Capítulo 22

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Não sei bem como acordei na manhã seguinte. Abri os olhos e me deparei com um lugar pouco iluminado.
Mas reconheci imediatamente onde estava quando os meus olhos se acostumaram com a claridade. Era meu quarto, o quarto de Beatrice na verdade, mas a janela estava fechada e as cortinas claras peneiravam a luz fraca do sol.

Me sentei na cama e quase instantaneamente a minha cabeça latejou.

Afinal como eu cheguei aqui? A noite passada é um borrão na minha cabeça.
É um daqueles dias incovenientes em que você acorda com a cabeça vazia, sem lembrar até da própria identidade. Bem, não literalmente. Odeio quando isso acontece.

Mas tudo veio com facilididade, como uma cachoeira de imagens; O toque suave na minha porta, o céu estrelado, a discussão, Harry me consolando em seus braços, ele me trazendo para dentro e me acompanhando até a porta do quarto, como ele tinha ficado calado depois que eu disse para que ele dissesse apenas a verdade...

Tudo se encaixou e eu cheguei a duas conclusões.
Primeira: fui patética noite passada e estou morrendo de vergonha do Harry agora.
E a segunda: é que com certeza estou atrasada para aula.

Me levantei rápido e a minha cabeça protestou mais uma vez.
Ainda estou com a mesma roupa de ontem e ainda sem o sutiã.

Troquei de roupa rapidamente e passei no banheiro para lavar o rosto e escovar os dentes e o cabelo com pressa.

A casa está estranhamente quieta e clara, o quão atrasada eu realmente estou?

Desci as escadas correndo com a mochila balançando no ombro, esperando de todo coração encontrar meus pais e Beatrice ainda tomando café, mas encontrei apenas o Harry comendo cereal com leite na bancada da cozinha.

Corei instantaneamente e de uma forma violenta.

Liz... vai ficar tudo bem. - ele havia dito.

Que vergonha!

Nunca fui tão sincera com alguém daquela maneira antes e a primeira vez, definitivamente, não deveria ter sido com ele.

Timidamente entrei na cozinha e Harry levantou o olhar para mim.
Eu o evitei, com os olhos fixos no relógio do microondas.

São dez horas da manhã, já perdi pelo menos umas três aulas. Merda.

- Porque ninguém me acordou?
- Pensei que quisesse dormir. Bem, na verdade eu pensei que você... - Harry começou, mas eu o interrompi abruptamente.

- Pensou errado.

Ele deixou a colher cair com força na tigela de cereal, gotinhas de leite voaram para fora da tigela e caíram na bancada.

- O que eu fiz agora? - Harry indagou claramente irritado.

De novo não. Acho que não aguento outra discussão com ele.

- Anda. Pode começar a zombar de mim agora.

- Não vou zombar de você. Não seja rídicula!

- Acho que ainda posso ir a escola. - suspirei, ignorando o seu insulto.

- Perdeu quase todas as aulas, não vale a pena.

- É, acho que sim. - suspirei mais uma vez.

Não é como se eu gostasse de ir para a escola, mas eu odeio perder aulas. Me sinto um pouco perdida no dia seguinte, na matéria, quero dizer.

- Não vai comer? - Harry perguntou.

- Não estou com fome agora. - disse e girei nos calcanhares para subir as escadas novamente.

Prisoners - h.sOnde histórias criam vida. Descubra agora