Capítulo 53

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Harry estava falando sério quando disse que iria se mudar logo. Na manhã seguinte, sua mãe, Anne, bateu em nossa porta bem cedinho, ainda estávamos tomando café quando ela entrou sorridente pela nossa porta.
Meu coração gelou quando a vi entrar, seguida por uma menina de cabelos loiros tingidos. Me perguntei se ela já sabia de tudo o que tinha acontecido entre Harry e eu.

- Desculpe por aparecer tão cedo, Lydia, mas Harry disse que é urgente. - Anne disse enquanto adentravam a casa.

- O que é urgente? - mamãe perguntou.

- Harry não contou? - á essa altura, Beatrice e eu já estávamos de pé, como meninas bem educadas - Olá meninas!

Anne beijou a bochecha de Beatrice e em seguida a minha, não percebi hesitação alguma no seu gesto.Mas a garota loira me olhou de um jeito estranho antes de sorrir e me cumprimentar. Seus olhos eram de um verde hipnotizante, tais como o de Harry e Anne, tão claros como água. Não tenho certeza se fiz contato visual, ou sorri para ela, mas ela parecia gentil.

Ninguém precisou dizer que ela era irmã de Harry, estava estampado na cara dela. Seus olhos eram do mesmo tom de verde de Harry e Anne, e a raiz castanha era visível no cabelo loiro tingido, seu sorriso era decorado com covinhas como o de Harry.
Gostaria de saber porque eu e meus irmãos não somos parecidos em nada.

No entanto, quando ela olhou para mim senti uma profundidade diferente, como se ela soubesse de algo, e me senti diminuindo imediatamente.

- O quê Harry não contou? - minha mãe parecia genuinamente surpresa.

- Oh sim, Harry decidiu que quer começar a sua vida aqui Londres. Eu já te disse isso, não?

- Sim, sim, mas...

- Ele realmente comprou aquele apartamento, Gemma e eu viemos ajudá-lo a se mudar. - o sorriso de Anne era tão grande que poderia rasgar-lhe a cara, mas ele não impediu a sensação gelada que senti no estômago.

Imediatamente senti que todos olhavam para mim, mas poderia ser apenas aquela sensação incômoda de sempre. Porém quando olhei para minha mãe tive certeza de que estavam olhando para mim.

Ela olhou para mim como se esperasse uma explicação, olhei para Beatrice ao meu lado e ela parecia ainda mais atônita.
Um silêncio constrangedor se estabeleceu na cozinha e eu me senti encolhendo, até me transformar numa bolinha.

Não é como se eu estivesse surpresa com essa notícia, mas as coisas estão acontecendo mais rápido do que eu consigo acompanhar.

- Bom - mamãe quebrou o silêncio - isso é ótimo! Vocês... Vocês querem tomar um chá, comer algo? Gemma, como está crescida.

Observei enquanto todos se sentavam na mesa de café e mamãe andava até o armário para pegar mais xícaras. Fiquei uns bons segundos olhando para o nada, até sentir a mão de Beatrice no meu pulso, olhei para ela.

- Ei, você está bem? - ela sussurrou - Senta...

- Mãe! - quase gritei, minha mãe saltou no lugar e olhou para mim surpresa. Tinha duas xícaras de louça em suas mãos - Preciso ir ao centro.

- O quê?

- Desculpem, desculpem... - falei olhando para Gemma e Anne - Esqueci que precisou fazer um trabalho para entregar amanhã... - ao tentar sair da cozinha, eu bati o joelho em uma cadeira.

- Filha... - minha mãe parecia atônita, como se eu estivesse tendo um ataque de pânico na sua frente - Hoje é domingo...

- Mãe, preciso ir.

Andei até o hall de entrada improvisado, e peguei um casaco rosa no cabideiro. Não era meu casaco, pelo tamanho era de Beatrice, parecia ser longo demais para mim, mas pelo menos uma medida á menos do que a minha.

- E- eu volto já... - disse e sai. Mamãe gritou algo, mas eu não consegui ouvir.

O ar fresco da manhã bateu na minha face me deixando arrepiada, mas eu continuei andando. Meus passos eram apressados, e eu não sabia para onde estava indo realmente, só sabia que tinha ser para longe da minha casa, de Harry, da sua família, da mudança.

Depois de muito tempo, eu parei de andar. Já estava em outro bairro, tão simples e sujo quanto o meu, por isso não me importei em sentar em um banco de praça.

Me sentei e fiquei olhando para os meus all-stars surrados. Deviam ser 10:00 da manhã e eu estava sem celular, sem dinheiro e sem certeza alguma do que iria acontecer á seguir. Nunca me senti mais perdida.

Pensei em Harry e no fato de que naquele instante ele poderia estar embrulhando suas poucas coisas. Deixando sua cama, meu armário e minha prateleira para trás.

Pensei na ironia da situação: eu poderia acabar com o sofrimento se quissesse, e eu queria, mas não podia.

Mas ainda era difícil não querer chorar, ainda era difícil parar a sensação no fundo do meu estômago.

Me vi sem saída, sem válvula de escape, porque não há como fugir disso, não há como me distrair. Se eu fechar os olhos vou visualizar sentada em um banco de praça em um bairro desconhecido, sem celular, sem qualquer objetivo e sem hora para voltar para casa. E vou ver em casa, com um olhar vazio enquanto arruma a sua mala. A sua cara decepcionada, ou aliviada também, quando descobrir que não estou lá.

E não é como a ansiedade, quando você pode respirar fundo, contar até 1000 ou se distrair para esquecer, é simplesmente uma situação real demais para ser esquecida. A ansiedade é real, o medo é real e eu consigo explicá-lo dessa vez.

Eu só soube que era hora de voltar para casa quando o carro da mãe de Harry passou por mim. Ninguém me notou ali, apenas Gemma, no último segundo ela olhou para mim sem qualquer expressão especial.

Vi apenas a sombra de Harry pelo vidro escuro do banco de trás, e esta foi a última vez que vi Harry Styles.

                          ***

Fim!













Ooi amores! Tudo bem? Espero que sim.

Me desculpem pela demora, é que estou com bloqueio (😢), sério, eu odeio isso! Nesses ultimos dias estou sem criatividade para nada.
Por isso sinto muito se esse capítulo estiver uma ***** mas eu não queria deixá-los sem att por tanto tempo.

Ps: obrigada pelas 9k 💕 love u

All the love xx

Prisoners - h.sOnde histórias criam vida. Descubra agora