Capítulo 38

38 3 0
                                    


Eu nunca tinha ido a uma festa muito agitada. Meus conceitos de festas eram casamentos e formaturas, e sempre ia embora antes de começar a música barulhenta e todo mundo se unia para fazer uma roda e começar a dançar loucamente. 

Nunca tive coordenação motora para grandes aventuras e isso me constrangia a todo momento. Por conta disso, eu evitava grandes emoções. O mais engraçado nisso tudo, é que eu fui namorar um pessoa que não perde a oportunidade de me pagando mico. Acho que Miguel gosta de me ver irritada com ele. 

E por falar nele, meu Doutor particular me ajudou a com as roupas para despedida de solteira da Dafne. Eu estava aflita, afinal, era uma boate cheia de stripers, com homens praticamente nus, dançando e rebolando enquanto todas mulheres gritavam alucinadas usando arquinhos com pênis de plástico que balançavam. 

Enquanto eu me trocava, me pegava pensando nisso e, vez ou outra, fazia uma careta como quem queria dizer: onde foi que eu me meti?

- Borboleta? O que são essas caretas? Eu prefiro o outro vestido, esse tá muito sério?

- Miguel, isso tudo é uma loucura. É emoção demais pra mim. Esse é muito curto, vai quase mostrar a minha bunda. - digo tirando mais uma roupas das quase quinhentas jogas na cama.

- Apesar de eu achar a sua bunda linda e querer ficar admirando ela por horas, faltam pelo menos uns cinquenta centímetros para ela aparecer. E, eu adoraria ver a sua cara de espanto vendo todos aqueles caras saradões implorando pra você colocar uma nota de cem reais naquelas cuecas de couro. Eles devem usar manteiga pra colocar aquilo - ele riu e eu também, seguido de uma cara de reprovação.

- Você não fica com ciúmes? - perguntei me arrependendo logo em seguida, mesmo tentando disfarçar enquanto virava meu corpo de um lado para o outro no espelho. Miguel não me parecia esse tipo de cara e, por mais que eu detestasse quem opinasse a forma como eu deveria me comportar, quando você é uma mulher cheia de defeitos e com uma doença a mais no pacote, sentir um pouco de ciúmes, na minha cabeça, naquele momento, significaria que ele se importava comigo de algum jeito, ao mesmo tempo, eu sabia que me sentir assim era errado. Como se: que outra pessoa além do louco do Miguel se interessaria por mim?

- Eu confio no meu taco - diz ele dando um tapa na minha bunda. - me tirando de pensamentos ruins e me arrancando um gritinho besta. Mas ele quis continuar, afinal, ele sabia que eu não me contentaria só com isso. - Ciúmes é a insegurança de quem sente. Quem sente ciúmes se sente inseguro em relação a si mesmo. Se é bom suficiente para que a pessoa que está ao seu lado, jamais cogite a possibilidade de escolher alguém que seja mais bonito, ou mais charmoso, ou mais engraçado, mas divertido, mais carinhoso. É claro que, se for parar pra pensar, seu ex é bem mais bonito, bem mais charmoso, e pelo menos, mil vezes mais rico que eu. Sei que eu sou o seu total oposto e que, provavelmente, se não fosse nas condições nas quais nos encontramos, você nem me daria bola. Mas eu sei que eu sou capaz de te fazer feliz, de cuidar de você, de te mimar, de te fazer sorrir. Eu tenho plena certeza disso. Se um dia você não me quiser mais, foi escolha sua. 

Como sempre, Miguel conseguia me deixar sem palavras. Mas era evidente que eu não tinha escolha. Ninguém seria capaz de me amar como Miguel. E por que isso me ecoava tão egoísta da minha parte?

Ele se levantou, veio até mim, e me deu um grande beijo nos lábios.

- Você está maravilhosa. E muito sexy - disse com um belo sorriso safado no rosto. 

...............................................................................................................................................................

Ensaios de borboletasOnde histórias criam vida. Descubra agora