ANJOS

Reconciliação

Gustavo vai caminhando devagar olhando angustiado para trás – Giulia fala baixinho – vai amor...

­ Ele entra na nave que já está com um zumbido agudo. Giulia pensa uns segundos e então sem hesitar, aciona o botão de transferência que inicia a contagem de trinta segundos, aciona a bomba e grita para Munik – Fecha a escotilha! – Os acumuladores estavam a uma certa distância no imenso salão, bem longe do centro de transferência. Giulia só tem este tempo para fazer tudo e estar para estar em segurança dentro da nave.

Corre numa velocidade impossível para qualquer humano ou mesmo anjo já que apesar de sua condição, ela estava bem cansada após o combate. Ainda assim, chega até os acumuladores de energia da máquina, prende a bomba neles e corre para a nave entrando poucos segundos antes da escotilha se fechar totalmente quando Gustavo a puxa com uma rapidez que um humano não poderia ter. Giulia gastou dez segundos para fazer isso tudo.

Eles tinham ainda vinte segundos, o que não era muita coisa, já que Munik e Perth tiveram que acelerar com precisão os propulsores da espaçonave na aceleração exata, programar as coordenadas para a órbita de Ananda e comandar os códigos de sincronização para a perfeita sincronia entre a espaçonave e a máquina que logo será destruída, o que só pode ser feito com a espaçonave já acionada e na aceleração exata usando os dedos com rapidez na tela do computador da espaçonave.

O transporte da pesada espaçonave é um processo bem mais complicado do que transportar apenas pessoas no espaço tempo. Como há uma bomba prestes a explodir. Se errarem um segundo, todos, seja humano ou anjos estarão mortos pela energia cósmica que vai ser liberada pelos acumuladores.

A nave vai aumentando a aceleração, a máquina também faz seu intenso zumbido de carregamento...O som é infernal dentro do laboratório e tempo está se esgotando. No cockpit da espaçonave uma tela mostra os códigos que vão sendo aceitos faz uma contagem ao mesmo tempo que a aceleração vai ficando mais intensa.

ZuuuuuuuuuuUUUUUMMMMMMMMMMM... 25, 26, 27, 28, 29, 30. A explosão de luz acontece seguida um segundo depois pela explosão da bomba, que causa outra muito maior e destrutiva que arrasa com todo o palácio dos mentores de Harlok e tudo a seu redor abrindo uma imensa cratera.

Na orbita Munik e Perth olham pela tela virtual para o planeta de cor alaranjada que Ananda é, pela última vez. Munik e ficou emocionada pela primeira vez depois de séculos, e também percebe que se sente assim também por ver destemor de Giulia, que é capaz de se sacrificar pelo homem que ama, por depois de tanto tempo, elas voltaram a traçar ainda que de forma não combinada, uma estratégia bem sucedida juntas.

Após a segunda explosão de luz aquela que os levará a Plunktar, a espaçonave já está estabilizada no espaço, ela deixa os comandos com Perth e se aproxima de Giulia e sem dizer nada lhe e abraça ainda emocionada, há lágrimas em seus olhos e sua aura branca, a da emoção, acende depois de séculos.

Ela pede a Giulia tentando conter as lágrimas, que seja sua amiga, pois ela lembrou de tudo o que foram uma para a outra antes e depois de Kirly, nunca teve nenhuma. Giulia retribui a afeto de Munik e diz.

­– Munik agora que voltamos a ser amigas novamente, quero que saiba que além de amigas somos irmãs.

Neste momento elas voltaram a ser como as duas meninas que séculos atrás realmente sentiam muito afeto e amizade uma pela outra. Todos se liberam das garras de proteção e se abraçam formando um círculo onde unem os punhos.

– Juntos vamos resolver isso de uma vez – diz Giulia. Até Perth que sai do cockpit da nave participa rapidamente deste momento de união. Mas logo chama Munik de volta ao cockpit porque Plunktar já aparece na tela como uma esfera verde que vai rapidamente aumentando de tamanho.

No espaço tudo é silencioso e parece devagar o que logo muda com a entrada na atmosfera esverdeada de Plunktar que faz a nave trepidar intensamente e o atrito a deixar vermelha como fogo. Os propulsores começam rugirem novamente e estabilizadores são acionados nas asas curvas da espaçonave que a partir deste momento funcionará como aeronave. Gustavo pega o aparelho localizador que indica onde Etar se encontra.

– Ele está com a tribo hikta.

– A nave corta o ar numa velocidade que seria inimaginável na Terra. Munik vai puxando para trás uma alavanca frente ao painel e a nave começa a reduzir gradativamente a velocidade.

– Temos um problema. Etar está usando estes primitivos, se os matarmos ele só se fortalecerá. – É a observação de Esdrak. Todos ficam calados, ainda não tem a solução para esse problema.