-Desculpa, mas preciso desta informação para fazer o exame clínico. - o médico "pra frente" diz e quando olho para o presidente da empresa, percebendo suas sobrancelhas enrugadas, mostrando curiosidade ou duvida. Não sei!-Não, não há nenhuma possibilidade. - respondo meio ríspida, por receber essa pergunta em frente ao meu futuro chefe.
-Tem certeza? Isso é um dos sintomas de gravidez. - pergunta sendo inconveniente.
Que ódio! Deve está querendo mostrar trabalho paro o chefe. Afs!
-Como eu disse antes, não há nenhuma possibilidade disso ser um fato. - respondo e ele percebe minha hostilidade na voz.
-Desculpe! Coma alguma coisa e se não melhorar deverá ir ao hospital. – ele diz recuando com sua maletinha de couro e faz uma saudação ao senhor Blake antes de sair.
O inconveniente doutor Marcos sai, dando lugar para Alice, que entra carregando a bandeja com o café da manhã pedido. Ela coloca a bandeja numa mesinha a minha frente, com o tampo de vidro e ele me olha, insinuando que eu coma, enquanto Alice sai da sala.
-Obrigada! – agradeço e olho para a bandeja que está cheia de gordices deliciosas.
Pego um pedaço de bolo e uma xícara de capuccino, comendo com prazer. Estou realmente com muita fome e involuntariamente fecho os olhos ao saborear as delicias de combinações.
-Hummmm. – deixo escapulir um gemido, sentindo o pedaço de bolo de cenoura derreter em minha boca, mas ao abrir meus olhos, o vejo me olhando abismado.
-O que foi? – pergunto sem jeito, com receio de ter feito alguma besteira.
-Não estou acostumado com pessoas que comem sem frescuras. – fala ainda me encarando e vejo que foi sincero.
-Isso é verdade! Não tenho frescuras nenhuma quando o assunto é comida. –falo e sorrio lembrando da minha mãe, que me ensinou que ser educada não é ter frescuras. Mas meu sorriso se fecha assim que lembro do estado em que ela se encontra.
-Desculpa, não quero incomodar, mas preciso ir. Muito obrigada por tudo e também pela chance de poder trabalhar aqui. – falo já me levantando.
-Passe no RH com os documentos ainda hoje. – fala voltando com seu jeito frio, enquanto me olha, sem entender o que aconteceu.
-Sim, senhor!
Concordo e saio em direção ao RH da empresa, acerto tudo e vou feliz para o elevador, já ligando pra minha amiga que deve está ansiosa por uma resposta.
-Fala logo, porra! Conseguiu? -Juliana Fala logo que atende, me fazendo dar uma gargalhada e ela grita comigo mandando eu falar, senão ela vem pessoalmente me torturar.
-Passei na entrevista, Ju. Estou feliz demais, começo na segunda. - dou a notícia estonteante de felicidade.
-Uhuuuuuuu!!! Ai amiga, estou tão feliz por você, é a realização de um sonho. -Ela fala e sinto que se emociona com a minha conquista.
-É sim, amiga! A realização de um sonho e o começo de um tratamento melhor pra minha mãe. – falo já sentindo lagrimas escorrerem por meu rosto, por lembrar que vou poder melhorar seu tratamento.
Sou do Texas e morávamos minha mãe e eu sozinhas, numa cidadezinha bem pequena, numa casa que minha avó paterna deixou pra meu pai antes de falecer. Meus pais trabalhavam na roça, enquanto eu só estudada e ajudava em casa, mas assim que fiz 10 anos meu pai sofreu um acidente com o trator, não sobrevivendo. Foi difícil superar, mas tínhamos que seguir em frente.
Terminei meus estudos e entrei pra faculdade pública, numa cidadezinha que fica umas duas horas de distância de casa. Eu estava bem feliz, pois assim eu iria dar uma vida melhor pra minha mãe e foi lá que conheci a Juliana. Trabalhava de dia e estudava de noite com a intenção de tirar minha mãe daquela luta diária que era a lavoura.
Mas foi aí que minha vida teve uma reviravolta, tirando o chão debaixo dos meus pés. Minha mãe me contou que devido aos anos de exposição aos agrotóxicos, seu pulmão tinha uma massa grande e após a biópsia, descobrimos que estava com câncer.
Chorei tanto por saber que ela fazia tudo por mim, que sou filha única e na hora que ela mais precisava, eu não podia ajudar. Pensando nisso, fiz o que achava ser o certo na época, mesmo que essa decisão estivesse me rasgando por dentro.
Decidi ir pra uma faculdade em nova York e apesar de eu saber que é bem longe, eu tinha uma meta: dar o melhor tratamento pra minha mãe, cursando uma ótima universidade. Quando falei pra Juliana sobre meus planos, ela se ofereceu pra vir comigo e dividirmos uma quitinete. E foi isso o que eu fiz!
Minha tia, irmã da minha mãe, foi morar com ela e eu vim pra nova York. Consegui minha aceitação na nova instituição, mas o dinheiro que eu tinha juntado era o suficiente para apenas um mês de aluguel e comida, já que eu vim com a cara e a coragem. Juliana também tinha mais ou menos o mesmo tanto, ficando para ela a missão de pagar o mês seguinte.
Chegamos aqui ainda nos sentindo perdidas e no mesmo dia fomos procurar qualquer emprego honesto que fosse para nos manter. Eu consegui o de babá em tempo integral e isso me rendeu um bom salário, até mais do que eu esperava, com uma família rica. Já a Ju conseguiu em um bar local muito bem frequentado e esses empregos foram o suficiente para o nosso começo de vida. Sem luxo, claro!
Todos os meses eu tenho tirado o suficiente para me manter e o resto vai para os exames ou internações da minha mãe. Isso já faz quase 5 anos e ela continua na luta. O câncer entra em remissão, porém sempre volta.
Me dói tanto pensar nisso, mas continuo na luta diária para conseguir ajudá-la financeiramente e sempre que podemos, nós vamos ao Texas visitar nossas famílias.
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Meninaas como estou me saindo no primeiro livro?
votem se gostarem.. bjim!
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O amor cura
Romance*Atenção! Contém palavras de baixo calão, alem de sexo explícito! Focada em salvar sua mãe de um câncer, Lara Boldrini de 24 anos se vê sem tempo para aproveitar sua idade, assim com para o amor. Ela decide ir para Nova Iorque tentar a sorte e a...