11- Quer ser minha mãe?

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Ele passa o nariz no dela de forma carinhosa, como se essa atitude fosse algo rotineiro entre os dois e ela ri. É lindo esse momento. 

-Papai, hoje o senhor teve impevisto de novo?  - pergunta e depois olha para ver a pessoa que está atras do pai dela, me vendo parada, enquanto os olha. 

-Quem é ela, papai? –  pergunta levantando as sobrancelhas, repetindo o mesmo gesto que o pai, quando está curioso

-É uma amiga que eu trouxe pra brincar com você. Gostaria de conhecê-la? –  pergunta a fazendo ficar visivelmente alegre. 

-Simmmmmm. – ela grita batendo palminhas e nós rimos da situação.

-Vou te apresentar a ela. –  diz a descendo de seu colo, pegando em sua mão e trazendo em minha direção.

-Anne, essa é a Lara e ela será sua nova amiga. - ele faz a apresentação, com sua filha se posicionando a minha frente.

-Ei Anne, tudo bem? – digo estendo a mão para cumprimentá-la, mas pra minha surpresa, ela abraça minhas pernas.

-Ei Lara pode me chamar de aninha, é verdade que você vai ser minha amiga? – ela pergunta e eu a pego em meu colo para um carinho.

-Só se você quiser. – respondo a vendo abrir um lindo sorriso. 

-E do papai também? Ele não tem amigos na rua, só em casa, tia Lara. – ela fala e agora é a vez dele ficar vermelho.

-Nós já somos amigos, aninha. – falo a colocando no chão e ela olha espantada.

- Namorados também? –  pergunta agora, me  deixando espantada.

-Aninha! – Antony a repreendi, que ela vê onde errou

-Que foi papai? O papai da Jade ta namorando a amiga dele. – fala sem malicia alguma e ele me olha surpreso, tentando disfarçar a vergonha estampada em sua cara.

-Não filha, a Lara não é minha namorada, ela é nossa amiga. –  esclarece.

-O papai da jade disse que a namorada dele, agora é a segunda mamãe da Jade. – fala parecendo esperançosa ou confusa. Não sei!

E agora Antony, quero ver você sair dessa.

-Filha, a Lara é nossa amiga. Minha e sua. – ele fala colocando um ponto final na conversa totalmente estranha.

-Então posso brincar com a tia Lara? –  pergunta sorrindo.

-O que você acha de eu te ajudar no banho e depois ler uma historia de princesa pra você? – pergunto a ela antes do Antony responder.

    Ela ouve minha sugestão, depois olha pro pai como se pedisse autorização, que assenti com a cabeça.

-Eu ia gostar muito, tia Lara. –  fala e demonstra uma felicidade contagiante.

A levo para seu quarto de mãos dadas, enquanto ela dá pulinhos e canta a musica do filme Frozem. Seu quarto lilas, cheio de brinquedos e moveis modulados fica ao lado do quarto onde vejo o Antony entrar.

-Não vai entrar comigo na banheira, tia?- pergunta brincando com a espuma da água.

-Se eu entrar aí, vou derrubar a água toda e afogar as formiguinhas. - respondo brincalhona e a vejo achar graça.

   Fico com ela durante o banho, enquanto falamos algumas bobeira do dia a dia, onde por diversas veze deixo escapulir uma alta risada. Como é bom trabalhar com essa idade. As crianças que eu era babá, que comecei quando a mais nova estava com 2 anos, cresceram e essas conversas engraçadas se acabaram.

   Descemos após vesti-la e ajudar com seu pijama, jantamos juntas na mesa de jantar e o Antony nos deu a privacidade que pedi.  Achei que seria  melhor, já que ela não tava acostumada a mim, assim seria bom para ganhar a confiança dela.

Já no quarto, enquanto eu conto a historia da Cinderela ela me olha atenta.

-"Cinderela e o príncipe dançaram a noite inteira até que o relógio do castelo começou a tocar as doze badaladas. Cinderela ao ouvir o relógio, fugiu correndo pela escadaria que levava até aos jardins, mas no caminho, deixou ficar um dos seus sapatos de cristal. - leio a historia fazendo as vozes que todas as crianças gostam de ouvir.

-Tia, eu ia gostar muito se você fosse minha mamãe. – paro de ler assim que ouço a frase vindo da boca da Aninha e travo na hora de responder. Respiro fundo, vendo que aguarda ainda me aguarda falar.

-Meu amor, a tia pode ser a amiga que você mais ama? Por que a partir de hoje você vai ser a amiga que eu mais vou amar. Pode ser? – ela levanta de sua cama e me dá um "forte" abraço.

Com os sentimentos aflorados dentro desse quarto, lembro da minha mãe e de como ela cuidava de mim, de estar nos braços dela. Sinto o amor latente por minha mãe, que é incondicional e a tristeza de saber que essa criança não teve a mesma oportunidade. Não consigo impedir algumas lagrimas de fazerem seus percursos até minha boca.

-Não chora tia Lara, eu vou ser sua amiga, não precisa chorar. – ainda com lagrima nos olhos eu rio.

-Gatinha, eu não sei como vai ser, mas se depender de mim, eu não saio nunca mais da sua vida. Vou ser a sua melhor amiga, quero estar junto em muitos momentos seu. O que acha? - pergunto com ela em meus braços.

Acho que vou gostar muito, tia. - responde e sinto que está feliz, mesmo ela não sabendo o certo o significado das minhas palavras. 

    Sentada na lateral de sua cama, a arrumo debaixo das cobertas decidindo cantar uma musica. A mesma que cresci ouvindo por minha mãe. Canto baixinho, somente para nós duas ouvir e aos poucos seus olhos vão se fechando e o sono a tomando posse. Sinto o mesmo perfume que senti na empresas invadir o quarto e entrar em minhas narinas, me fazendo olhar rapidamente para trás.

    Vejo o Antony escorado na porta, observando tudo. Dou um beijo de boa noite na Aninha e saio passando ao lado dele, que entra no quarto para o que imagino que seja para beijar a filha.  Dou boa noite a Carla e vou embora. Não quero olhar para ele depois do que pode ter ouvido. Ficaria morta de vergonha. 

    Pego um táxi na esquina da casa dele e sigo rumo a "minha casa", que na verdade é um kitinete.  Conto tudo para Juliana após o banho, deitada em nossa cama, numa de nossas diversas conversas. Fico pensando em tudo o que aconteceu, com o cansaço me pegando

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Ei meninas ... o que estão achando? 

O amor curaOnde histórias criam vida. Descubra agora