Capítulo 72

1.4K 154 73
                                        

              Pov's Liz Gray

Ouvi um click baixinho quando abri a porta de entrada da minha casa.
Percebi que a sensação térmica interior do ar mudava cada vez menos com o decorrer dos dias. Estava ficando mais quente á cada dia que se passava, mas em Londres você pode esperar por uma chuva à qualquer momento.
Tranquei a porta com um pouco de dificuldade por conta das sacolas nas minhas mãos e andei até o balcão da cozinha, onde deixei as minhas compras.

O calor dos últimos dias é bom. Por mais que eu tenha crescido na Europa, onde geralmente é gelado, eu adoro sentir o calor do sol na minha pele no verão. Porém, dessa vez estou um pouco nervosa com a chegada do verão, pois com ele vêm todo o stress da formatura, das provas finais e da faculdade.

Ah meu Deus. A minha cabeça está latejando só de pensar que depois das férias de verão terei que dar um jeito em tudo isso.
Muitas questões aparecem na minha cabeça, mas eu as afasto pelo menos por agora.

Hoje é quarta-feira e quatro dias se passaram desde a consulta com a Dra.Greene.Quando saí do seu consultório, eu estava bastante abalada e triste por alguma razão, mas também me sentindo muito determinada á continuar com as consultas. A medida em que eu andava de volta para casa, depois de parar em uma mercearia e comprar a porcaria de um chocolate cheio de calorias, eu comecei à pensar no quão ridículo é tudo isso.

Quer dizer, eu tenho que me comunicar com os meus pais e dizer que os amo? O que isso vai mudar? Eles não gostam desse tipo de afeto, nunca gostaram. Eles não ligam, e nem eu, pra ser sincera.

Quando cheguei em casa a ideia já parecia uma piada na minha cabeça.E aconteceu o que acontece todas as vezes em que faço algo diferente da minha rotina. Me sentei no sofá e comecei á pensar no quanto tinha sido impulsiva ao ir procurar uma psicóloga, no quão estranha eu devo ter parecido para ela enquanto falava na consulta, no quanto parecia impossível que algo mudasse de verdade.
E eu estava decidida à desistir novamente, mas naquela noite de sábado, quando abri as minhas notas e comecei a digitar sobre como tinha sido a experiência da consulta, percebi que poderia dar certo.
Não sei explicar, apenas parece que algo já está diferente. Parece que o simples fato de eu ter ido é algum tipo de evolução.
Acho que escrever me deixa inspirada e motivada de alguma forma.

O restante dos meus dias foram ocupados pela escola e pelo trabalho. E é um esforço à mais ter de fugir das perguntas de Todd e Jesy: "Liz eu sinto muito, está tudo bem?" e "O que aconteceu?".
Eu realmente não quero falar a verdade para eles agora, ainda não confio tanto neles assim, mas não estou brava, mas nem poderia ficar, não é culpa deles. Eu só queria que eles entendessem sem que eu precisasse dizer tanto.

Abano a cabeça, tentando esquecer esse tipo de pensamento e começo a tirar as coisas de dentro das sacolas no balcão.
Hoje é o aniversário de Lucas e a minha mãe decidiu fazer um jantar para ele porque, bem, é uma data especial. Lucas está ficando velho.

Então minha mãe pediu para que eu comprasse algumas coisas para ela depois que eu voltasse da escola.
Para a minha sorte, dessa vez ela deixou uma lista grudada na porta da geladeira, e eu não tive que adivinhar o que era para comprar.
Guardei os frios e o vinho na geladeira e guardei o restante nos armários. Depois parei em frente ao balcão e respirei fundo.

O que eu faço agora?

Essa é a pergunta que mais tenho me feito ultimamente.

Eu não quero um tempo livre, não quero ficar em casa e quero muito menos ficar completamente sozinha como estou agora.
Antes eu costumava zelar por esses momentos de tranquilidade em que há tanto silêncio e vazio na casa que eu literalmente só consigo ouvir a minha respiração, mas agora o vazio me aterroriza, porque eu sei que os meus pensamentos vão me engolir no momento em que eu tiver um tempo para parar e pensar.

Prisoners - h.sOnde histórias criam vida. Descubra agora