Ensaios de borboletas

Capítulo 31

Clarissa

Papai insistiu para que eu fosse com Richard ver alguns contratos. Queria que visse algumas obras, e desse a minha opinião feminina sobre tudo. Por conta correria de casamento de Dafne e essa cisma de meu ex noivo em inventar desculpas constantes para ir em casa, quase não via Miguel com tanta frequência, e eu sentia muita falta do pior psiquiatra do mundo. 

Richard conversava com vários empreendedores, discutia plantas, paisagens, a função social da construção, coisas relacionadas a licitações e demais coisas jurídicas e engenhosas que eu não entendia absolutamente nada. Aquilo era entediante e eu procurava sorrir todas as vezes que Richard me fazia um comentário. Era por pura educação, pois minha vontade, era fugir dali.

Em uma das construções de papai, nós entramos para ver os último detalhes. Arquitetos e engenheiros com suas pranchetas fazendo cálculos e alguns rabiscos, em uma obra praticamente acabada. Seria um teatro. Um lindo teatro.

- Eu sabia que gostaria desse lugar. O que acha? - perguntou Richard me encarando com um largo sorriso no rosto. 

- É maravilhoso - eu de fato, estava encantada. - Toda a decoração, a estrutura, dão emoção as pessoas que aqui chegam, e tenho certeza que isso auxiliará e muito, as peças de teatro. 

- Eu sabia que você ia gostar. - ele acarinha meu rosto e eu recuo. 

- E quando é o seu casamento? 

Ele limpa a garganta um pouco constrangido.

- Ainda não marcamos a data. Andressa tem trabalhado bastante e eu também.

- Tempo não deveria ser um problema para um casal apaixonado, ainda mais quando se está prestes a se casar. - falei.

- Bom, não entramos ainda nesse assunto. - ele começa a caminhar indo em direção ao palco, subindo as escadas. - Clarissa, venha! Suba aqui. 

Eu sorrio um pouco tímida. Eu poderia estar muito enganada, mas ou Richard estava tentando me reconquistar ou de fato, não ter marcado a data do casamento era por falta de tempo. Afastei os pensamentos, e subi e as escadas se aproximando dele. 

- Como se sente? - ele pergunta.

Posiciono-me olhando para as cadeiras a minha frente. Era uma sensação incrível. Mistura de nostalgia, alegria, excitação. Lembrei que agora eu ensinaria crianças a tocar violino. Compartilharia minha paixão com aqueles pequeninos de alma tão pura. 

- É incrível. Indescritível. 

- Eu conversei com alguns contatos. O que acha de estreiar com uma apresentação? Claro, se você puder.

- Você está falando sério? Eu ia adorar. Caramba eu tive várias ideias. - minha empolgação era nítida e num impulso de alegria, abracei Richard.

Há alguns anos atrás, eu sentiria minhas pernas tremerem. Meu coração sairia pela boca. Mas dessa vez, o que eu sentia era apenas carinho e certo constrangimento por ter sido tão explosiva.

- Desculpa. - afastei-me rapidamente.

- Tudo bem - ele sorriu.

Sinto meu celular vibrar e é Miguel que me manda uma mensagem dizendo que para gente almoçar juntos. No mesmo instante, respondo lhe enviando minha localização.

- O que acha de almoçarmos agora? - Richard pergunta e dou um sorriso amarelo.

- Miguel me mandou mensagem. Vou almoçar com ele.

Richard parecia decepcionado, mas manteve a compostura.

- Ok. Tudo bem. Eu te acompanho até a saída.

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Miguel vinha chamando atenção com sua moto. Não só pelo barulho dela, mas a forma como ele se vestia. Uma camisa social branca com a manga arregaçada  evidenciando sua tatuagem, provavelmente havia acabado de sair do hospital. Ele tinha um charme especial, e mesmo de capacete, eu podia imaginar os seus olhos. Aquele ar intimador, forte e compenetrante de sempre, como se pudesse me desnudar apenas com os olhos. 

Ele estacionou na nossa frente. Tirou o capacete e os olhos se direcionaram a Richard que tinha a mão apoiada sobre o meu ombro. Sua sobrancelha erguida, mostrava que ele não estava nem um pouco confortável com aquela situação e eu temia apenas por uma confusão.

Os dois se encaravam. Richard com sua elegância e tranquilidade. Miguel com sua petulância e arrogância e, poderia dizer que certo sarcasmo invadia sua expressão. 

- Miguel, como vai? - pergunta Richard estendendo a mão para meu atual namorado.

- Bem. - Miguel responde ironicamente, apertando a mão de Richard.

- Você tem certeza que vai andar nessa moto Clarissa? - meu ex noivo tinha um semblante preocupado, e Miguel tratou logo de curvar a cintura e colocar a mão em queixo. Sua sobrancelha estava franzida, provavelmente perguntava o que ele tinha a ver com isso.

- Eu... vou. - fraquejo porque Richard me conhecia bem. Eu tinha pavor de moto. 

Miguel olha pra mim agora. Meu coração acelera e eu preciso me concentrar em minhas atitudes para manter o controle da situação. 

- Eu vou Richard, eu confio no Miguel. - disse com a maior certeza do mundo. Miguel tinha um sorriso de lado, super satisfeito. 

- Clarissa, se você quiser eu te levo de carro...

- Oh branquelo, Clarissa está muito bem acompanhada com o seu namorado. Não me leve a mal cara, mas vamos facilitar as coisas, certo?

- Eu estou preocupado com a Clarissa, apenas isso. 

Miguel sorri, novamente com um tom irônico.

- Ela não precisa da sua preocupação. Clarissa, vamos? - Miguel me estende o capacete, e me ajuda a colocá-lo. Subo na moto e me despeço de Richard apenas com um aceno de mão. 

Andar de moto não era tão ruim. Claro, o medo ainda estava presente em meu corpo, mas a sensação era tão boa. Estar abraçada a Miguel, sentir o vento tocar a pele, a sensação de liberdade, era no mínimo excitante. 

Miguel andou por uma meia hora mais ou menos até que paramos numa pequena chácara. O lugar era encantador e eu me perguntava o que se passava em sua cabeça no momento em que eu vi várias coisas perigosas quando usada por Miguel.

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Hello borboletas. Eu sei que era pra ser ontem, mas minha net não ajudou, então estou postando hoje. 

O que esse Richard está querendo com Clarissa?

Algo me diz que a relação entre Clarissa e Miguel vai dar um complicada.

Enfim, por hoje é só, mas preparem-se para o próximo capítulo.