Capítulo 39

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O meu corpo está quente e algo me diz que não é por causa do aquecedor da casa de Alice.

Caminho trêmula até a sala de estar. Harry foi muito legal ao se oferecer para levar a bandeja de taças de vinho. Nas minhas mãos ela, com certeza, acabaria em milhares de cacos de vidro no chão.

Mas convenhamos que um ataque de ansiedade e um amasso na cozinha em menos de uma hora é o suficiente para deixar qualquer um de pernas bambas.

Adentramos a sala juntos. Todos olharam para nós e eu empalideci novamente.

Não olhem para mim, por favor.

É assim que eu quero viver a minha vida. Sendo totalmente invísivel.
Pode parecer um pouco confuso, afinal porque alguém quer ficar sozinho ou nunca ser enxergado? Mas eu prefiro muito mais a solidão do que o sentimento estranho, desconfortável e desesperador que se apodera de mim quando alguém realmente me olha, me analisa. É uma droga.

Andei de cabeça baixa até o sofá, me sentei encostada á almofada e Harry se sentou ao meu lado.

Podem ter passado meses e eu ainda me sinto envergonhada ao beijá-lo, ou depois.

- Certo. - Alice foi a primeira a falar - Podemos jantar agora?

- Hum... Violet e eu temos algo para contar. - a voz rouca e baixa do meu irmão fez se ouvir. E eu, de alguma forma, sabia o que eles iam dizer á seguir.

- Lá vamos nós. - murmurei baixinho.

- Eu estou grávida. - Violet disse com a sua voz suave e em seguida um coro de "parabéns" foi ouvido.

Minha mãe correu para abraçar Lucas.
Não é o primeiro filho dele então eu realmente não entendo todo esse alarme, como se todos já não esperássemos por isso.

Não falei nada, apenas sorri para Violet, ela retribuiu docemente e eu esbocei um "parabéns" com a boca.

Estou feliz por eles na medida em que é possível estar, mas sobrinhos não são mais novidade para mim.

Depois que a aglomeração acabou, andamos até a sala de jantar onde o banquete de Alice nos esperava. Olhar para toda aquela comida me fez feliz.

Que se foda a dieta, eu não vou emagrecer mesmo!

Me sentei em uma cadeira qualquer e Harry se sentou ao meu lado.

A mesa foi se enchendo aos poucos e Beatrice veio parar ao meu lado mais uma vez, Ezra grudado nela como chiclete.

Me servi de um pedaço de peru, alguns pedacinhos de batata cozida, molho e de farofa de algum tipo castanha.
O prato de Harry era uma montanha com um pouquinho de tudo que tinha na mesa.

- Você tá aproveitando mesmo. - comentei.

- É natal! - respondeu e eu apenas ri. - Tenho uma coisa pra te dizer. - ele disse depois de engolir uma batata.

- O que foi?

- Acreditaria se eu dissesse que foi a sua mãe que me mandou ir atrás de você na cozinha?

Eu precisei descansar o meu garfo no prato e olhar para ele.

- Quê?

- Verdade. E eu fiz um bom proveito dessa chance. - ele sussurrou a última parte.

- Idiota. - falei corando levemente - Não acredito que ela fez isso!

- Pois é.

- Estou chocada.

- É um milagre natalino!

- Você está bem engraçadinho, hein?

- Culpo o seu vestidinho preto. - Harry disse e eu corei pela décima vez na noite.

Prisoners - h.sOnde histórias criam vida. Descubra agora