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Dedicado a jonasdossantos4

Acordo ao sentir uma picadinha no braço, é a enfermeira que tá me aplicando uma injeção, que na verdade eu não faço idéia do que é, mas suspeito que é algum antibiótico. Continuo com os olhos fechados, não quero que ela perceba ainda que eu já estou acordado.

- Você precisa acordar garoto, seu amigo está lá fora, ele não saiu daqui em nenhum momento, está desesperado, e agora só depende de você, acordar ou não. - ouço ela falando próximo ao meu ouvido, sinto os passos dela se afastando e depois ouço a porta se abrir e em seguida fechar.

Abro os olhos lentamente assim que a porta bate.

Como assim meu amigo não saiu em nenhum momento, só pode ser Rob, de qualquer forma eu só estou aqui a um dia. Ficaria surpreso se ele tivesse saído.

Levanto os braços e olho meus pulsos, eles estão enfaixados, mas não doem, só doem quando forço.

A porta volta a se abrir e eu volto pra posição que estava e fecho os olhos rapidamente, sinto a pessoa se aproximando da cama lentamente, mas continua em silêncio, ouço uma fungada, quem quer que seja está chorando.

- Chris, meu amor. - fala se debruçando sobre meu peito, é ele, ele está aqui comigo. Sinto vontade de abraça lo e beija lo, e estou a ponto de fazer justamente isso quando ele volta a falar.

- Porque você não acorda? Eu estou aqui esperando por você. - ele chora e eu sinto as lágrimas dele molharem a roupa de hospital que eu estou vestindo.

- Eu preciso de você, eu te amo. - ouvir essas palavras faz meu coração balançar, eu não tenho certeza do que eu sinto exatamente por ele, mas ele parece totalmente seguro do que sente.

Ele me ama? Porque? Nem sou tão interessante. - penso e a porta é aberta novamente.

- Você precisa sair, vamos dar banho nele agora. -  a voz é da mesma enfermeira. Mas ele não se move, sinto o corpo dele intacto encostado ao meu.

- Eu quero ficar. - ele fala e segura minha mão tão devagar que quase seguro eu mesmo a dele.

- Mas você não pode. - ela rebate firme. Ele beija minha testa demoradamente e se afasta.

- Volta logo meu amor, eu vou estar a um grito de distância.

Assim que sinto ele se afastar eu abro os olhos e olho pra ele, não sei exatamente se é real, mas ele parece mais abatido.

- Rob... - chamo com uma voz fraca e baixa, mas alta o suficiente pra que ele ouça.

Ele se vira mais rápido que eu esperava - e olha que minhas espectativas não eram nada baixas - arregala os olhos e depois sorri, ao ver que eu estou com uma mão meio estendida o olhando atentamente.

Ele fica claramente surpreso e até aliviado eu diria, corre de volta pra cama e me abraça meio desajeitado, mas esse abraço traz minhas forças de volta, ele se afasta um pouco os olhos dele estão marejados.

- Finalmente, senti tanto sua falta. - ele fala meio chorando e me dá um leve selinho.

- Você tá muito carente, eu vim pra cá ontem e você já tá assim? - respondo rindo e apertando a bochecha dele, o que me exige um esforço extraordinário.

Por que tanto cansaço? Deve ser os remédios.

- Mas já faz duas semanas que você tá aqui, você estava em coma. - ele responde acariciando meu rosto. E eu sinto meus olhos se arregalarem em choque.

- Duas semanas? - pergunto surpreso - e por que eu não me lembro de nada? - Rob abre a boca pra responder mas a enfermeira chega novamente junto com o médico.

Ela saiu pra chamar ele assim que percebeu que eu acordei, e eu sequer me dei conta.

- É normal você se sentir assim. - o médico fala enquanto checa os aparelhos e coloca mais alguns em meu peito conferindo se está tudo bem comigo.

- É como se você estivesse parado no tempo, o tempo passou pra todos nós, mas pra você é como se tudo fosse ontem. - ele explica.

- Ah sim. - respondo totalmente chocado com isso.

Será que Rob passou essas duas semanas aqui comigo? - penso mas logo o médico volta a falar interrompendo meus pensamentos.

- Se você estiver mais forte, a noite vou assinar sua alta, pra você terminar de se recuperar em casa. - e só então me dou conta que eu não tenho mais casa, não tenho mais onde morar.

- Recomendo que você descanse, sem preocupações, se alimente bem, e em um local tranquilo, vai se recuperar mais rápido. - o médico fala e sai do quarto junto com a enfermeira, Rob em nenhum momento soltou minha mão.

- Não tenho onde morar, e provavelmente também não tenho mais emprego. - falo triste.

- Emprego tem sim, seu chefe te deu um mês livre, e sobre onde morar, eu não vou deixar você na rua, vai morar comigo, já conversei com minha mãe. - ele fala e minha boca se abre em um O, como assim eu vou morar com ele, será que eu tô sonhando?

- Mas sabe onde vamos ficar durante sua recuperação? - ele pergunta empolgado de repente.

- Onde? - pergunto desconfiado.

- Na chácara do meu pai, na praia. - ele fala batendo palmas, parecendo uma criança que ganhou um doce.

- Como assim? Seu pai tem uma chácara na praia? - pergunto surpreso.

- Sim, nós quase nunca vamos pra lá, só na virada do ano, por que meu pai vive viajando. - não deixo de notar uma tristeza na voz dele ao falar sobre as viagens do pai. - vou ligar pra ele hoje e avisar que vou pra lá. - ele afirma seguro de que o pai dele vai autorizar.

- Não mora ninguém nessa chácara não? - pergunto, já com pensamentos maliciosos.

- Só o caseiro, mas ele não mora na casa grande, vai ser só nos dois durante esse tempo. - ele fala com um sorriso sacana no rosto.

- Então eu aceito. - imito o sorriso dele, e ele ri em resposta.

- Vou ligar pro meu pai e arrumar minhas malas mais tarde, mas agora preciso fazer outra coisa. - ele se inclina e me beija, um beijo com saudade, correspondo imediatamente, e sinto meu corpo se eletrizar assim que ele coloca a mão na minha nuca e intensifica o beijo.

- Seus lábios são meu sabor preferido. - falo assim que ele se afasta um pouco, ele ri, e eu o puxo de volta pra outro beijo.

Como eu senti falta desses beijos. - penso e ele morde meu lábio.

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Doce Vizinho. (ROMANCE GAY)Onde histórias criam vida. Descubra agora