Marjorie encontrou a escola em uma completa solidão. Poucas turmas tinham aula à tarde, e então os corredores do colégio estavam vazios.
Ela havia se inscrito para as aulas de inglês, e se passasse no teste no fim do ano, teria uma viagem de seis meses fora do país. Quem sabe Minnesota, ou Montreal? Não importava qual seria o lugar, seria uma grande experiência para ela, já que ainda não sabia o que queria fazer.
Seguir psicologia ou jornalismo, profissões dos seus pais, ela já sabia que não queria. A música, ela amava, e adorava fazer os seus pequenos shows no antigo colégio, mas sabia que não seria sua profissão.
Mas quem se importa agora?
Quando encontrou a sala se deparou com o local vazio. Havia sido a primeira a chegar no primeiro dia de aula. Ótimo.
Sentou-se e colocou sua playlist de clássicos no Spotify, tirando seus fones da mochila.
Depois do que pareceu ser dez minutos, alguém adentra e ela dá de cara com Dante.
"Era só o que faltava." Ela pensou, bufando.
O garoto não deu um pio e sentou na última cadeira da sala.
Depois de umas três músicas, ela sentiu alguém puxar um de seus fones. Era ele, claro.
— Acho que você está na sala errada.
— Ah, é? E como você sabe disso? — ela disse, grosseiramente.
— Porque essa é sala para provas de recuperação.
Marjorie solta uma risada.
— E como você sabe que não estou aqui para isso também?
Ele pigarreou e olhou para apostila de inglês que ela havia posto na carteira.
Ela pausa a música, se levanta e pega as suas coisas. Mas, quando empurra a porta para sair, ela não abre.
— Você tá de brincadeira, né?
Ele, que tava lendo uma revista que havia encontrado debaixo de uma carteira, a encara sem levantar a cabeça, arqueando uma sobrancelha.
— Hum?
— Abre a porta.
— Você já tá tão perto, acho que pode fazer isso. — Ele disse, tentando soar delicado, mesmo dizendo o óbvio.
— Ela não está abrindo, porque você a trancou.
— Olha, eu sei que não sou a pessoa que você mais adora na face da terra neste momento, mas isso não significa que faço tudo de ruim que acontece na sua vida. — Ele se levanta e vai até a porta.
Ele força a maçaneta várias vezes, mas não consegue abrir. Dante tenta recuperar o fôlego do esforço que fez.
— Eu não acredito! Estou perdendo a aula.
Ela se encosta na parede ao lado do quadro branco e coloca as mãos no rosto.
— Acho que está emperrada.
— Tudo o que você queria, não é? — Sua voz afina quando grita.
Dante se vira e anda até ela, que se afasta dando passos para trás.
— Tem medo de mim?
— Não se tem medo de gente covarde.
Aquilo doeu profundamente no coração de Dante, mas ele não deixou transparecer.
— Não vai me perdoar mesmo? Eu não sou daquele jeito que você viu na festa.
— Ah, não? Então é de qual jeito? Por que fez o que a Angelina mandou?
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Garotas e Segredos
Teen FictionA vida de quatro garotas se cruzam e elas possuem algo em comum: são alvos de Angelina, uma garota que adora fazer jogos e criar rivalidade. Para o azar delas, uma noite revira tudo de cabeça para baixo e uma série de acontecimentos estranhos começa...