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- Robert está desesperado procurando você - Lipe diz assim que eu entro no apartamento.

- Você disse onde me encontrar? - pergunto receoso que a resposta seja sim.

- Claro que não - ele responde, parecendo ofendido com minha pergunta.

- Então que ele vá atrás da Rebecca, ou que fique louco. Que se dane ele - falo deixando a mágoa escapar na minha voz.

- Você o ama, não é? - ele pergunta, mais como uma afirmação do que uma pergunta.

- Por que você está me perguntando isso, Lipe? - respondo com outra pergunta, o que não é nada educado, mas o que menos me preocupa é ser educado.

- Se não o amasse, não estaria sofrendo por ele - ele fala como se eu fosse tapado por não perceber o óbvio.

- Não estou sofrendo por ele - um nó se forma em minha garganta ao falar essas palavras, a quem eu quero enganar se eu mesmo não acredito nisso.

- Nem você mesmo acredita nessas palavras, estou errado? - ele pergunta, sentando-se ao meu lado. Suspiro antes de responder.

- Não. Mas ele não merece que eu o ame, muito menos que sofra por ele. Mas não consigo ignorar esse turbilhão de sentimentos que lutam dentro de mim. Por um lado, quero odiá-lo, mas por outro, não consigo - desabafo, sentindo como se a tensão presa em mim se emaranhasse nas minhas palavras.

- Posso dar um conselho? - ele pergunta, segurando minha mão.

- Claro, acho que é meio que sua obrigação, já que somos amigos, não é? - falo, arrancando um sorriso dele.

- E como bom amigo que sou, aconselho você a seguir o seu coração. Se você o ama, não ignore isso. Escute o que ele tem para te dizer, e só então tome uma decisão. Hum? - ele fala e eu soco o braço dele, por ele ter razão.

- Vou pensar, tá? - falo, mas já estou com a decisão tomada.

- Okay, mas seja qual for sua decisão, eu vou estar aqui para te apoiar, tá? - ele fala, apertando minha mão em seguida.

- Obrigado - respondo, abraçando-o em seguida.

•••

Eu estou já a alguns minutos parado na porta do escritório. Vou encontrar Alice pela primeira vez depois da festa de Natal, depois da maldita festa. Eu sei que ela não tem culpa diretamente, mas de certa forma tem uma pequena porcentagem de culpa indireta, e eu não sei como agir com ela depois da confissão que ela me fez.

Mas meus pensamentos são interrompidos ao ver o carro de Robert parar na calçada do escritório bem à minha frente. Pensei em correr e me esconder no banheiro, mas as palavras de Lipe entram na minha cabeça novamente. Vou resolver de uma vez essa situação.

- Me perdoa, me perdoa, me perdoa por favor meu amor, me perdoa, eu te amo, por favor, por favor, por favor... - ele vem correndo na minha direção e me abraça enquanto as lágrimas já rolam por seu rosto lindo. Mas eu sequer me movo, fico estático, parado, sentindo o abraço apertado dele, lutando contra a vontade de retribuir o abraço.

- Você acha que merece meu perdão? - pergunto, lutando com todas as minhas forças para me manter firme. Vê-lo ali na minha frente, chorando, frágil, visivelmente abatido, mais magro, mas eu não vou fraquejar. Isso não.

- Eu sei que não mereço, ma... - ele fala desesperadamente, mas o interrompo.

- Então por que você está pedindo para eu te perdoar? - falo frio e ele me olha nos olhos. Ali, encontro o Robert por quem me apaixonei. Ele tem o olhar transparente, consigo decifrar tudo o que ele está sentindo, e por isso desvio o olhar do dele.

- Porque eu te amo. - antes que eu possa impedir, meu pulso voa na direção dele e acerta em cheio um lado de seu rosto.

- Não ouse falar de amor. Eu não sabia que quando se ama alguém deve sair transando com qualquer uma que abra as pernas para ele, não. - tenho certeza que minhas palavras o magoaram, mas não me sinto culpado. Preciso dividir aquela dor com ele, não vou carregar sozinho aquele peso nas costas.

- Eu estava com ciúmes, Alice te beijou, eu vi ela te beijando. - tenta se justificar.

- Deve ter visto também quando eu não correspondi, mas é claro, só enxerga o que te convém, não é? - falo, já sentindo a raiva tomar conta de mim.

- Pois é, me desculpa. - ele fala, já se ajoelhando na minha frente. Reviro os olhos para ele.

- Tudo bem. - falo e me viro para entrar na empresa, mas ele me detém.

- Tudo bem mesmo? - pergunta, parecendo surpreso com minha resposta.

- Sim. - falo e entro no escritório, mas fico olhando através da porta insufilmada até ele entrar no carro e sair.

- Está tudo bem com você? - Alice fala atrás de mim.

Suspiro pesadamente antes de me virar. É hora de encará-la.

- Está tudo bem sim. - minto. Não posso simplesmente acusá-la de acabar com meu namoro, já que quem escolheu me trair foi Robert.

- Sobre o que eu te falei na sua casa? - pergunta, baixando a cabeça.

- Eu não posso corresponder a você, Alice. - falo simplesmente.

- Por que não? - insiste.

- Porque eu tenho um namorado. - respondo com cautela, analisando suas reações, que são de choque.

- Você é gay? - ela pergunta, como se não acreditasse.

- É o que parece, não é? - tento fazer uma piada para quebrar a tensão.

- Tudo bem, amigos então? - ela tenta segurar o choro, mas uma lágrima escapa. E eu a seco. A abraço em seguida.

- Claro que sim. - afago seu cabelo, mas o abraço não dura muito. Acho que ela precisa de um tempo sozinha, e eu também preciso pensar na minha decisão de perdoar Robert.

Doce Vizinho. (ROMANCE GAY)Onde histórias criam vida. Descubra agora