Capítulo 14: Quatro boas garotas é igual à garota má desaparecida

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Como de costume, Celina foi direto ao seu armário quando chegou na escola, na segunda.

Marjorie mandou uma mensagem dizendo que chegaria atrasada, alegando que perdeu a hora simplesmente por ser segunda.

Como seu horário é mais puxado, achou melhor não esperá-la.

Quando fechou a porta do seu armário, deu de cara com Heitor encostado no armário ao lado, que estava com um semblante nada simpático.

— Oi. — ela diz pondo as mãos nas alças da sua mochila. — Depois da aula, vamos nos reunir para definir os dias de estudo, passei o domingo inteiro montando o cronog...

— Celi. — ele diz, e solta os braços que antes estavam cruzados.

— Hum?

— Eu sinto muito. Mesmo.

Celina franziu rapidamente a testa, sem entender nenhuma palavra do que ele dizia.

— Eu sei que parece estranho porque vocês não eram amigas, nem um pouco, na verdade, mas, mesmo assim, as pessoas não vão ser muito justas e... — ele se embola e fica mais difícil de entender. — eu só queria que soubesse que não acredito no que estão dizendo.

Celina olha para os lados e vê que está sendo notada por várias pessoas que nem conhece.

— Do que você tá falando? Eu não entendi nada.

— Você não sabe mesmo? — ele pigarreia, e olha para cima escolhendo as palavras. — Angelina... Ela desapareceu.

Bastou ele dizer isso para a visão de Celina escurecer e ela perder a voz e o chão. Assim que ele disse, os alto-falantes foram ligados e alguém se preparou para dizer algo.

— Ramona Monteiro, Celina Toledo, Lívia Uchôa e Marjorie Norman, dirijam-se imediatamente à direção.

"Isso só pode ser um pesadelo". Pensou ela.

— Quan... Quando isso aconteceu? — ela volta novamente para Heitor.

— Faz dois dias.

Dois dias.

— Se precisar, vou estar disponível para conversar. — ele diz e massageia o ombro de Celina.

Ela teria se rendido ao seu toque, ele estava sendo tão atencioso.  Mas estava morrendo de medo naquele momento.

Mas... medo de quê, afinal?

Elas não haviam feito nada com Angelina. Ela estava lá, caída no quarto agarrada àquela caixa misteriosa, praguejando todos os nomes possíveis.

Ela não pode ter simplesmente desaparecido.

Quando se dá conta, Heitor já não estava mais a sua frente com um olhar triste.

Então rapidamente caminha para a direção se perguntando se as meninas já haviam chegado.

Para alguém novo na cidade e no colégio, havia muitas pessoas a observando. Já eram quase oito horas e correu pelos corredores torcendo para que não fosse barrada da aula.

Ao abrir a porta e ver Arthur, em pé, virado para a turma, Marjorie engoliu em seco, lembrando do que viu no quarto de Angelina na sexta. Seria impossível vê-lo e não pensar nisso depois das conversas deles por e-mail.

— Marjorie... Você foi chamada na direção. — ele diz antes mesmo que ela entre.

Todos estavam com uma cara de enterro e murmúrios que ela não entendia enchiam a sala numa completa bagunça.

"Será que havia algo de errado com a matrícula?" Ela cogitou, enquanto se encaminhava para a direção.

Então quando entrou na recepção da direção, encontrou uma Celina mais pálida que o normal, uma Ramona balançando a perna sem parar e uma Lívia roendo as unhas.

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