"No jardim dos sonhos
No primeiro raio de luar"
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Emma
Não tinha sensação mais gostosa do que os raios de sol da manhã passando por entres as folhas da arvores da clareira, aqueles raios aqueciam minha pele, e de certa forma meu coração, e por alguns instantes eu havia parado de me preocupar, porém não foi necessário muito tempo para que tudo voltasse em minha mente.
Eram sempre muitas angustias juntas, meu peito sempre parecia uma teia de aranha com um emaranhado de confusões e sentimentos. Ultimamente eu podia dizer que o que eu mais sentia era medo, medo de não conseguir seguir todos aquelas planos bobos que toda garota da minha idade faz.
Eu sonhava, sempre ali deitada na clareira, eu olhava para o céu para imaginar toda uma vida, todo um futuro, mesmo eu sabendo que agora eu não teria nada disso, e que tudo me seria tirado por minha mãe, eu preferia fingir que era questão de tempo até eu talvez realizar um ou dois sonhos.
Era difícil entender o jeito dela de me amar, na verdade era bem difícil acreditar que minha mãe e meu pai se quer me amassem, afinal os pais deveriam amar seus filhos de qualquer maneira e apenas desejar que sejam feliz, ou não ? Bom minha mãe também dizia que as jovens que entrariam junto comigo na próxima ordens, eram garotas bonitas, dinâmicas, inteligentes e talentosas, e que facilmente viveriam bem no mundo real, e que esse não era meu caso, que do jeito que eu era eu não arrumaria um bom marido e só traria problemas. Mas eu nunca quis um bom marido, na verdade eu nunca quis um marido, e esse sempre foi o problema.
Eu não tinha mais vontades, e nem forças ou uma voz ativa para exigir qualquer coisa que fosse, afinal minha mãe havia deixado claro, que ou era o convento ou as ruas, e eu era uma criança o que eu faria ? Respirei fundo mais uma vez com todas aquelas frustrações. Mas pelo menos ela me prometeu este verão, esses últimos dias de verão antes de ingressar na ordem.
De fato de todo ruim talvez, o convento fosse o menor deles, as terapias que mamãe me obrigava a fazer me deixavam muito mal, eu odiava as reuniões na igreja, onde sempre eu me vestia com aquela camiseta branca e ficava la com todos orando em volta de mim, e depois vinha aquele maremoto de videos, e instruções de como era um homem, e de que eu deveria querer sexo com um homem, claro que aquilo não mudava meus desejos, mas eu precisava mentir, e dizer que agora eu pensava em garotos pelos menos assim toda aquela violência áudio visual diminuía. Mas isso não diminuía as seções de me vestir de uma forma mais feminina, usar salto, maquiagens, era um completo esforço para me fazer me encaixar nos moldes normais tidos pela minha família e pela igreja.
Mas sem duvidas o pior disso tudo, é que depois de anos eu estava definitivamente convencida de que eu estava doente. E nem na minha cabeça eu conseguia ser livre como antes, era uma constante briga interna para conseguir me entender, e para entender Deus, afinal se como todos dizia, que ele conhecia o interno de todos, e sabia tudo que aconteceria na vida de cada um, quando ele me criou ele já sabia que eu gostaria de garotas, e se isso era tão errado assim, porque mesmo assim ele me deu um chamado dentro da igreja? Se aquilo era uma doença, um pecado tão grande porque ele me deixou vir ao mundo ? Não era mais fácil mandar outro em meu lugar ? Ou me mandar como um garoto? seila, se bem que eu gostava de ser uma menina, enfim.
-Você está viva ? - ouvi uma voz feminina, e me levantei imediatamente da grama e peguei um pedaço de madeira, e comecei a olhar em volta em busca de onde vinha aquela voz. E enfim uma garota saiu de trás de uma das arvores. - Está a tanto tempo deitada ai que achei que estivesse morta.
- A quanto tempo está me olhando ai ? - Perguntei segurando o pedaço de madeira, e ela veio para perto, segurou o pedaço de madeira e sorriu, a garota era linda, seu cabelos negros como a noite, seus enormes olhos castanhos, e aquele sorriso que seria suficiente para iluminar uma vila.
- Eu estou aqui desde a hora que você chegou, eu estava em cima daquela arvore. - Ela apontou para uma arvore enorme. - Gosto de observar pássaros, mas hoje achei mais interessante observar você, e tenho que dizer que você até que toca bem. - Ela apontou pro meu violão que estava no chão próximo de onde eu estava deitada.
- Eu gosto de musica, mas é meio estranho ficar no alto de uma arvore observando as pessoas não?
- Segurar uma madeira, para uma garota inofensiva também é bem estranho não acha ? - Ela disse me deixando sem graça e eu então joguei o pedaço de madeira pro lado.
- Desculpe por isso, aproposito meu nome é... - ela selou meus lábios com seu dedo indicador, e senti algo estranho em meu estomago.
- Eu gosto de apelidos, deixam a vida mais misteriosa e magica, diga um nome ou apelido que goste, e te chamarei assim.
- E você ?
- Serei a rainha má. - Dei risada e ela me encarou quase que em questionamento claro.
- De tantos nomes que podes escolher, escolhe ficar com Rainha ma?
- Porque não ? preferia que eu fosse previsível e disse cinderella?
- Talvez seria mais adequado não ?
- Não sou muito de fazer o esperado ou adequado.
- Mas porque uma vilã? - perguntei e ela se sentou em uma pedra e cruzou as pernas apoiando suas mãos nas laterais de seu corpo.
- Achei que nunca perguntaria!- ela disse certa de que já esperava aquela pergunta. - Se tem uma coisa que eu aprendi com minha mãe antes dela morrer, é que não deve julgar nada pela aparência, ou seja não julgue um livro pela capa, se você sempre ouvir só a versão da chapeuzinho vermelho o lobo sempre será o vilão.
- Interessante.
-Há muito mais coisas positivas em ser a rainha má do que em ser a branca de neve por exemplo.
- Estou toda ouvidos. - falei olhando ela bobamente, a garota parecia ter saído de um sonho perfeito.
-Não que eu deteste as princesas, mas não quero ser uma, elas são educadas, fofas, lindas, estão sempre cantando e limpando casas, castelos, ou fazendo serviços domésticos. - Eu estava tentando manter o foco mais no raciocínio dela do que nos lábios, mas era quase que inevitável viajar um pouco em toda sua beleza tão atraente aos olhos. - Agora as "vilãs" - elas fez aspas com as mãos, se levantando.- Elas são independentes, inteligentes, estratégicas, não dependente de ninguém apenas delas mesmas. Os planos até podem falhar, mas elas não passam vontades, elas tentam atingir seu objetivos, elas se aventuram no desconhecido, aproveitando cada segundo que a vida lhes da, seja criando planos, conhecendo sobre magia, vivem a vida, mesmo que no final da historia ela não consiga tudo que ela queria, ela pelo menos tentou, enquanto as princesas passam a vida em suas torres aguardando o tal príncipe encantando aparecer. - Ela pegou um graveto no chão e subiu na pedra e o empunhou como uma espada. - Elas esperam, e esperam, até que um cara apareça e mate o dragão. - Ela fingia combater algo com aquele graveto, fazendo movimento de ataque enquanto estava ali em cima. - ou morra tentando e ela fique na torre esperando o próximo príncipe, ou morra sozinha na espera do tal homem dos seus sonhos. - Ela pulou e ficou de frente para mim, e empunhou seu graveto. - Eu não quero ser a branca de neve, ou a Rapunzel ou nenhuma dessas princesas a espera do príncipe, eu quero matar meus próprios dragões e salvar minha própria vida, eu sou meu próprio final feliz.
- Acho que estou sendo enganada pela Disney esse tempo todo. - falei e ela se curvou em agradecimento.
- Talvez, mas que bom que você não será ma garotinha iludida, esperando o príncipe encantando.
- Posso esperar a rainha má. - falei e ela ficou me encarando e senti minhas bochechas queimarem. - Digo seria mais legal ver você matar o dragão do que um cara.
- Qual será seu nome então ? - ela perguntou me olhando com um sorriso de canto.
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Simplesmente Aconteceu - SwanQueen
RomanceUma jovem freira que levou anos para ter a cabeça que sua família tanto queria, terá toda sua nova vida religiosa questionada pois seu grande amor do passado voltará para colocar em dúvida todos seus ensinamentos, todas as suas novas crenças e ce...