Capítulo 33 - Uma Heroína?

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P.O.V Annie

Meu corpo parecia pesar uns mil quilos a mais. Acho que é o que acontece quando uma pessoa vai para o trabalho direto de um dia incrivelmente cheio de coisas incríveis mas ao mesmo tempo desgastantes. Eu sou uma idosa.

No dia seguinte ao feriado, nós meio que madrugamos na praia para tentar fazer aquelas crianças pararem com a ansiedade. À
noite pegamos a estrada e chegamos em Clinton ao amanhecer, ou seja, direto para W.K, a empresa do meu pai.

Lincoln disse que eu estava morena, ao menos para isso a praia prestou. E bem, pelo menos meu DNA tinha algo de bom, não fico como um camarão na praia.

O dia foi incrivelmente chato com todas as coisas chatas do trabalho, por isso eu quis gritar de alegria ao ver que meu expediente tinha acabado.

Eram oito e trinta e sete de uma noite gelada. Finalmente poderia ir para a mansão dos Waolkens, abraçar minha princesinha e ver algum filme legal com ela.

O meu carro parecia gritar "Mãeee, ainda bem, vamos para casa, estou cansado". Pois bem, eu também estou cansada, filho.

Quando entrei no carro, a primeira coisa que fiz foi ligar o som, afinal, nada como música pra melhorar o dia. Depois claro, dirigi para longe do estacionamento da empresa.

A noite estava estranha, como se estivesse me avisando que algo daria muito errado. Na verdade ela parecia gritar. E foi exatamente o que aconteceu em minha volta para casa.

Estava chovendo, e ao que parece, uma árvore caiu no viaduto que preciso pegar para chegar em casa. Embora tenha essa explicação, eu não duvido nada que tenha sido algum monstro de Liam.

Eu ainda não entendo o porquê de Liam ser assim. Era para nós dois protagonizarmos um belo romance onde o cara é um bandido e volta a ser legal com a vida porque a garota é a sua salvação. Ele poderia ter me usado como sua luz, mas ele não quis. Ele quer dor, a minha dor.

Literalmente sacudi a cabeça. Não, não vou pensar nele, não devo pensar nele.

Próximo ao volante, há uma foto minha com Milla quando ela tinha seus três aninhos. Me lembro bem do dia daquela foto, era um dia preguiçoso qual Amanda decidiu bancar a fotógrafa com a gente.

Na fotografia, Milla estava sentada no meu colo me olhando com o cabelo todo bagunçado. Eu também estava bagunçada, então ri por isso.

A forma como Milla me olhava, não somente na foto, mas em todo momento, era o que eu precisava para esquecer tudo de ruim. Ela me olhava como se eu fosse o seu tudo, como se sem mim ela não pudesse viver. Mal sabia ela que esse sentimento era todo meu.

Por ela eu abri mão de August, por ela e por mim também. Eu não vou me vender dessa forma, e sei que se o fizesse, Jane iria me comprar para esfregar a minha cara em um asfalto.

Finalmente voltei minha atenção para o trânsito e peguei um desvio por uma rua um tanto deserta. Estava livre, o que era bom, mas aquela sensação estranha ainda está aqui.

Nessa rua há apenas uma loja aberta, uma padaria. Há alguns meninos reunidos no fim da rua, provavelmente fumando um baseado.

Alguns postes estavam apagados, ou melhor, eles foram destruídos. Ainda assim continuei o meu caminho.

Queria apenas chegar em casa, dar um abraço bem apertado na minha pequena, e depois em meus pais, e comer com eles uma comida quentinha. Ligarei para Jane mais tarde, para jogar na cara dela as suas mensagens super constrangedoras de quando ficou bêbada. Então, minha empolgação ao som de Sugar foi bruscamente parada em um sinal vermelho.

ClintonOnde histórias criam vida. Descubra agora