Capítulo 21

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- És muito tola sabias?

- Estúpido.

- Vais ficar amuada?

- Vou.

- Não podes.

- E porque não?

- Porque eu quero conversar.

- Okay, eu não fico. - Ela ri-se.

- Safei-me dessa.

- Sou mesmo boa pessoa.

- Claro que és. - Ironizo.

- Isso é ironia?

- Não.

- Acho bem. 

- Quando entras de férias da escola?

- Daqui a duas semanas.

- Ainda bem, quer dizer que ainda temos uma semana antes do Natal.

- Sim.

- Que fazes nas férias?

- Trabalho na mesma, o tempo que era para estar na escola tou em casa.

- Posso fazer-te uma pergunta?

- Que tipo de pergunta?

- Posso ou não?

- Diz lá.

- Gostavas de ter filhos?

- Sim, gostava muito, mas não posso.

- Não podes? Porque? Tens alguma doença?

- Não, eu apenas... - Ela hesita.

- Conta-me. - Troco as nossas posições, fico por cima e passo-lhe o polegar pela bochecha.

- Promete que não contas a ninguém.

- Não conto, tu podes confiar em mim.

- Eu sei, apenas quero ter a certeza que conto isso á pessoa certa. 

- Ninguém sabe?

- A minha familia sabe, és a única pessoa que não é de familía que irá saber.

- E o que é?

- Eu não sei se deva contar-te isso.

- Confia em mim, juro que não conto a ninguém, é uma promessa. 

- Se contas a alguém, considera-te um homem morto.

- Ui que medo. - Brinco para aliviar a tensão.

- A minha mãe tinha uma irmã. Essa minha tia teve um bebé, há três meses. O homem da minha tia, mais ela, eles estavam trabalhando, trabalhavam no mesmo sitio, enquanto a bebé estava com a senhora que tomava conta dela. Eles quando acabaram o trabalho vieram para casa, mas não chegaram á casa.

- Como assim?

- Um carro bateu contra eles, eles morreram. - Ela diz e olha para cima, aposto que é para não chorar.

- Luna, olha para mim. - Pego no seu queixo gentilmente. - O que tu tens a ver com isso? 

- A minha avó é velha Harry, não pode cuidar daquela pequena, eu estou a guardar dinheiro para daqui a uns meses pegar nela. Para mim, de vez. Supostamente, vou ser a mãe dela.

- Mas Luna... - Levanto-me. - Tu tens que estudar, tens uma vida pela frente.

- Não tem mais ninguém para pegar nela. 

- E tu? Ninguém pensa em ti?

- Não posso fazer nada. Não vou meter aquela pequena no orfanato.

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