Capítulo 47

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Com todas as suas obrigações naquela manhã, a delegada Taís acabou almoçando tarde. Já eram catorze horas quando a mulher começou a desembalar o seu sanduíche sobre a sua mesa de trabalho.

Aquela não era a maneira mais saudável e correta de se alimentar, contudo fora o que havia conseguido de improviso. Dia após dia, lutava para que aquilo não se tornasse rotina. Não estava a fim de se transformar em algo parecido a um dos homens barrigudos e preguiçosos daquela corporação.

Enquanto dava a mordia no seu sanduíche, resolveu ligar a TV no seu celular. Procurava algum programa da tarde para se distrair enquanto almoçava.

A sua emissora preferida estava passando os comerciais. Viu a chamada de uma reportagem especial no jornal de domingo, o Repórter Espetacular.

Ainda com a comida na boca, a delegada parou de mastigar ao ver o que aquela propaganda anunciava. Era sobre o caso de Vera Lúcia. Mais especificamente, uma matéria completa e uma entrevista com Lúcio Mauro.

Taís mal podia acreditar, ao ver aquele rapaz anunciado como o sobrevivente de uma tragédia familiar. A grande mídia já o havia escolhido como herói, enquanto aquela delegada o tinha como principal suspeito.

Naquele momento, a comida em sua boca perdera todo o sabor. Estava até mesmo disposta a vomitar o que havia ingerido.

Pegou o cesto de lixo, cuspindo lá dentro o que estava mastigando. Para passar o enjoo, bebeu um pouco de água.

Não queria assistir mais nada. Estava pronta para fechar o aplicativo de televisão digital quando uma chamada apareceu em seu celular. Era um número desconhecido.

Por um instante, pensou em não atender. Ademais, como era uma delegada, não seria incomum receber telefonemas com ameaças.

Apenas seus parentes mais próximos, porém, tinham aquele número. Logo, não havia tanto o que temer.

Lembrou-se, contudo, que também havia entregue seu telefone a Ruth. E se ela ainda estivesse viva? E se o seu captor estivesse tentando entrar em contato.

Sem hesitar mais, Taís atendeu. Do outro lado, uma voz misteriosa e metalizada dizia:

— Carlos Henrique está vivo, e eu sei onde ele tá escondido.

Parente Serpente [Livro Completo]Onde histórias criam vida. Descubra agora