Capítulo 35: É assim que funciona

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Era três da tarde e Ramona estava deitada na sua cama escutando complicated, de Avril Lavigne. Uma hora, achava que devia dizer de uma vez a Chris que sentia algo. Mas como dizer isso? Ela nunca foi boa com palavras, muito menos com sentimentos.

Fechou os olhos com força e se virou para encarar o teto. Com o corpo atravessando a cama e os cabelos dançando até o chão, ela encontrou algo que não lembrava que ainda tinha. O boné que Christopher lhe deu quando eles fizeram o trato do namoro de mentira. Estava pendurado em um cabideiro ao lado da porta, junto com casacos e cintos. Se levantou e atravessou o quarto para pegar o acessório. Parecia que fazia anos desde o beijo molhado e apressado que ele lhe deu na saída da escola. Por mais que não soubesse o que fazer ou dizer, ela iria tentar.

Se não desse certo, era só dá meia volta e correr o mais rápido possível para longe dele.

Pegou seu celular, sua bolsa e pôs o boné na cabeça.

Ela sabia que nas tardes ele costumava está na pista de skate com alguns amigos, ou no play time jogando aqueles videogames japoneses. Andou apressada, como se estivesse atrasada para um compromisso, mas, na verdade, andava assim por medo que sua cabeça mudasse ideia, e se mudasse, pelo menos já estaria longe para voltar por nada.

Ele estava na pista, sozinho. Quando o avistou, de longe, Ramona passou a mão pela camisa azul clara sem estampa, que tinha as mangas dobradas por ser grande.

Ele estava sentado, na ponta da pista, olhando para o nada, até senti sua presença e olhar na direção da sombra que se formou no chão de concreto.

— Eu estava agora mesmo decidindo se ia na sua casa ou não. — Sua voz era calma, firme e ele limpou a mãos na calça quando se levantou.

— Mesmo? Para quê?

Ela sabia o motivo, mas queria que ele dissesse e assim as coisas ficariam mais fáceis para ela se ele falasse primeiro.

"Diga". Pensou ela.

Eu quero dizer uma coisa. — Ele encara o boné na cabeça dela. — Você ainda tem?

— Sim, tem sido útil até então. — ela respondeu e girou o boné na cabeça, colocando a aba para trás.

— Como você está? Desde aquele dia, sabe.

— Eu estou bem, claro. Nunca pensei que estaria tão aliviada por ter a Angelina de volta, aterrorizando o bairro. — Seu tom era animado, e eles sorriram da piada.

— Mas não acho que as coisas serão como antes.

— Não, não vão ser. O que tinha pra me dizer?

"Diga de uma vez!" Sua mente gritava.

— É... — ele estava ficando nervoso. — Me lembrei que temos que terminar. — Ramona pareceu confusa. — Sabe, o namoro de mentira.

— Ah, claro. — Seu rosto murchou. — Não vamos criar um climão com isso, ok? Só vamos terminar e seguir em frente. — Ela decidiu entrar na brincadeira.

— Certo. — Christopher pigarreou antes de falar. — Ramona, acho que é melhor para os dois se a gente terminar.

Ele tentou fazer a cena ser séria. Ramona fingiu surpresa e tristeza quando ele falou, se aproximando dele.

— Seremos pessoas melhores separados. — Ela falou ainda encenando o falso término, mas percebeu que aquelas palavras jamais seriam verdadeiras. — Você não queria realmente ir na minha casa para isso, não é? Não seremos pessoas melhores separados. — ela negou com a cabeça.

— Não? Do que estamos falando exatamente?

— Você fala primeiro.

— Tudo bem. Mas, por favor, não fique brava. — ele trocou a perna de apoio. — Eu não vou fazer nada que você não queira, Mona. E se eu estiver errado sobre nós, me diga, por favor.

Garotas e SegredosOnde histórias criam vida. Descubra agora