Capítulo 32

69 12 1
                                    

A chácara era aberta ao público, e tinha espaços de lazer, piscinas, tirolesa, arvorismo, passeio à cavalo e diversas outras coisas. Miguel era realmente uma caixinha de surpresas. 

Descemos da moto e ele pegou uma mochila que estava dentro do banco, me entregando.

- Toma! Algumas roupas pra ficarmos mais confortáveis

- Você pensou em tudo, não é mesmo?

- Sempre. - ele dá uma piscada. 

- Como conseguiu pegar minhas roupas? 

- Eu peguei com a sua irmã na sua casa, quando ela me disse que você estava com aquele sujeito. A sua sorte é que eu confio no meu taco. Se não eu ficaria muito puto. - responde ele indo em direção a entrada da chácara. 

- Não estou vendo credibilidade em suas palavras. - digo o acompanhando.

Ele me olha numa mistura de ironia e fuzilamento.

- Ele é rico. Você é rica. Ele é um filho da puta de um galã loiro de olhos claro, e você, um mulherão da porra. Ele gosta de música clássica, e veja só, você é a mestre no violino. Ele tem a aprovação do seu pai, e eu só a rejeição. Ele é seu ex noivo. E eu, seu atual namorado, recém formado em medicina que divide um apartamento com a irmã mais nova e parte da renda do apê depende dos pais. Pô, o cara tem muitos mais pontos do que eu nessa jogada. 


- Quer dizer então, que o psiquiatra mais arrogante e intimidador que eu conheço, que fez a minha vida dar um giro de trezentos e sessenta grau, não sabe lidar com matéria de amor? - ele dá de ombros. - Pois bem, Richard me disse que conversou com alguém a respeito de eu fazer a primeira apresentação no teatro que papai está construindo. E num impulso de felicidade, eu o abracei. 

Miguel me olhou de soslaio, querendo me fuzilar com os olhos. 

- Mas... - continuei. - Eu não senti nada. Nenhum frio na barriga, nenhum palpitar no coração. Nada. Porque agora, meu coração palpita, minhas pernas tremem, e há um imenso frio na barriga, quando eu vejo um rapaz, cheio de tatuagens, com um sorriso irônico, olhar intimidador, que tem um tanquinho que é um perdição, que tem um produto que me leva as alturas - ele ri - Que tem um beijo que é uma delícia, que esteve comigo e me enxergou quando ninguém mais fez isso. E que me ensinou a não ligar para opinião dos outros, muito menos se esse outros é meu pai. Então eu acho que estou apaixonada por um psiquiatra recém formado, mais novo que eu, que é totalmente petulante e longe de ser uma pessoa normal.

Miguel sorri com ar de superioridade e se aproxima de mim me dando um beijo quente e excitante em meu lábios. Era impressionante como seu toque me causava arrepios descomedidos.

Ele se afastou, não muito animado. Na verdade ele tentava se controlar, pois queria aproveitar o dia máximo possível.

Chegamos sendo recepcionados por dois casais de velhinhos super simpáticos.
Eles nos aconchegaram as dependências da casa e, depois de nos trocarmos nos levou  à mesa junto com as demais pessoas para um grande banquete. Sim! Era algo inexplicável. Uma mesa quilométrica com diversas comidas, tudo no padrão caseiro e abrasileirado.
Tudo era muito simples e aconchegante, de decoração rústica e um tanto antigas.
Peças de madeira, pilares que pareciam troncos de árvores. Era completamente diferente do que eu estava acostumada, mas estava extremamente feliz por estar ali.

- Espero que aprecie a comida, borboleta! - Miguel diz num tom esperançoso e nervoso, como se eu fosse sair correndo de lá por ver um grande porco assado com uma maçã na boca.

- Ora Miguel, não pense que nunca apreciei esse tipo de comida! Já vi esse porquinho várias vezes na minha vida. - solto a mentira mais lavada possível.

Ensaios de borboletasOnde histórias criam vida. Descubra agora