A tristeza de Marcus

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A casa de Marcus é um solar. Após Karla o abandonar ele preferiu morar neste tipo de residência de aspecto antigo. Hanna se adianta e toca a campainha. Esperava que um androide com a cara de Alfredo abrisse a porta mas, quem abre é uma mulher de aproximadamente quarenta e poucos anos, seu nome é Gabriela, e é filha do casal que estava visitando o pai. Ela olha para Kirly e a trata de forma inamistosa.

–O que você ainda quer Kirly?

–Preciso falar com o tio Marcus.

–Meu pai não é seu tio Kirly.

–Por favor Gabriela, podemos entrar?

Ela os conduz contrafeita sem falar com eles ao escritório de Marcus que fica numa sala logo após o grande salão que tem um grande lustre do centro do teto, o mobiliário tem aspecto antigo o que é tão contrastante com o mundo ultramoderno que a Terra se tornou.

Marcus agora é um senhor de mais de sessenta anos de idade. Sua cabeleira embora ainda vasta já está tomada de fios brancos ele está barbado e seu aspecto é bem desleixado. Ainda assim se percebe que ele foi um homem bonito quando jovem. Ele não parece muito feliz em receber a visita de Kirly que sempre o viu assim como a Karla, como tios até o dia em que Karla o abandonou.

–O que a trás Kirly?

– Senti saudades sua tio Marcus.

– O tempo passou Kirly... Tão rápido... Quem é esta linda menina? – Marcus já não parece tão lúcido, a perda de Karla o deixou muito abalado.

– Esta é Hanna, ela é de Harlok.

– Harlok? Como é possível? Oh céus! Estou velho mesmo, e estúpido, lógico, pela máquina.

– O anjo Perth me enviou para esta época da Terra senhor Marcus.

– Ela seria morta em Harlok no dia em que meus pais trouxeram Esdrak e Munik.

– Pobrezinha... Esta máquina faz prodígios... Então minha jovem está gostando da Terra? Ou melhor, de Enseada pois a Terra não é só isso.

– Não tenho outra alternativa, meu mundo não existe mais senhor Marcus. Kirly me disse que o senhor poderia me dizer porque aqui é tão triste.

– Hanna, não seja tão direta. – Repreende Kirly.

– Tudo bem Kirly a muito quero falar sobre isso.

– Quando meu melhor amigo Gustavo, começou agir de forma estranha e me disse que veio de uma outra Terra que foi destruída custei a acreditar. Mas tantas coisas aconteceram depois. Giulia que eu apenas via como a namorada absolutamente normal de Gustavo se tornou uma criatura celestial. Aconteceram outras coisas mais absurdas ainda, mas eu queria participar de tudo aquilo por ser um cientista. Eu trabalhei intensamente na construção das máquinas de transporte dimensional e temporal. Meu amigo retornou também como um anjo e eu ainda jovem achava tudo aquilo incrível. Fiquei muito rico graças a isso tudo. Casei com a mulher que eu amava, minha querida Karla. Mas para nós, o passar dos anos começou a pesar. Era tão difícil conviver com nossos amigos que continuavam tendo o aspecto de pessoas tão jovens quanto você Hanna. Mas tínhamos a máquina, podíamos voltar a nossa mente do passado e viver como jovens novamente eu resisti a esta tentação pois com o tempo comecei a perceber que tudo o que fizemos é contra a natureza divina. Mas minha Karla tentada e inspirada pela história de Gustavo que voltou a ser jovem novamente me convidou para voltarmos a nossos corpos do passado, eu recusei e nunca imaginei que ela faria isso no ano passado e Giulia e Marcus não a impediram. Enfim, minha amada mulher morreu para mim. O mundo se tornou triste porque esta maldita máquina que eu ajudei a construir, só trouxe tristeza para mim e também a este mundo.

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