Capítulo 24 - Uma tempestade?

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P.O.V Annie.

Acordei sentindo minha boca mais seca do que o normal, eu precisava de água ou qualquer coisa que possa refrescar a minha garganta. Talvez uma vodka sirva bem.

Me sentei em minha cama e esfreguei meu rosto tentando me livrar da demência matinal. Meu corpo parecia pesar vários mil quilos, aquilo não era legal.

No chão há cacos de vidro, resultado do vaso de flores que arremessei na parede ontem a noite. Me lembro claramente disso e também de Jane pedindo para eu me acalmar, e tinha os calmantes que ela me deu.

Claro, minha boca estava dessa forma por causa dos remédios que tomei para dormir. Mesmo que eu não queira, as memórias invadem minha mente, elas são como facadas em meu cérebro.

Facadas. Foi dessa forma que ela morreu. A forma que ela foi morta em minha frente.

Eu me levantei com cuidado para não espetar meu pé, o que foi em vão. Um grande caco de vidro entrou em um deles, rapidamente volto para a minha cama.

O filete de sangue escorre entre meus dedos. Eu não sinto dor, talvez um efeito dos remédios, ou talvez minha mente esteja ocupada demais reguminando todo o meu dia anterior. Amanda gritando de dor e eu parada em sua frente sem poder fazer nada.

É minha culpa. Talvez eu devesse fugir assim como Jane fez e me esconder em alguma caverna escura enquanto rezo para que ele não me encontre. De qualquer forma não iria funcionar, ele me acharia, ele sempre irá me achar.

Mais uma vez ignoro meu leve ferimento nos pés e me levanto. Uma tontura fez com que eu quase desabasse no chão, somente não aconteceu por eu apoiar em uma das mesas do meu quarto. Um copo vazio não teve a mesma sorte e se espatifou no chão.

Eu não ligo. Sigo ainda em tropeços para o lado de fora, a casa estava silenciosa. Parecia ser tarde, o que indicava que eu estava sozinha com minha solidão.

Eu quero gritar, ver em qual proporção está a minha dor emocional, mas não posso fazer isso. Eu devo guardar para mim.

- Annie. - Me virei levemente para ver Marisa. Ela tinha um olhar preocupado em minha direção, certamente eu estava péssima.

Ela me suspendeu ajudando-me a ficar de pé. Realmente eu parecia que iria desabar a qualquer momento no chão. Minhas pernas estavam moles e meu corpo parecia pesar mil vezes mais.

- Vem, vamos descer. - Disse já me puxando para as escadas.

Marisa parece ser uma dama da sociedade, daquelas do tipo que não aguentam nada e que apenas vivem para as grifes que gosta. Pois é, aparências enganam. Ela segurava todo o meu corpo fortemente, ela me aguentava em todo meu peso enquanto descíamos as escadas.

Acho que é algo maternal, algo que brota do interior do seu corpo para ajudar as filhas.

Ela me ajudou a sentar à mesa e rapidamente serviu um prato com sopa de legumes, a cenoura nadava no meio daquele caldo verde, também tinha brócolis e chuchu. A careta foi inevitável, eu não queria comer, muito menos um chuchu, aquele troço que tem gosto de água.

Encarei seus grandes olhos azuis, estavam de certa forma ameaçadores, rapidamente comi a primeira colherada. Só naquele momento eu percebi que realmente estava faminta e que aquela sopa estava realmente boa.

Minha mãe seguia me observando o tempo inteiro. Ela não dizia nada, isso era bom, eu não queria falar, talvez ela soubesse disso.

- Não senhor Franklin, ela não irá. - Era a voz de Gregory. Ele estava falando em seu tom sério e responsável, ou seja, estava tratando de alguma coisa da empresa que tem nosso nome.

ClintonOnde histórias criam vida. Descubra agora