Capítulo 1

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                         POV Liz Gray

De frente para o espelho manchado do banheiro da escola, eu encaro meu reflexo; Vejo a mesma menina de cabelos castanhos de sempre, mas com a aparência mais cansada do que o normal. Os olhos castanhos estão acompanhados por olheiras claras e uma camada discreta de rímel preto, um pouco de blush cor de rosa nas bochechas dando cor ao rosto redondo, pálido e cheio de sardas e um pouco de batom vermelho escondendo pequenas rachaduras nos lábios sem graça.

Olhando diretamente para o espelho eu continuo tentando entender como me tornei essa pessoa que perde noites de sono estudando e me preocupando com a faculdade e que se importa tanto com a aparência.

Meus olhos doem pela falta de sono das últimas duas noites, que passei estudando, mas principalmente pensando desesperadamente no que faria se não conseguissse uma bolsa para a faculdade.

Me lembrei da noite passada e em como sufoquei o choro para não acordar ninguém na minha casa. Alguma coisa estava errada comigo, em geral eu não sou tão sensível, e definitivamente não costumo chorar com facilidade. Talvez sejam apenas os meus nervos que estão á flor da pele com toda a tensão para terminar o colegial e conseguir uma bolsa.
Eu me sinto em ebulição, prestes á explodir.

Mas quando alguma coisa realmente está certa? Acho que apenas existem tempos piores do que outros.

Senti lágrimas estúpidas se formarem nos meus olhos, mas antes que alguma pudesse cair, Daisy, minha melhor amiga, entrou no banheiro provavelmente á minha procura.

- Finalmente te encontrei! - exclamou.

Fingi que estava checando a maquiagem no espelho enquanto me recompunha, limpando o excesso de lágrimas com os dedos.

- O que você tem? Está com dor de barriga? - Daisy perguntou e eu sorri.

Ela geralmente consegue me fazer sentir melhor, bem, não exatamente melhor, mas quando estou com ela me sinto normal, sinto que ainda consigo ser uma adolescente normal com uma amiga.

Daisy é engraçada, e talvez essa seja a característica que mais gosto nela, meu sarcasmo combina com seu bom humor, mas ela consegue ser irritante quando quer.
Daisy também é muito bonita, é loira, com olhos castanhos escuros, seu rosto é desenhado com traços suaves e sua silhueta é bem definida, mas ela é baixa como eu.

- Não, só cansada.

- Por quê?

Daisy pegou um batom da sua bolsa e esfregou nos lábios carnudos.

- Não dormi direito.

- O que aconteceu?

- Nada, estava sem sono.

- Hum. Você precisa comer para ganhar alguma energia, está com cara de acabada.

- Obrigada. - revirei os olhos.

Ela guardou o batom na bolsa e se virou para mim.

- Vamos!

Sem olhar nem mais uma vez para o espelho, eu segui minha amiga para o refeitório lotado.
Andei timidamente entre as mesas enquanto Daisy mantinha uma postura firme Eu não gosto de lugares lotados ou públicos, talvez seja apenas paranóia, mas sinto que todo mundo me encara.

Agradeci mentalmente quando finalmente peguei meu lanche na cantina e me sentei na habitual mesa escondida, que ocasionalmenete divido com Daisy.
Eu secretamente apelidei aquela mesa de 'A Mesa dos Fracassados', mas nunca deixaria Daisy saber disso, ela ficaria furiosa se a chamasse de fracassada, mas ela sabe que pode se sentar onde quiser, e ainda assim escolhe estar ali comigo de vez em quando. Eu fico secretamente agradecida por não ficar sempre sozinha no refeitório cheio.

Estudo em uma escola pública, a que fica mais perto da minha casa, apenas quatro quarteirões. Não é a escola mais bonita e disciplinada, mas não é tão ruim.
Há apenas dois andares, uma quadra esportiva, um laboratório de química e outro de informático. O portão de ferro e a falta de um gramado na entrada deixa bem claro que não é uma das escolas mais importantes da cidade.

No refeitório, só quando vi o hambúrguer na minha frente eu percebi que estava com fome.
De manhã eu tinha meio que me arrastado para fora da cama, sem me preocupar em comer.

Estava ocupada saboreando meu lanche com sabor de carne de soja, quando meu celular vibrou no bolso da minha jaqueta. Limpei as mãos em um guardanapo de papel e e desbloqueei a tela do meu celular. O movimento chamou a atenção de Daisy, que ficou instantaneamente alerta.

- Quem é? - perguntou.

- Minha mãe. Ela quer falar comigo depois da aula.

- Será que é algo sério?

- Não. Geralmente não é. - dei de ombros. - Ela vai pedir para eu limpar a casa, cobrir seu turno na loja ou algo assim

- Tudo bem, então.

Dito isto, nós voltamos a comer tranquilamente.
Eu não podia imaginar o que estava por vir.

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Prisoners - h.sOnde histórias criam vida. Descubra agora