É evidente que entre eu e o Sr. Fernando nunca vai haver nada, primeiro porque eu jamais trairia o Rob, e segundo porque ainda que eu me recuse a acreditar e a aceitar, existe a possibilidade de ele ser meu pai. Nosso plano consiste apenas em traze-lo até a festa, e provoca-lo com o Fernando, eu só não esperava que o Fernando fosse começar a sarrar em mim assim, de forma tão descarada, isso é um convite pra uma briga com o Robert mas dane-se, ele não se importou em me magoar com a tal da Rebecca, não vejo problemas em dançar com outro homem, que pode ser meu pai. 

ººº 

Tudo acontece muito rápido, o Fernando é bruscamente arrancado de perto de mim, e antes mesmo que meu cerebro alcolizado pocesse, Robert desfere um soco na cara dele, o derrubando no chão devido ao efeito do álcool que ele bebeu. O rapaz do ínicio da festa, que eu sequer sei o nome tenta inutilmente fazer com que os dois parem de se socar ali no meio do salão e das pessoas que olham perplexas, o Fernando não fica pra trás e começa a desferir socos em Rob, e por ser mais forte não demora nem um minuto para coloca-lo por baixo, e o imobilizar socando ainda mais o rosto do meu namorado que já está sujo de sangue.

- Fernando, para. Por favor. - entro na briga e seguro o pulso de Fernando assim que ele levantou a mão fechada. e mesmo eu não tendo forças suficientes para dete-lo, ele não tenta se soltar, e sem questionar se levanta de cima de Robert e me olha com um olhar profundo de desculpas.

- Eu não consegui me conter, desculpa. - ele fala pra mim, num sussurro.

- Tudo bem. - respondo e estendo a mão pra Rob, que não segura a minha mão, e se levanta sozinho. 

O efeito do álcool passou imediata e milagrosamente quando começou a briga, consigo perceber que ele tá chateado mesmo ele não me olhando nos olhos, talvez eu tenha passado um pouco dos limites na brincadeira, mas não vou dar o braço a torcer, me viro pra ir embora mas ele segura firme meu braço e me puxa pra fora da festa.

- Me solta Robert, eu sei andar. - resmungo ríspido.

- Eu sei que sabe, só estou te guiando pra que você não vá atrás da pessoa errada. - ele responde num tom mais ríspido que o meu.

- CARAMBA, SERÁ QUE DÁ PRA VOCÊ SOLTAR A PORRA DO MEU BRAÇO. - grito com raiva e ele para de me puxar e fica calado me olhando inexpressivo.

- Precisa de ajuda? - o rapaz da festa pergunta aparecendo atrás de nós e Robert volta a andar me levando junto.

- Não precisa, obrigado, é só um namorado ciumento. - respondo num tom de desculpas e ele balança a cabeça num gesto compreensivo, cedo e deixo Robert me levar pra casa.

O caminho todo é silencioso e tenso. Robert segue na frente agora, e parou de me puxar me deixando alguns passos pra trás, mas a alguns metros da casa sinto meus pulsos começarem a doer e dar algumas pontadas de dor por todo o meu braço, que à vários dias não doíam.

Merda, merda, merda. - Eu me esqueci completamente dos medicamentos e bebi álcool, provavelmente por isso meus pulsos doem tanto.

- Rob? - chamo baixo, mas ele continua andando como se não me ouvisse.

- Rob? - insisto, e sinto uma lágrima descer pelo meu rosto, não sei se pela dor, ou por ele estar me ignorando de forma tão dura. 

De repente me sinto estranhamente lúcido e inebriado ao mesmo tempo, começo a ver as cenas da festa e de Rob com aquela vadia, passando todas em minha cabeça, que gira forte e rápido e então tudo se vai, todas as imagens se apagam e minha visão escurece. Sinto meu corpo cair, mas não sinto mais o impacto dele no chão, e a última imagem que eu vejo é Robert indo embora sem me ouvir ou olhar pra mim.

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Pessoal, eu peço mil perdões pela demora, me enrolei todo aqui e acabei deixando o livro de lado. Mas agora eu voltei e espero que gostem.
E gente, sério, muitíssimo obrigado por todo o apoio e carinho de vocês, meu livro cresceu imensamente e isso eu devo a vocês, meus leitores, meus amigos leitores que acreditam nesse livro, eu amo vocês.
Obrigado e logo terá mais capítulos prontinhos pra vocês.
PS: Vou fazer o possível pra responder os comentários de vocês amores, mas farei pouco a pouco.
AMO VOCÊS.

Doce Vizinho. (ROMANCE GAY)Onde histórias criam vida. Descubra agora