DÉBORA
Meu coração estava........ Bom, eu não sei como o meu coração estava. Não sei explicar que sentimento ruim é esse dentro de mim. Na minha boca vinha um gosto ruim como se a qualquer momento eu pudesse vomitar. As lágrimas fujonas estavam rolando sem eu conseguir reter ou conter. Eu só sei descrever que um filme está passando na minha mente e que tudo que eu quero é que seja, só uma brincadeira.
— Não brinca assim comigo Marcos — minha voz saiu baixa. Sorri sem humor.
— Débora eu sinto muito. — Marcos abaixou a cabeça. Olhei pra Filipe que suspirou fundo, passou a mão pelos olhos, levantou a cabeça e olhando no fundo dos meus olhos suas lágrimas começaram a rolar e ele não falou nada. Arregalei os olhos e gritei:
— NÃO, NÃO, NÃO, NÃO, NÃO!!!!!!!! — Eu estava gritando com todas as minhas forças. Minha falta de ar misturada com cansaço, e a vontade de vomitar me veio e eu não consigui me segurar mais em pé. Meu corpo foi desfalecendo, só vi o vulto do Filipe caindo junto ao meu. Suas mãos me seguraram forte como se minha vida dependesse dele.
— meu amor você tem que ficar bem pelo Guilherme. — ele estava com a voz nervosa e embargada.
— Fala que é mentira! Diz pra mim que você tá brincando? — segurei o rosto dele com minhas duas mãos trêmulas. Ele fechou os olhos e as lágrimas desceram como uma chuva que vem aos poucos e vai criando força.
— Desculpa. — disse como se a culpa fosse Dele.
— MEUS PAIS NÃO. — Gritei. — MEUS PAIS NÃO!!!!!!!! — Minha garganta estava ardendo.
— Eu estou com você aqui, agora. — disse cauteloso. Me abraçou pondo minha cabeça no peito dele.
— como que aconteceu tudo isso? — meu cérebro ainda não tinha conseguido digerir a idéia. A ficha ainda não caiu. E será que um dia vai cair?
— Quando eles estavam voltando o avião deles teve uma pani, o piloto não teve mais poder sobre o sistema e o avião foi despencando.
— Meus pais não mereciam isso. — disse em prantos. — MEUS PAIS NÃO. — gritei. Filipe me abraçou sem pressa, afagou meus cabelos e eu fiquei chorando no ombro dele. — Meus pai, amor. Meus pais. Meus pais.
[…]Acordei pela manhã com o sol me dando bom dia. Meu humor estava caído o que não podia ser diferente. Eu ainda não acredito que eu não vou mais ver meus pais. Começei a chorar em silêncio. Olhei pro lado e Filipe já tinha saído pra trabalhar e eu nessa rotina de acordar comer e dormir. Pensei que isso era vida, mais vida mesmo é poder ser aconchegada de amor. E o do meus pais eu não vou ter mais.
Levantei da cama e liguei o som em músicas sertanejas deprimentes. Sim, sertanejas.
E Deus aonde fica nessa história? Não sei, em mim é que Ele não está mais.
Buscar a presença dele pra poder sentir o consolo do Espírito Santo? Cadê Ele quando deixou meus pais morrerem naquele acidente, sabendo que eu ficaria sozinha?
Botei no último volume e entrei no banho. A água morna caíndo pelo meu corpo ajudando a minha costas latejando de todo dia a amenizar a dor, os pensamentos à mil, lembranças, e mais lembranças dos meus pais e a dor rasgando meu peito, a ficha que não caiu, minha cabeça um turbilhão. As lágrimas lavando minha alma.
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A FILHA DO PASTOR
SpiritualDébora, uma jovem cristã de 17 anos resolve fazer escolhas contrária da palavra de Deus. Sua consequência é casar-se com um cara sem o ama-ló e ter sua vida arruinada por uma antiga namorada de seu marido.