Na segunda feira eu ainda não estava curada da gripe, e graças á uma crise de choro de quase meia hora, eu estava pior do que no dia anterior.
Bebi um chá antes de dormir na noite de sábado e acho que é isso que está me mantendo em pé hoje.Faltei a aula, mas desde o momento em que sai da cama, sabia exatamente o que tinha de fazer. O dia não vai ser fácil.
Tomei um banho e lavei o cabelo. Ao olhar no espelho embaçado do banheiro, eu me deparei com uma menina pálida como um cadáver, com olheiras escuras e bochechas inchadas. Eu nunca pareci mais morta.
Senti vontade de chorar, mas me segurei e voltei para o quarto.Vesti um jeans, uma sweat e um par de meias. Peguei um caderno e uma caneta esferográfica e me sentei na cama, com as pernas cruzadas.
Olhei para o relógio ao lado da cama que marcava 9:26 A.M e voltei a me levantar. Fui até a cozinha vazia, na verdade a casa toda está vazia, enchi uma xícara com café e engoli uma aspirina.
Voltei para o quarto com a xícara de café. Pousei-a no criado-mudo e voltei ao meu caderno.A caneta estava nervosa na minha mão. Como eu posso começar? Me desculpando ou me explicando?
Fiquei parada por uns cinco minutos, com a caneta na mão e os pensamentos á milhão. Acho que revi toda a minha história e todos os meus erros em questão de segundos. E eu estou pronta. Eu estou para deixar tudo sair. Eu estou pronta para fazer a coisa certa.
Automaticamente comecei á escrever. As palavras fluiram naturalmente, como se estivessem esperando para serem escritas há muito tempo. E talvez estejam mesmo.
Derrubei algumas lágrimas e o meu nariz voltar a entupir. Eu estava me sentindo horrível por dentro e por fora, mas não parei de escrever até que tudo estivesse na folha. Tudo. Os meus sentimentos, os meus erros, os meus arrependimentos, as minhas desculpas e os meus motivos.
Quando terminei eu estava com os olhos inchados, mas arranquei a folha do caderno e dobrei-a. Vesti um casaco e botas, guardei a folha no bolso do casaco e sai do quarto.
Tranquei a casa e comecei á andar. Um chuvisco fino caía sem parar, senti o coro do meu cabelo (já seco) ficar úmido novamente e cobri a cabeça com a touca do casaco.
Eu não sei exatamente para onde estou indo. É uma área desconhecida, mesmo que a casa de Daisy fique lá por perto.
Andei quatro quarteirões. Passei pela casa de Daisy, uma casa comum, nem muito grande, nem muito pequena, com paredes cor de creme. Simples como Daisy nunca foi.
Virei mais duas esquinas e entrei numa rua de prédios, a maioria deles de aparência antiga.
Prestei atenção ao endereço que me passaram e finalmente encontrei o prédio certo.Um prédio alto e largo, mas nem tanto, com paredes pintadas de marrom claro. Há muitas janelas, a maioria com os vidros fechados por causa do tempo ruim, e eu só consigo pensar que uma dessas janelas é a dele. Que ele a abre todas as manhãs e talvez aprecie, ou não, o céu. E é claro, não consigo deixar de pensar que se as coisas tivessem sido diferente talvez essa janela fosse minha também.
Abri a porta de entrada e o som de uma campainha fez se ouvir. O porteiro estava sentado no balcão, folheando um jornal. Uma homem de aparência velha e doente, sua pele parece ligeiramente cinza, é possível ver alguns fios grisalhos em meio ao cabelo castanho e as rugas são os sinais mais aparentes de velhice. Ele olhou para mim quando entrei.
- Posso ajudar, Srta?
- Hum, sim... Eu preciso falar com uma pessoa que mora aqui.
- Quem seria?
- Harry Styles.
- Oh sim, aquele rapaz alto... - o senhor me olhou de um jeito estranho, como se de repente tudo fizesse sentido.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Prisoners - h.s
FanfictionEm um mundo onde todos vivem oprimidos por padrões, pessoas diferentes se sentem erradas. Em um mundo onde você precisa ser igual a todo mundo para ser aceito, existem pessoas como Liz Gray; oprimida por suas próprias inseguranças, vivendo nas sombr...