A manhã seguinte demorou a chegar. Talvez porque eu acordei mais tarde do que de costume.
A manhã de domingo amanheceu nublada, sem nenhum raio de sol atravessando a janela ás 10:00.Quando tentei abrir os olhos senti as pálpebras pesadas e, imediatamente tive certeza de quê ficaria doente.
Escondi o rosto no travesseiro, senti o cheiro de cabelo molhado e pensei em como todo esse domingo estava destinado á ser horrível.
Cabelo ruim, gripe, nariz pingando, cara amassada, muitos pensamentos para me atormentar durante toda a tarde e ainda tenho que explicar para minha mãe porque cheguei em casa no estado em que cheguei.
Não sei como consegui dormir esta noite, achei que a minha cabeça jamais pararia de me atormentar depois de tudo o que aconteceu.
Fiz todo o caminho de volta para casa correndo em baixo de um chuvisco gelado, algumas lágrimas sem noção caíram, e eu, sinceramente, estava me sentindo um caco por dentro, mas não queria parar de correr para longe.Quando entrei debaixo do chuveiro quente, tudo em que eu conseguia pensar era em Harry e tudo o que ele disse. Como quando você tem um dia muito bom e fica pensando sobre ele antes de dormir, apenas porque não quer esquecê-lo, para torná-lo memorável. Mas eu não queria me lembrar de todo aquele dia, para ser sincera. Não sou sadomasoquista.
Quando deitei o meu corpo estava elétrico, completamente ligado, eu senti cada fibra eletrizante, e achei que passaria a noite toda acordada.
Mas consegui dormir depois que pus todos os meus pensamentos em perspectiva: Primeiro: eu estou confusa.
Segundo: estou sendo hipócrita porque ele nunca mentiu para mim, fui eu que terminei. Terceiro: estou com medo do que pode acontecer dessa vez.
E por último, mas não menos importante, existe uma parte de mim, uma parte bem grande de mim que está feliz.Ontem tudo rolou tão naturalmente, como se nunca tivéssemos nos afastados. O beijo, o abraço, a conversa...
Ainda senti que podia ser sincera com ele, ainda senti que podia ser eu mesma e ele não iria me julgar. E não julgou.
Quando nos beijamos foi como sempre, foi tenso de um jeito bom. Foi adrenalina injetada nas minhas veias...Mesmo com Daisy, mesmo com a dor desses meses, mesmo que eu nem entenda tudo o que eu sinto, eu acho que nunca deixei de confiar e acreditar em Harry e isso...
Ouvi um toque na porta:
- Elizabeth! Levanta, já tá tarde!! - a minha mãe.
Rolei para o lado. O despertador no criado-mudo marca 10:15.
Com um suspiro, eu me levanto. Faço um rabo de cavalo e visto as minha pantufas.Sinto meu corpo pesado enquanto ando, e tenho cada vez mais certeza de quê vou ficar doente.
****
Às 16:00, ainda estou debaixo da coberta, com moletom e meias de algodão, e uma xícara de chá e um livro nas mãos.
A gripe não demorou á chegar e agora a minha cama parece ser o melhor lugar para passar o resto do domingo.
Bebo um gole do chá, o gosto de limão toca a minha língua, seguido por um amargor do remédio para gripe, e viro outra página de Lolita. Ainda estou no começo da história, antes do acidente da Sra.Haze.
O meu cérebro está um pouco mais lento por conta da gripe, por isso ás vezes eu me perco no meio das palavras.Ouço um barulhinho suave e imediatamente sei que algo atingiu o vidro da janela.
O vento lá fora deve estar forte...Outra pedrinha atinge o vidro, dessa vez a pedra parece ser maior. Bem, isso não pode ser coincidência.
Pouso a caneca no criado-mudo e fecho o livro. Ando de meias até a janela e afasto a cortina.
Através do vidro, eu vejo Harry. Vestido com um casaco preto por cima de uma t-shirt branca, o cabelo bagunçado parece ligeiramente molhado.

VOCÊ ESTÁ LENDO
Prisoners - h.s
FanfictionEm um mundo onde todos vivem oprimidos por padrões, pessoas diferentes se sentem erradas. Em um mundo onde você precisa ser igual a todo mundo para ser aceito, existem pessoas como Liz Gray; oprimida por suas próprias inseguranças, vivendo nas sombr...