Capítulo 19

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Dedico este capítulo a minha fiel leitora AdenilzaRodrigues que me acompanha desde o início da minha trajetória no Wattpad. Obrigado por prestigiar tanto o meu trabalho.


***

ANTES


Atrair-se por alguém sempre fora algo inusitado para Vera. Todas as suas paixões surgiram nos momentos mais inesperados para aquela dona de casa.

Fora assim com o pai de Lúcio Mauro, um imigrante alemão, loiro e muito claro. Infelizmente, um atropelamento levou-o pouco tempo depois que seu filho havia nascido.

Demorou anos para que Vera se apaixonasse por outro. A vida, portanto, levou-a a Carlos Henrique.

Em seu curto noivado, aquela mulher jamais esperava que aquele rapaz divertido e sedutor fosse se transformar no regente de todo o seu pesadelo. Amargou durante vários anos, sofrendo debaixo das solas de seu esposo.

O tempo passou, e Vera acabou cedendo às constantes humilhações daquele homem. Chegou até mesmo a crer que aquela seria a sua realidade até o fim da sua existência. A vida, porém, ainda lhe guardara outras surpresas.

Mal podia acreditar que Fernando, o feirante, apareceria em seu caminho. Ele era gentil, trabalhador, e parecia ser honesto.

O seu charme chamava a atenção de muitas clientes, porém aquele homem reservava sua atenção especial para a mãe de Lúcio Mauro.

Vera até mesmo comprovara tal fato, enquanto o observava de longe. Fernando tratava a todas as clientes com educação. Para a esposa de Carlos Henrique, no entanto, o feirante guardava um atendimento mais caloroso.

Fernando fora apenas uma peça na retomada da autoestima de Vera. Esse homem havia sido necessário para lembra-la que ela ainda era desejável. De fato, não estava nem perto da imagem velha acabada que Carlos Henrique esforçava-se para fazê-la acreditar.

Seu esposo, no entanto, possuía um talento praticamente infindável para ser calhorda. Também parecia bem empenhado a destruir qualquer alicerce ao qual Vera pudesse se apoiar. Seja um feirante charmoso, seja Lúcio Mauro, ou até mesmo o amor próprio daquela mulher.

Como uma corrente que havia acabado de arrebentar uma barreira, esses pensamentos cruzavam a cabeça de Vera. Sua mente era um turbilhão, enquanto seu corpo encontrava-se estático na porta de entrada de sua casa.

Lá dentro, já podia ouvir o barulho do televisor ligado. Não eram nem cinco da tarde, e o seu maior inimigo já havia chegado em casa.

Respirou fundo. Estava na hora de ter colocar um basta naquele inferno.

Quando a porta da entrada abriu, Carlos Henrique sequer moveu-se para ver quem era. Estava concentrado em algum jogo de futebol na TV. Como sempre, encontrava-se esparramado no sofá, de cuecas, com uma lata de cerveja na mão.

Vera fechou a porta atrás de si. Trancou-a de chave. Guardou mais uma vez o molho dentro da bolsa. Girou sobre o próprio eixo. Começou a andar, colocando-se atrás do sofá.

Não se fez de silenciosa. De fato, nem seria necessário, pois Carlos continuava com sua atenção totalmente sugada pelo jogo de futebol.

Enquanto o observava de costas, a esposa novamente pensou como seria fácil cravar-lhe uma faca nas costas, ou no pescoço. Livrar-se, de uma vez por todas, daquele imundo que sujou o seu filho, que teve a coragem de assassinar um homem bom apenas por esse sujeito ter tratado Vera com carinho.

Suas fantasias de morte foram interrompidas. Num sobressalto, Carlos Henrique virou-se. Havia tomado um susto com a presença de Vera atrás dele.

A dona da casa até mesmo podia quase rir com aquela situação. Jamais pensara que poderia provocar medo no seu marido.

Parente Serpente [Livro Completo]Onde histórias criam vida. Descubra agora