Capítulo 15

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Outubro de 2015

Eu fiquei dois meses me tratando como se eu tivesse reumatismo. Foram dois meses sem nenhum resultado e nem sinal de melhora. Tomei dos mais diversos remédios, mas quase uma vez na semana eu sentia dores terríveis. Eu ficava o dia inteiro de cama. Respirar doía, piscar doía e, até mesmo ficar deitada me incomodava.

Depois desse tempo todo sem sucesso, eu voltei ao médico. Ele acabou intensificando o tratamento, aumentando as doses do remédio. Vomitava regularmente, sentia dores de cabeça profunda. Parecia que a cada passo que eu dava a situação apenas piorava.

Foi quando eu decidi procurar por outro médico, e dessa vez, fui diagnosticada com artrose, depois fora bursite, e por aí foi. O fato, é que não melhorava em absolutamente nada. Pareciam até piorar com o passar dos dias.

Meu último diagnóstico, foi o mais surpreendente e tão desesperador com quando eu descobri a fibromialgia. Devido as minhas tremuras durante algumas fases da minha vida, um dos médicos me disse que eu sofria de mal de Parkinson precoce.

Já não bastava ter que aguentar os noticiários informando o meu afastamento com os mais diversos motivos, eu ainda tinha que ter uma doença tão complicada e difícil. Fiquei arrasada quando soube, mas principalmente com o decorrer de toda aquela situação.

Eu não saía mais, eu não tocava mais, não transava mais e mal me alimentava. Praticamente entrei em depressão, nada me motivava.

Faltava um mês para o meu casamento, Um mês e estava sendo uma loucura tremenda. Eu fazia um esforço enorme para me aparentar estar bem. Forçava um sorriso, embora minha vontade fosse de chorar a cada olhar de pena que eu recebia. Meus saltos foram trocados por sapatilhas e se não fosse por Richard que penteavas meus cabelos todos os dias, além de estar feia por dentro, minha aparência em nada ajudaria.

Eu sentia meu noivo distante, e dizia a mim mesma que era em decorrência do trabalho. Em pouco tempo as coisas se resolveriam, e não haveria mais nenhum problema, no final estaríamos ele e eu.

Porém, em um belo dia, não deu mais. E no final, eu fiquei de um lado e ele de outro.

Estávamos para nos mudar. Passaria a morar na Áustria partir daquela semana. Era melhor para terminar de organizar a festa e fazer a última prova do vestido. Tudo estava certo, tudo estava perfeito, exceto pelo meu estado. Olhava-me no espelho, e só conseguia enxergar olheiras profundas e um desânimo aparente.

Richard havia preparado as malas na noite anterior. Eu o ajudava como podia, mas foi ele quem fez praticamente tudo sozinho, ele não reclamava, mas aquilo me cortava o coração. No dia seguinte, ele acordou cedo. Nosso voo partiria logo pela manhã, mas eu não consegui acordar cedo e, como se não bastasse, meu corpo inteiro doía. Esforcei-me para me levantar. Estávamos em cima da hora. Richard, as pressas, ajudou-me a levantar e banhou-me da forma mais rápida e torta que poderia, já que ele estava pronto, e estávamos atrasados.

Por um descuido ele acabou se molhando.

- Droga – reclamou.

Ver ele se submeter àquilo quebrou meu coração em mil pedaços. Sentia-me um estorvo naquele momento e esforcei-me para não chorar.

Ele me secou e me vestiu, deixando-me sentada na cama enquanto ia trocar de roupa.

- Vamos Clarissa, já estamos atrasados. Deixarei as malas lá embaixo depois eu volto para te buscar. Pedi ajuda de Philip, está lá embaixo.

- Richard, ainda falta meu cabelo.

- Você está maravilhosa, não se preocupe. – disse pegando as malas apressados.

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