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Abro meus olhos num rompante a tempo de ver Justin se levantar e ficar cara a cara com Robert, que não parece nem um pouco disposto a me ouvir, não que tivesse algo que eu pudesse falar. Me sinto confuso, e não consigo encontrar na minha cabeça uma justificativa que explique porque os lábios de outra pessoa me provocou sensações tão intensas quanto os lábios do meu namorado. Eu o amo, e outros lábios não deviam me provocar nenhum sentimento, mas provocou, e eu não sei o que fazer em relação a isso.

- Você não viu? Eu e Christian estávamos nos beijando. E porra, como esse garoto beija be... - antes que Justin termine de falar, Rob avança pra cima dele desferindo um soco em seu nariz, que começa a sangrar.

As pessoas começam a se aproximar de nós, a fim de ver mais de perto o que tá acontecendo, e eu sinto o peso esmagador da vergonha sobre mim, me pressionando, me deixando desconfortável comigo mesmo. Não me sinto bem sendo o centro das atenções, e é exatamente o que está acontecendo agora. Eu sou o centro, sou a diversão dessas pessoas.

- Quando eu quebrar a sua cara, eu quero ver que boca vai sobrar pra você beijar o namorado dos outros, seu filho de uma puta. - meu namorado grita com raiva e começa a bater em Justin.

Não consigo me mover. A cena que se desenrola na minha frente é selvagem, e me deixa paralisado. Fico imóvel assistindo os dois se engalfinhando no chão como dois animais, até que sai uma pessoa da roda e arranca o Robert de cima do Justin, e só então consigo ver a cara machucada dos dois, e Justin foi quem levou a pior.

- Você ficou louco, Robert? - grito em fúria de frente pra ele, que finalmente olha pra mim, quase surpreso.

- EU ESTOU LOUCO? VOCÊ TÁ MESMO PERGUNTANDO SE EU TÔ LOUCO? - ele grita de volta.

- Mas é claro. Olha o que você fez com Justin. Você agiu feito um animal, Robert. - falo apontando o dedo pra ele, que me olha pasmo por alguns segundos. Sinto a raiva emanar dele como ondas de calor, mas não me importo. Toda a vergonha que eu sentia se transformou numa raiva tão grande quanto a dele.

- Você vai ficar do lado desse aí? - ele pergunta com os dentes trincados de raiva.

- Não tem lado nenhum, Robert. Achei que era você me beijando, por isso não empurrei ele eu mesmo. Não sou você que sai beijando qualquer pessoa que aparece na sua frente. - falo firme e o olhando nos olhos, libertando de uma vez as palavras que estavam presas na minha garganta.

- Se acalme Chris. Não vale a pena. - Angel fala se aproximando e passa o braço pelo meu.

- Pensou que fosse eu? Olha.. quer saber, agora eu entendo sua mãe, ela só te expulsou de casa porque não queria um filho que sai por aí beijando qualquer macho que aparece pela frente. - as palavras saem da boca dele e me acertam em cheio como um soco no estômago.

- NÃO FALA ASSIM COM ELE. - Angel grita enfurecida.

Eu respiro fundo e forte assimilando o que ele acabou de me falar, e sem que eu me dê conta minha mão acerta em cheio o rosto de Robert, num tapa forte que joga a cabeça dele pro lado e o faz titubear, quando ele levanta a cabeça e me olha surpreso eu acerto um soco em seu nariz já machucado, e isso o joga no chão.

- CALA A BOCA, ROBERT. CALA ESSA SUA MALDITA BOCA. - meus olhos ardem com as lágrimas, mas eu respiro fundo e completo. - Se você falar comigo assim mais uma vez, eu acabo com você. - abro espaço entre o círculo de pessoas que pararam para assistir a cena e vou pra casa de Fernando.

•••

E somente quando já estou no quarto, o mesmo quarto em que eu acordei após ter dormido no jardim do Fernando, que eu me permito desabar e deixar as lágrimas finalmente rolarem, e junto com elas sinto também toda a dor, as palavras de Rob foram como um tiro na alma, mesmo sabendo que ele está bravo comigo eu jamais pensei que ele fosse capaz de falar palavras tão pesadas comigo, palavras essas que irão ecoar na minha mente por muito tempo.

Doce Vizinho. (ROMANCE GAY)Onde histórias criam vida. Descubra agora