Tranquilidade?

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Marcus me contou o que aconteceu depois. Giulia me seguiu depois que saí de sua casa, e ao chegar me encontrou na máquina e disse que sabia porque eu estava me arriscando, ela o convenceu que a única forma de me salvar era ser transportada também para estação. O que ele fez relutante já que não poderia retornar com os dois ao mesmo tempo, ela pediu que confiasse nela e que tinha um meio de fazer nos retornarmos. A coisa demorou o dia inteiro e quando voltamos, nossa reentrada neste mundo consumiu tanta energia que causou um grande blackout que apagou todas as luzes da grande cidade. Uma quantidade de energia infimamente pequena se comparada à energia de uma estrela como Sol que seria necessária para transportar um único átomo no tempo. Giulia acordou logo, mas eu não, ela pediu que me levassem a meu apartamento e nós deixassem a sós.

- Lembro deste momento. Estávamos a luz de velas, o que criou uma atmosfera romântica. Senti uma lágrima cair em meu rosto então fui acordando, ainda atordoado e dolorido o que era bem estranho já que meu corpo não havia sofrido nenhuma agressão ao contrário de minha mente. Giulia me sorri feliz, me abraça cheia de satisfação, seu calor vai fazendo me sentir bem, não quero dormir, mas apenas ficar ao lado dela que me enche de carinho.

Num dado momento digo a ela - Preciso te confessar algo - ela está abraçada a mim por trás - eu não sou o Gustavo que você conheceu, eu sou o Gustavo veio de outro mundo, num outro tempo.

Conto toda minha história na outra Terra até o momento que a conheci. - Silêncio por uns instantes, ela continua abraçada a mim, então diz.

- Eu percebi isso logo no início, mas ainda assim eu te amo. Quando você me fez ver quem eu sou, eu percebi que nosso amor está além do tempo ou dos mundos, aqueles que me enviaram sabiam que você era o único que poderia fazer despertar tanto minha natureza humana, quanto minha outra natureza. Ela para, pensa um pouco, parecia que ia falar de sua outra natureza, mas fica calada.

- Com nosso aparelho, Marcus não teria energia suficiente para te fazer ser deslocada para estação e muito menos para retornarmos juntos. Como você conseguiu fazer isso Giulia?

­ - Quando ocorreu a explosão fomos deslocados para Halok, um reino que fica num planeta chamado Ananda, em outra dimensão acho...Bem sobre essas coisas você sabe mais que eu, consigo lembrar disso. Ainda não sei te explicar muito coisa do que aconteceu lá, estou tentando lembrar-me como voltamos. Quando pedi ao Marcus que me transportasse eu sabia que iríamos voltar, só não me pergunte como eu sabia porque eu realmente não sei dizer, só sei que alguma coisa nos ajudou.

- Giulia, é difícil para mim não querer ver que você é uma pessoa especial. Você faz ideia de quem ou o que te enviou à Terra? Confie em mim.

- Eu sabia que ela não queria falar sobre isso. Mas aquele era o momento de um dizer ao outro aquilo não se sabia.

-Este lugar... Harlok... É um mundo muito mais evoluído que este. Os que lá vivem apesar de terem habilidades para eles triviais, aqui na Terra estas habilidades fariam eles parecerem criaturas celestiais, o que não são. Talvez tenham me enviado deste lugar, mas não tenho certeza...Ainda estou muito confusa Gustavo, quando retornei à Terra as coisas que aconteceram lá foram apagadas de minha mente - Ela me passou sinceridade e dizendo isso, e já não parecia ser a menina insegura e mimada de antes.

- Eu lembro até quando estávamos na estação, como você fez aquilo, atirar com as próprias mãos?

- Eu não sei...Fiz por um instinto que eu mesma desconheço...

- E as asas? Faça elas aparecerem de novo Giulia, eu quero ver ­ - Ela fecha os olhos e parece tentar, mas não surge nenhuma asa, ergue o braço e aponta para cima tentando disparar e nada acontece.

­ - Acho que você estava enganado Gustavo, eu não sou um anjo... Engraçado, você acha que eu sou um anjo, mas foi você quem veio do céu - Parecia querer encerrar o assunto mesmo. Nos posicionamos de lado na cama, um frente ao outro, olho no olho. Eu sabia que ela estava me omitindo muita coisa, mas o que eu poderia fazer? Ela me salvou a vida, quando se arriscou por mim da mesma forma que eu me arrisquei por ela. E afinal de contas, tudo o que me importava é ter ela ali comigo, somente isso.

- Você ainda é minha Giulia, a garota que eu amo? - Ela sorri, e pede que eu me aproxime e me puxa para pertinho dela e desta vez, eu me sinto menino em seus braços.

-Sou apenas a mulher que te ama muito Gustavo Zanetti...

-Ela olha para o teto com ar de satisfação. E não falamos mais nada sobre o que aconteceu.

- Passamos os dias e meses que se seguiram, fazendo o que qualquer jovem casal normal faz. Namorar, passear, viajar, estudar, se exercitar em academia de ginástica, curtir a natureza e fazer novos amigos nas baladas. Enfim, viver uma vida feliz. Certa noite, ela me pede algo segurando a câmera e me filmando.

- Gustavo, você me ama mesmo?

- Sim, sim e sim. A cada sim lhe dava um beijo no pescoço que lhe fazia cócegas e ela ria.

- É sério amor, quero te pedir uma coisa...

- O que você quiser Giulia. - Ela me olha séria:

- Nunca mais diga que sou um anjo,  eu não sou.

- Mas você é meu anjo.

- Só para você querido.

- Está certo, o que você quiser.

Ela monta em cima de mim com sua câmera de vídeo na mão a liga e diz.
-Olha para a câmera querido.

Eu arregalo os olhos de brincadeira, ela ri e diz alegre - sorriso - faço meu sorriso mais charmoso e penso: déjà vu?

- Espere Giulia...

Ela põe o dedo indicador no lábio pedido silêncio e com a outra mão os dedos meu lábio e eu calo. Coloca as mãos na minha cabeça e esfrega o nariz no meu, testa a testa diz: Querido nossa história está só começando.

Continua...

Copyright: Alexsandra Ciccone

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