Assim que Celina abriu a porta do seu apartamento, seus olhos caíram diretamente em Heitor, que estava encostado na janela, com as mãos nos bolsos.
Depois que se perguntou o que diabos ele estava fazendo na sua casa, aquela hora, sentiu um cheiro maravilhoso de comida vindo da cozinha, e logo estranhou, isso era algo bem raro na sua vida, já que seus pais mal paravam em casa.
— Oi, filha! Estou preparando o almoço ainda, já já sai. — Ângelo surgiu na sala.
Seu pai cozinhando? Era surreal.
— Onde mãe tá?
— Foi fazer umas compras.
Tá. Era meio-dia de uma quarta-feira, e sua mãe estava no shopping. Celina já estava cogitando o plano de Mona de fugir para sua casa.
No segundo seguinte, Celina estava sozinha novamente com Heitor. E percebeu que ele esperava ela dizer algo. Olhar diretamente para ele, talvez.
— Você faltou esses dias. — ela conseguiu dizer.
— Tive que ajudar minha mãe na empresa dela.
— Tá tendo algum problema lá? — ela jogou sua bolsa ao lado da porta e se sentou no sofá.
— Não, na verdade, tá indo muito bem, por isso precisou da minha ajuda. Como ela diz, eu tenho um talento nato para desempacotar coisas.
Celina sorriu, até demais. E logo tratou de diminuir o tamanho do sorriso.
Heitor andou até o sofá e sentou ao seu lado.
— Você quer saber porque vim aqui, não é?
— Ai, sim, por favor? Isso está me matando.
Ele olhou para baixo e sorriu, e Celina reconheceu aquela mania.
— Eu queria saber como você tava depois do lance das lentes de contato.
— Hum, bom, já estou com as lentes novas, — ela apontou para seus olhos — então tá tudo ótimo.
— Legal. — ele a olhou e batucou os dedos nas pernas. Estava claro que estava nervoso.
E que não foi lá só para isso.
Celina mordeu o lábio pensando se deveria fazer isso e olhou para trás para garantir que seu pai não iria ouvir.
— Qual é, Heitor. Não veio aqui por isso, poderia ter mandado uma mensagem. Ou esperado até amanhã. Conte logo o que está havendo.
Os dois não haviam se falado muito depois do fim do relacionamento de 5 meses. Essa história de ser amigo após o término era pura mentira para Celina, ela tentou, de fato, mas quem consegue olhar para o cara que ama e não pensar em beijá-lo? Conversar sobre algo e automaticamente não fazer uma piada, ou dizer as clássicas frases como "eu te conheço" "você tem mania de fazer isso" ou "eu vou sentir saudades"? Acontece que era impossível. Logo depois da fase de raiva e de choros no banheiro da escola e no quarto antes de dormir, ela havia dado vários bola foras com ele. Viu que era suicídio insistir naquilo e se afastou.
Mas agora, depois de tanto tempo, não era tanto um choque vê-lo ali, sentado na sua sala, onde passaram várias tardes de sábado vendo filmes, estudando ou se beijando.
Ela percebeu que finalmente havia se desintoxicado dele. E não sabia se gostava disso.
Heitor abriu finalmente a boca.
— Eu acho que você estava certa naquele dia.
— Sobre o quê?
— Sobre a Angelina ter posto glitter em suas lentes.
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Garotas e Segredos
Teen FictionA vida de quatro garotas se cruzam e elas possuem algo em comum: são alvos de Angelina, uma garota que adora fazer jogos e criar rivalidade. Para o azar delas, uma noite revira tudo de cabeça para baixo e uma série de acontecimentos estranhos começa...