3- Apenas fraqueza

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-Desculpa, mas preciso desta informação para fazer o exame clínico. - o médico "pra frente" diz e quando olho para o presidente da empresa, percebendo suas sobrancelhas enrugadas, mostrando curiosidade ou duvida. Não sei!

-Não, não há nenhuma possibilidade. - respondo meio ríspida, por receber essa pergunta em frente ao meu futuro chefe.

-Tem certeza? Isso é um dos sintomas de gravidez. - pergunta sendo inconveniente.

Que ódio! Deve está querendo mostrar trabalho paro o chefe. Afs!

-Como eu disse antes, não há nenhuma possibilidade disso ser um fato. - respondo e ele percebe minha hostilidade na voz.

-Desculpe! Coma alguma coisa e se não melhorar deverá ir ao hospital. – ele diz recuando com sua maletinha de couro e faz uma saudação ao senhor Blake antes de sair.

     O inconveniente doutor Marcos sai, dando lugar para Alice, que entra carregando a bandeja com o café da manhã pedido. Ela coloca a bandeja numa mesinha a minha frente, com o tampo de vidro e ele me olha, insinuando que eu coma, enquanto Alice sai da sala.

-Obrigada! – agradeço e olho para a bandeja que está cheia de gordices deliciosas.

    Pego um pedaço de bolo e uma xícara de capuccino, comendo com prazer. Estou realmente com muita fome e involuntariamente fecho os olhos ao saborear as delicias de combinações.

-Hummmm. – deixo escapulir um gemido, sentindo o pedaço de bolo de cenoura derreter em minha boca, mas ao abrir meus olhos, o vejo me olhando abismado.

-O que foi? – pergunto sem jeito, com receio de ter feito alguma besteira.

-Não estou acostumado com pessoas que comem sem frescuras. – fala ainda me encarando e vejo que foi sincero.

-Isso é verdade! Não tenho frescuras nenhuma quando o assunto é comida. –falo e sorrio lembrando da minha mãe, que me ensinou que ser educada não é ter frescuras. Mas meu sorriso se fecha assim que lembro do estado em que ela se encontra.

-Desculpa, não quero incomodar, mas preciso ir. Muito obrigada por tudo e também pela chance de poder trabalhar aqui. – falo já me levantando.

-Passe no RH com os documentos ainda hoje. –  fala voltando com seu jeito frio,  enquanto me olha, sem entender o que aconteceu.

-Sim, senhor!

     Concordo e saio em direção ao RH da empresa, acerto tudo e vou feliz para o elevador, já ligando pra minha amiga que deve está ansiosa por uma resposta.

-Fala logo, porra! Conseguiu? -Juliana Fala logo que atende, me fazendo dar uma gargalhada e ela grita comigo mandando eu falar, senão ela vem pessoalmente me torturar.

-Passei na entrevista, Ju. Estou feliz demais, começo na segunda. - dou a notícia estonteante de felicidade.

-Uhuuuuuuu!!! Ai amiga, estou tão feliz por você, é a realização de um sonho. -Ela fala e sinto que se emociona com a minha conquista.

-É sim, amiga! A realização de um sonho e o começo de um tratamento melhor pra minha mãe. – falo já sentindo lagrimas escorrerem por meu rosto, por lembrar que vou poder melhorar seu tratamento.

    Sou do Texas e morávamos minha mãe e eu sozinhas, numa cidadezinha bem pequena, numa casa que minha avó paterna deixou pra meu pai antes de falecer. Meus pais trabalhavam na roça, enquanto eu só estudada e ajudava em casa, mas assim que fiz 10 anos meu pai sofreu um acidente com o trator, não sobrevivendo. Foi difícil superar, mas tínhamos que seguir em frente.

   Terminei meus estudos e entrei pra faculdade pública, numa cidadezinha que fica umas duas horas de distância de casa. Eu estava bem feliz, pois assim eu iria dar uma vida melhor pra minha mãe e foi lá que conheci a Juliana. Trabalhava de dia e estudava de noite com a intenção de tirar minha mãe daquela luta diária que era a lavoura.

    Mas foi aí que minha vida teve uma reviravolta, tirando o chão debaixo dos meus pés. Minha mãe me contou que devido aos anos de exposição aos agrotóxicos, seu pulmão tinha uma massa grande e após a biópsia, descobrimos que estava com câncer.

    Chorei tanto por saber que ela fazia tudo por mim, que sou filha única e na hora que ela mais precisava, eu não podia ajudar. Pensando nisso, fiz o que achava ser o certo na época, mesmo que essa decisão estivesse me rasgando por dentro.

    Decidi ir pra uma faculdade em nova York e apesar de eu saber que é bem longe, eu tinha uma meta: dar o melhor tratamento pra minha mãe, cursando uma ótima universidade. Quando falei pra Juliana sobre meus planos, ela se ofereceu pra vir comigo e dividirmos uma quitinete. E foi isso o que eu fiz!

     Minha tia, irmã da minha mãe, foi morar com ela e eu vim pra nova York. Consegui minha aceitação na nova instituição, mas o dinheiro que eu tinha juntado era o suficiente para apenas um mês de aluguel e comida, já que eu vim com a cara e a coragem. Juliana também tinha mais ou menos o mesmo tanto, ficando para ela a missão de pagar o mês seguinte.

     Chegamos aqui ainda nos sentindo perdidas e no mesmo dia fomos procurar qualquer emprego honesto que fosse para nos manter. Eu consegui o de babá em tempo integral e isso me rendeu um bom salário, até mais do que eu esperava, com uma família rica. Já a Ju conseguiu em um bar local muito bem frequentado e esses empregos foram o suficiente para o nosso começo de vida. Sem luxo, claro!

    Todos os meses eu tenho tirado o suficiente para me manter e o resto vai para os exames ou internações da minha mãe. Isso já faz quase 5 anos e ela continua na luta. O câncer entra em remissão, porém sempre volta.

   Me dói tanto pensar nisso, mas continuo na luta diária para conseguir ajudá-la financeiramente e sempre que podemos, nós vamos ao Texas visitar nossas famílias.

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Meninaas como estou me saindo no primeiro livro?

votem se gostarem.. bjim!

O amor curaOnde histórias criam vida. Descubra agora