Maio de 2015
A quinta feira vinha fresca com um céu estrelado e a lua cheia a contemplá-la. Um belo dia para uma grande apresentação. Estava nervosa como já era de se esperar. Havia enrolado meus cabelos e dei o último retoque na maquiagem. Olhei-me no espelho várias vezes, tentando procurar por alguma coisa que podia ser melhorada. Passei os comandos do violino em minha mente e respirei fundo pela milésima vez.
Richard, meu noivo, veio até mim me abraçando por trás e dando um leve beijo em meu rosto. Repreendi-o com graça, pois poderia borrar minha maquiagem. Virei-me a ele e lhe dei um leve tapa no ombro, puxando-o para um selinho em seguida.
– Está maravilhosa, querida. Mas vamos ou iremos nos atrasar.
– Está certo. – dei uma última conferida em minha aparência e um último retoque na maquiagem para ter a certeza que Richard não a havia borrado.
Assim que adentramos ao teatro, fui ao encontro dos meus companheiros, enquanto Richard e minha família dirigiam-se aos seus assentos. Abri um pedaço da cortina e notei que o teatro estava completamente cheio. Aquilo por um lado animou-me e por outro fez meu coração apertar. Eu poderia fazer mil apresentações seguidas, jamais me acostumaria.
– Nervosa? – minha amiga perguntou.
– Um pouco, Luana.
– Não se preocupe. Tudo vai dar certo. Sempre dá. Você arrasa. – abraçou-me.
Ela tocava piano como ninguém. Eu a admirava pelo seu talento e pela sua sensibilidade. Era uma grande amiga.
O palco estava escuro e ficou por tempo suficiente para que eu tomasse coragem e controlasse o meu nervosismo. As cortinas abriram e a iluminação ficou fraca. O maestro estava a minha frente. Posicionou-se e as luzes do palco acenderam, dessa vez mais intensamente.
Eles começaram a tocar. Sorri no mesmo instante sentindo a música invadir meu coração. Era inevitável não se emocionar. Posicionei-me, pois estava chegando a minha vez. A música era Romance de Devorack. Fechei meus olhos para escutar com mais intensidade o som do violino e depois de algum tempo, eu os abri para transmitir as pessoas o que eu estava sentindo. Queria fazê-las se emocionarem. Queria tocá-las em seu coração. Sentir o que eu sentia.
Tinha me apaixonado por música clássica muito nova. Herdei a paixão de minha mãe, que em um belo dia decidiu me levar para conhecer. Observei a jovem a friccionar as cerdas do violino com tanta emoção que fiquei encantada.
Era algo tão expressivo. Não era preciso dizer absolutamente nada para que ela pudesse te tocar de várias formas diferentes. Eu o fazia com amor. Doava-me o máximo ao violino, era o meu refúgio, meu conforto. Podia voar, flutuar sem ter medo de cair.
Assim que terminei, recebi os aplausos calorosos da plateia e, como de costume, as lágrimas vieram me saldar. Sorri aliviada e emocionada. Poderia ser uma boba, mas eu estava feliz. Aquilo me fazia realmente bem. O violino representou grandes momentos em minha vida.
Ao fim da apresentação, meus familiares e meu noivo me esperavam no hall de entrada. Fui em direção a eles para abraça-los e para poder finalmente soltar a respiração.
– Você estava incrível, minha filha. – disse papai.
– Não consegui parar de chorar um segundo sequer. – mamãe secou uma lágrima teimosa.
– Confesso que quase dormi, mas não podia perder a oportunidade de rir de suas expressões. – Dafne riu me abraçando. – Você estava incrível, minha irmã.
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Ensaios de borboletas
ChickLitClarissa é uma mulher delicada, sensível e muito afetuosa. Apaixonada por música clássica, não é a toa o seu talento pelo violino. Uma mulher que gosta da tranquilidade e dispensa grandes aventuras. Com uma carreira brilhante, um noivo dedicado e um...