Depois de um momento maravilhoso com Miguel, minha única vontade era ficar deitada em seu colo falando bobagens, acarinhando suas tatuagens e esperando pelo segundo round. Porém, ele insistia que eu tinha que ir para as aulas de natação e por mais que eu tentava convencer Miguel do contrário, era praticamente impossível conseguir tamanha proeza.
- Miguel, pra que eu tenho que fazer mais exercícios físicos se acabamos de fazer um maravilhoso e que podemos repetir quantas vezes aguentarmos?
- Olha só! - ele me olha espantando e com certo divertimento - Desde quando se transformou numa ninfomaniaca?
- Não sou uma ninfomaniaca, mas isso me faz bem e me relaxa. Acho justo unir o útil ao agradável. O tratamento ao prazer.
Ele riu.
- A Clarissa de sempre. Querendo fazer apenas o que gosta. Se um dia eu ficar impotente o que você vai fazer, procurar outro cara é?
- Miguel, por favor! Você não vai ficar impotente, pelo amor de Deus, isso seria um desperdício. E caramba, isso seria cruel demais comigo. - Ele cruzou os braços querendo uma resposta mais convincente. - Tudo bem - Respirei fundo - Não, eu não procuraria outro cara. Eu teria que procurar outras formas de sentir prazer com você. - Respirei fundo logo que percebi que disse o que Miguel gostaria de ouvir.
- Então... Mais um motivo pra irmos a aula de natação. Pelo que eu percebi você gostou bastante. Só tem é preguiça.
- Dr. Miguel, eu não sou preguiçosa.
- Então prove - sorriu maliciosamente.
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Durante o caminho, estávamos em silêncio. De fato eu estava com preguiça de fazer qualquer coisa, mas eu sabia que isso não ajudaria em nada em meu tratamento, e se eu desse uma palavra qualquer em tom de reclamação, Miguel anotaria em meu caderno, ou ficaria computando cada palavra.
Enquanto eu olhava o nada, sentia os olhos de Miguel em mim. Virei para ele e ele riu. Ele estava jogando e eu sabia.
- O que foi?
- Se você se comportar hoje, terá uma surpresa.
- Que surpresa?
- Ora, se eu te contar deixa de ser surpresa. - disse-me o óbvio.
- Então porque me diz que tem uma surpresa, se é pra ser surpresa.
- Pra poder ver sua cara de curiosa e todo o seu desespero.
Cruzei os braços.
- Doutor Miguel, sendo Doutor Miguel.
- Preciso fazer jus ao meu título de pior psiquiatra do mundo. Até porque, você adora - ele piscou.
Quando chegamos as aulas de natação, a professora Jéssica, como sempre, fora muito atenciosa. Miguel observava-me com atenção e ria todas as vezes que eu quase me afogava, mas sorria, todas as vezes que a professora me elogiava.
Ela pediu pra eu fazer uma série de exercícios, e eu queria acertar todos. Querendo ou não, por mais que eu sentisse preguiça de ir as aulas, aquilo havia se tornado um desafio, não só para provar a Miguel que eu era capaz, mas a mim mesma.
Eu ainda precisava melhorar muito, porém, estava melhor do que no primeiro dia. Talvez eu tivesse aceitado as coisas melhor do que da outra vez.
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Ensaios de borboletas
ChickLitClarissa é uma mulher delicada, sensível e muito afetuosa. Apaixonada por música clássica, não é a toa o seu talento pelo violino. Uma mulher que gosta da tranquilidade e dispensa grandes aventuras. Com uma carreira brilhante, um noivo dedicado e um...