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Chris Pov.

Acordo lentamente, e estou novamente ao lado do meu corpo que continua pálido e calmo. Saio do quarto mais uma vez e vou até o quarto onde o Justin está se recuperando, ele tá sentado na cama lendo um livro, de repente para a leitura e abaixa o livro colocando no colo.

- Ele não pode estar em coma, não pode, sou louco por aquele garoto. - fala num sussurro pra si mesmo.

De quem ele está falando? - penso tentando adivinhar, pra fazer meu trabalho de cupido e juntar os dois.

- Ele não pode morrer, salvei a vida dele duas vezes, mas agora não posso fazer nada meu Deus. Não deixe ele morrer, por favor. - ele pede olhando pra cima, e só então me dou conta de que ele tá falando de mim. Oh meu Deus, eu estou em coma, por isso meu corpo tá inerte naquela cama, e por isso as pessoas não conseguem me ver. Não estou aqui de verdade, estou numa espécie de transe.

- Ele é louco por mim? Mas eu nunca vou poder corresponde-lo. - falo comigo mesmo já que ninguém pode me ouvir. E nesse caso, ainda bem que não podem.

Me sento lentamente na beirada da cama dele, mas a cama sequer afunda ao meu redor, e coloco minha mão sobre a perna dele.

- Obrigado Justin, eu sei que você não pode me ouvir nem me ver, mas talvez eu não volte pra te agradecer, então obrigado por tudo. - falo e sinto o peso das minhas palavras me esmagarem, sinto uma lágrima solitária descer lentamente pelo meu rosto, me levanto e saio do quarto dele ao mesmo tempo que um enfermeiro abre a porta e entra, e volto pro meu quarto.

Já são 13:37h quando alguém entra no meu quarto, Angel, Anna, Amy e Mike, eles vieram me ver, pulo da cama pra abraça los, mas me lembro que sou "invisível," dou a volta neles e paro junto a vidraça em forma de janela que tem no meu quarto pra entrada de luz, e então eu o vejo.

Rob com a testa colada no vidro e as mãos abertas como se quisesse empurrar a vidraça, faço o mesmo gesto que ele e ficamos frente a frente, sinto as lágrimas voltarem com força.

- Chris, você precisa voltar, acorda por favor, você ainda tem uma familia, nós somos sua familia agora. - Angel fala e todos concordam, Amy é a única que não está chorando, mas tá visivelmente abalada.

- Nós te amamos, se você morrer, o que vai ser de mim? - Anna fala se debulhando em lágrimas e me abraça. O meu corpo na cama.

Preciso voltar, não sei como. - penso olhando pra eles.

°°°

Horas após eles terem ido embora, eu tô novamente sozinho no quarto, chorando, é inevitável pensar no que minha mãe me disse. Apesar de pensar que poderia aliviar, a dor causada pelos cortes não foi nem de perto o suficiente pra ofuscar a dor sentimental. Não funciona, quando a gente é magoado, nos quebramos emocionalmente e a única forma de conseguir nos reerguer. É sentir toda a dor, chorar todas as lágrimas, pra depois começar a seguir em frente. Sei disso agora, mas talvez seja tarde demais pra mim.

Rob Pov.

Depois de ficar quase uma hora em frente ao vidro do quarto de Christian eu volto pra sala de espera e me deito num banco frio de cerâmica, a recepcionista reclama comigo, mas eu a ignoro, me sinto exausto, mas não vou deixar ele aqui sozinho. Quando ele acordar, eu preciso estar aqui pra ele.

- Onde ele está? - acordo com alguém me sacudindo e gritando comigo.

- Fale baixo senhora, isso aqui é um hospital. - a recepcionista chama a atenção da mulher. Abro os olhos com sono, mas logo estou totalmente desperto ao ver quem está me sacudindo e gritando.

- O que a senhora tá fazendo aqui? - não posso acreditar que ela é tão cara de pau a ponto de aparecer aqui no hospital depois de tudo.

- Não te devo satisfação de nada garoto, como ele está? - ela pergunta ríspida.

- Está em coma, por sua culpa, está satisfeita por seu filho estar morrendo? - os olhos dela lacrimejam e ela sai sem dizer nada. - POR SUA CULPA ELE ESTÁ MORRENDO, ESPERO QUE ESTEJA SATISFEITA. - grito pra ela, que para e escuta sem se virar depois sai apressada.

Se ele morrer eu juro que transformo sua vida num inferno. - prometo a mim mesmo, e seco as lágrimas que descem pelo meu rosto. Preciso ser forte.

Já se passaram duas semanas na mesma rotina, eu vou em casa e durmo, volto pro hospital, volto pra casa, depois pro hospital de novo.

Justin já se recuperou e recebeu alta, apesar disso todo dia ele vem pra ficar com Christian a noite, apesar de não gostar da idéia, eu não posso nem pensar em impedi-lo, depois do que ele fez por Chris.

°°°

Christian continua no mesmo estado, já são 23:45h quando decido ir pra casa, mas antes vou ao quarto de Chris como todas as noites e lhe dou um beijo na testa.

- Te amo, acorda logo por favor. Sinto sua falta. - falo baixinho ao afastar os lábios dele, percebo que ele não está mais tão pálido.

Chris Pov.

Abro meus olhos de repente, e tá tudo escuro ao meu redor, tento me levantar mas sinto como se meu corpo estivesse preso em uma bigorna gigante, percebo que finalmente eu acordei de verdade.

Faço um esforço pra me lembrar o que aconteceu ontem quando minha mãe me expulsou, mas só me lembro de Rob me segurando, e depois branco. Não me lembro de mais nada.

Será que minha mãe sabe o que aconteceu depois que ela me colocou pra fora de casa ontem? Será que Rob está fora me esperando. - minha cabeça doi mais forte e sou vencido pelo cansaço.

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Doce Vizinho. (ROMANCE GAY)Onde histórias criam vida. Descubra agora