O carnaval finalmente tinha terminado. E à medida que Marjorie arrumava suas coisas na mala, mais objetos apareciam. Sempre havia um item que ela gostava e pensava que iria se arrepender se não o levasse, mesmo sabendo que poderia voltar para buscá-lo depois.
— Vamos, filha! — chamou sua mãe, já buzinando no carro.
Ela colocou o que restava no banco de trás e, ao sentar no assento do passageiro, lembrou-se de algo.
— Espera, mãe, o violão!
— Falei tanto sobre esse violão para você, mas não tem jeito.
Ela abriu a porta e saiu correndo.
— É rapidinho. — encontrou seu violão no canto da sala.
— Se perdermos esse voo, seu pai vai achar que fiz de propósito.
— Ele não vai pensar isso, e nós não vamos perder o voo.
Sua mãe pisou no acelerador em direção ao aeroporto. Ao chegarem, as duas começaram a tirar as malas do carro.
— Quanta coisa você trouxe, Mar.
— Não são coisas inúteis. E ainda deixei algumas, mas eu volto em um fim de semana para buscar.
Sua mãe sorriu, porém, não estava contente com aquela situação. Queria ficar perto de sua única filha.
— Prometa-me que vai me ligar. Sempre que precisar, mesmo que seja só para contar que tirou uma nota boa, ou para falar das garotas chatas da sua turma.
Marjorie sorriu. Adorava conversar sobre a escola com sua mãe. Faria o possível para manter a rotina.
— Como sabe que vai ter garotas chatas?
— Sempre tem. — ela deu uma psicadela.
— Prometo que vou ligar com frequência.
Minutos depois, estavam na entrada do embarque.
— Me ligue quando chegar.
— Tá. Eu te amo, mãe. — ela a abraçou e demorou mais do que o normal para se afastar.
— Não se esqueça de mim. Eu te amo.
Dificilmente ela teria se esquecido. Estava feliz por mudar de estado, por ir morar com o pai. Mas não estava satisfeita. Ela começou a se afastar da mãe até que não fosse mais possível vê-la. Desde que seus pais se separaram, meses atrás, as coisas estavam confusas para ela. Tudo parecia perfeito, e de repente, não estava mais. Ou talvez nunca estivesse realmente, e ela nunca percebeu.
Agora, enquanto observava tudo ficar pequeno da janela do avião, ela tentava mais uma vez descobrir o que fez seus pais se separarem.
O Recife era muito diferente de Maranhão, na opinião de Marjorie. Logo ficou encantada com o mar e os prédios, e logo que viu o Recife Antigo, com seus prédios antigos, fez uma nota mental de que pediria ao seu pai para levá-la lá algum dia.
Quando desembarcou, ficou logo ansiosa para encontrar o pai. Não demorou muito para vê-lo e ir ao seu encontro.
— Oi, querida. — ele se inclinou para abraçar a filha.
— Oi, pai. Estava com saudades.
— Eu também. Então, como foi a viagem? Está enjoada, com fome...?
— Não, estou bem. Ansiosa para ver meu novo quarto.
Ele soltou uma risada, e as pequenas rugas que ela havia herdado dele apareceram claramente. Eles caminharam para pegar as bagagens.
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Garotas e Segredos
Teen FictionA vida de quatro garotas se cruzam e elas possuem algo em comum: são alvos de Angelina, uma garota que adora fazer jogos e criar rivalidade. Para o azar delas, uma noite revira tudo de cabeça para baixo e uma série de acontecimentos estranhos começa...