A viagem de ônibus durou quase duas horas por causa do trânsito, geralmente é entre 18:00 e 19:00 horas que todo mundo está voltando do trabalho.Por isso quando chegamos em casa, já era praticamente hora do jantar. Minha mãe estava na cozinha mexendo alguma coisa em uma panela e o ambiente cheirava á alho frito.
- Oi mãe. - cumprimentei-a quando entrei na cozinha.
Ouvi Harry fechar a porta da frente e se aproximar.
- Oi Sra.Gray. - ele disse rouco.
- Olá Harry. - ela respondeu sem olhar para nós - É isso que você entende por cedo, Elizabeth?
Apertei o olhos. Só me faltava essa.
- Desculpa mãe. Horário de pico.
- Da próxima vez vocês podem me avisar que vão sair.
Surpreendentemente foi Harry quem respondeu.
- Desculpe Sra.Gray. Achei que podíamos comemorar o aniversário da Liz hoje.
A minha mãe ficou quieta, mas não olhou para nós. Conheço ela bem demais para saber que ela está escondendo o hematoma no seu olho direito.
- Tudo bem. - falou - Vão tomar banho para jantar.
Assenti e comecei a andar para fora da cozinha.
- Já reparou que ela trata a gente como se fôssemos crianças? - Harry indagou, baixinho.
- Ah, já. - falei com um sorrisinho.
Mas meu sorriso desapareceu no momento em que vi meu pai sentado na sua poltrona.
A cena me irritou mais que tudo, porque ele parecia algum tipo de rei sentado naquela poltrona rídicula. Como se bater na sua mulher não fosse nada demais, como se fosse parte da sua rotina.
Dói não ver ressentimento na sua expressão. Ele ainda está com a cara amassada de bêbado e parece abatido, provavelmente por ter trabalhado com ressaca, mas não dá para ver culpa em lugar algum.
Constragimento, no máximo.Ele virou a cabeça na nossa direção.
- Aonde você estava? - Seu tom era suave. O mesmo tom que usava quando eu era criança, e precisava me reconquistar depois de uma dessas brigas.
Não respondi.
- Lizzie.
Continuei subindo a escada. Harry atrás de mim, sem dizer uma palavra.
- Elizabeth. - ouvi ele dizer, com a voz mais grossa.
Eu não ligo. Se ele tentar encostar em mim, eu não vou ser mole como a minha mãe. Vou denunciá-lo.
- Tudo bem? - Harry perguntou quando chegamos ao corredor dos quartos.
- Sim. - forcei um sorriso para ele - Quem vai tomar banho primeiro?
- Pode ir.
- Que cavalheiro.
- Eu sei que sou.- ele sorriu debochado.
- Convencido.
- Vai tomar banho de uma vez.
- Tá.
Ele me beijou rapidamente antes de entrar no seu quarto.
Entrei no meu também. Beatrice estava jogada na sua cama com o meu antigo celular nas mãos. Bem, ele tinha que servir para alguma coisa.
- Oi.
- Oi.- ela disse se sentando - Aonde você estava?
- A mãe deve ter te dito.
Deixei meu celular em cima da minha cama e despi a jaqueta e as botas.
- E eu fingi que acreditei. Ele te levou para um encontro, não foi?
- Não.
- Por quê você ainda mente?
- E por quê você ainda pergunta?
Andei de meias até o guarda-roupa e tirei de lá o meu pijama e roupa intíma limpa.
- Está ficando atrevida uh? - provocou, com um sorriso - Eu disse que você não resistiria á ele.
Revirei os olhos, mas não respondi.
- Na verdade foi uma surpresa, quer dizer nunca achei que você fosse se apaixonar por alguém. Alguém dessa terra.
- Não estou apaixonada.
- Se você diz.- o sorrisinho continuava nos seus lábios.
- Como a mamãe está? - mudeide assunto.
O sorriso sarcástico de Beatrice se esvaiu. Me arrependi imediatamente por ter tocado no assunto.
- O mesmo de sempre.
- Ah, e-eu vou tomar banho.
- Tá.
*
Jantei na sala com Harry e Beatrice, enquanto assístiamos episódios velhos de Friends.
Fiquei preocupada por deixar meus pais sozinhos na mesa de jantar, mas claramente eles já tinham resolvido os seus problemas, porque conversavam como se nada tivesse acontecido.
Gostaria de entender como essas brigas começam e como elas acabam.
Pois quando percebo o meu pai está com as mãos no pescoço da minha mãe, mas eu não ouço discussão antes disso. É fato que elas só acontecem de madrugada quando meu pai decide voltar para casa, mas mesmo assim não entendo como de uma hora para outra uma conversa pode levar á aquilo.
E não sei como a minha mãe consegue perdoá-lo. Para mim parece imperdoável e eu não deixaria passar da primeira vez, mas ela vem perdoando isso desde o começo do casamento. Mesmo antes do Lucas nascer.
É como se ele fizesse lavagem cerebral nela.É realmente frustante, e eu queimo de raiva por dentro.
Depois do jantar, bebi um copo de água e subi para o quarto. Disse para mamãe que estava cansada e me despedi de todo mundo, exceto meu pai, é claro.
Harry me olhava de um jeito que expressava nada mais que preocupação. Eu podia sentir.
Mas eu sorri para ele, ainda acho que é meio cedo para beijar e abraçar. Minha mãe pode estar achando que somos mesmo apenas amigos, nunca se sabe.
Esperava que o sorriso demonstrasse que eu estava bem, porque eu estava.
Não era por causa da nossa conversa esquisita daquela tarde ou por causa dos problemas do meus pais que eu ficaria pior do que em qualquer dia normal.Tudo isso, as brigas e a minha baixa autoestima, é bastante comum na minha vida. Harry não precisa olhar para mim como se eu fosse me suicidar a qualquer momento.
Escovei os dentes, penteei o cabelo e fui me deitar.
Uma chuvinha batia no telhado e na janela e e estava mais frio do que na noite passada, mas eu apenas vesti um moletom por cima do pijama de verão e me pús embaixo do edredon.Minutos depois eu estava dormindo. Sonhando ou tendo devaneios com o Big Ben e o pôr do sol.
Não tive certeza de que estava dormindo até o momento em que senti os lábios de Harry na minha testa. Suaves e mornos.
Depois ele saiu, fechando a porta sem fazer barulho. E eu finalmente me entreguei ao sono e dormi tranquilamente a noite toda.
* * * *
Olá amoras, como estão?
Primeiramente: FELIZ DIA DAS MULHERES
Segundamente: todas vocês são maravilhosas, do jeitinho que são, da pontinha do dedo do pé até o ultimo fio de cabelo. Mesmo que nos digam sempre o contrário, mesmo que digam que não podemos fazer isso ou aquilo. Confiem e amem a si mesmas e nós podemos tudo.
Lembre-se: SOMOS TODAS P-O-D-E-R-O-S-A-S
Amo vocês xx
All the love

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Prisoners - h.s
FanfictionEm um mundo onde todos vivem oprimidos por padrões, pessoas diferentes se sentem erradas. Em um mundo onde você precisa ser igual a todo mundo para ser aceito, existem pessoas como Liz Gray; oprimida por suas próprias inseguranças, vivendo nas sombr...