A última semana de férias passou absurdamente rápido. Quando percebi já estava acordando numa manhã nublada de segunda-feira ás 6:00 horas, com o som estridente do despertador ecoando pelo quarto.
Desliguei o despertador e afundei o rosto no travesseiro. Nunca desejei tanto não ter que ir á escola.
Do outro lado do quarto Beatrice também gemia insatisfateita.
Foi o incentivo que precisei para levantar, Beatrice é mais lenta que um zumbi de manhã. Se ela entrar no banheiro agora, provavelmente só vai sair depois de meia hora.
Peguei uma troca de roupa, uma toalha limpa e a necessárie de maquiagem e fui para o banheiro.
O corredor ainda estava meio escuro e muito silencioso, a única coisa que indicava que alguém já tinha acordado era o cheiro forte de café no ar. Meu pai é um madrugador.
Tomei um banho rápido, me vesti, fiz o possível com o meu cabelo e passei a maquiagem. Tinha esquecido como era chato fazer toda essa produção de manhã.
Quando terminei, vinte minutos depois, voltei para o quarto e peguei a mochila. A alça direita estava curiosamente mais gasta e pendia sem muita segurança no meu ombro. Sabia que tinha que comprar uma nova antes das aulas voltarem, mas estava dura, todo o dinheiro que eu tinha guardado usei para pagar a passagem de ida e volta á Ponte Westminster. Estou mesmo precisando de um emprego.
Desci as escadas sem pressa, os tênis quase não fazendo barulho na escada.
Meu pai e minha mãe estavam na cozinha, bebendo café e comendo pãozinho.
Já fazia um tempinho que eu não tomava café com eles, não que eu tenha sentido falta, exatamente.Eles voltaram ao normal muito rápido. Dois dias depois daquela briga, o hematoma no rosto da minha mãe já estava passando de roxo para vermelho e eles já estavam agindo normalmente, como se nada tivesse acontecido.
Fiquei indignada no começo, queria gritar para a minha mãe que ela não estava se dando ao respeito desse jeito. Estava apenas se acovardando e deixando que algo imperdoável passasse despercebido. Que não estava sendo um exemplo de mulher nem para mim, nem para Beatrice e nem para ninguém. Mas tive que me forçar a parar de me importar com isso: Ela já passou por isso muitas vezes, é adulta, tem o nosso apoio e teria a proteção da polícia se quissesse, não há nada que a impeça. Ela só não quer fazer nada a respeito.
Me sentei na mesa com eles e me servi de uma xícara de café preto e adoçado. A cafeína me acordou instântaneamente .
*
Do lado de fora a escola parecia exatamente a mesma. Os grandes portões enferrujados da entrada estavam abertos, o chão do estacionamento estava manchado de chicletes velhos e os alunos enchiam toda a escada de pedra da entrada.
E embora fossem as mesmas pessoas de sempre, eu não reconheci ninguém de imediato. E isso é triste.Respirei fundo antes de entrar, fazer isso seria muito mais fácil se eu tivesse alguém ao meu lado.
Atravessei o estacionamente de cabeça baixa, nas escadas tentei não pensar compulsivamente que as pessoas estavam olhando para mim.
Chegar aos corredores foi como respirar novamente, embora eles também estivessem apinhados de gente. Andei até meu armário, fiz a minha combinação e peguei os livros do dia.
Coloquei todos na mochila, menos o de Matemática que era a primeira aula.E sem nada para fazer ou alguém para cumprimentar, eu andei devagar até a sala de Matemática.
*
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Prisoners - h.s
FanfictionEm um mundo onde todos vivem oprimidos por padrões, pessoas diferentes se sentem erradas. Em um mundo onde você precisa ser igual a todo mundo para ser aceito, existem pessoas como Liz Gray; oprimida por suas próprias inseguranças, vivendo nas sombr...