Não tenha medo de querer voltar

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"Simplesmente amanheceu

Tudo volta a ser só eu"


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Regina




As vezes eu agradecia por pelo menos meus pensamentos serem apenas meus, afinal quem entenderia o alivio que eu sentir em enterrar minha mãe. Lana Mills nunca foi a mulher mais fácil de se lidar, e posso dizer que desde o dia em que a mãe da Emma entrou nosso chalé, aumentando nosso encontro em proporções bem íntimas minha mãe se tornou alguém difícil.

Ela sempre soube que eu era diferente, mas acho que nunca quis ver de verdade, e quando uma estranha entrou em sua porta dizendo que eu manipulei a filha dela, inocente e pura, que seria freira e eu apenas transei com ela em um lago ha fazendo pecar, minha mãe começou a mover céus e terra para que eu me encaixe no padrão normal, e ai foram longos anos em um internato só de meninas, o que na minha cabeça nunca fez sentido, afinal se eu gostava de mulher, o que me trancar com outras quarenta garotas ajudaria.

Mas logo tudo foi ficando bem claro, as terapias, as aulas, as visitas aos psicólogos, e assim eu passei longos dezesseis anos fazendo todas as coisas heterossexuais que minha mãe tanto queria.

- Tenho certeza que assim como eu, está remoendo todo o cuidado que ela teve com a gente esses anos. - Olhei para Zelena, eu há admirava, afinal ela nunca deu o braço a torcer para nossa mãe e quando ela cogitou internar Zelena, ela fugiu, e só reapareceu agora para finalmente enterrar nossa carcereira.

- Na verdade estou tentando não me julgar por estar aliviada.

- Infelizmente, acho que eu e você e nosso irmão nos sentimos assim. Foram muitos anos nos privando de viver.

- Eu perdi tantos anos da minha vida, eu quebrei promessas.

- Você queria ter ido atrás dela né? Ainda podemos procurar por ela.

- Você acha que nesses anos todos ela ainda me esperou? Se ela saiu do tal convento deve ter levado sua vida adiante já.

- Mas e se ela ainda estiver em um convento?

- Pior ainda. - Dei risada. - O que acha que vou fazer? Pegar uma freira e fazer ela ficar comigo por meia dúzia de beijos que demos na nossa adolescência? - Claro que eu faria isso, eu não sabia explicar a ligação que eu tinha com Emma, e nem por que depois de mais de uma década eu ainda sonhava com aqueles olhos verdes, com seu sorriso e sua voz.

- Pelo menos agora você não precisa mais pagar o barbudo para fingir ser seu namorado. - Daniel falou encostando em nos. - E eu. - Ele tirou um pequeno beque do bolso. - Posso finalmente fumar em paz sem ela dizer que sou um drogado. - Dei risada do jeito dele, mas querendo ou não agora nos três podíamos finalmente respirar. Nossa mãe nos sufocava ao longo dos anos e agora estávamos livres. - O que vocês vão fazer com a herança de vocês?

- Pretendo me mudar para capital, comprar uma casa e dividir ela com a Regina se esse plano ainda for real. - Zel falou e eu abracei sua cintura.

- É real ruiva. E você Daniel?

- Eu vou viajar o mundo, e torrar tudo em bebidas, quero aproveitar e conhecer tudo que eu puder. O dia que eu morrer, quero morrer sabendo que aproveitei a vida.

- Vai só curtir então? - Zelena perguntou.

- Na verdade quem sabe eu me case e tenho um casal de filhos, mas hoje eu quero apenas viajar. - Ficamos mais alguns poucos minutos juntos conversando e logo nos separamos, eu fui junto com Zelena, e enquanto ela dirigia, peguei meu celular, e de forma incansável mais uma vez procurei o nome Emma Swan no facebook, e como sempre nunca encontrava nada, nem uma foto marcada, nada, era como se ela estivesse totalmente fora do radar, e isso me frustrava, não que eu esperasse um romance de cinema, mas eu devia a ela pelo menos a busca e o resgate que prometi, eu prometi que não deixaria sua mãe a trancar em um convento, e era claro que eu havia falhado. Talvez eu devesse esquecer isso, afinal depois de tantos anos, talvez ela estivesse feliz na vida que vive hoje, e afinal quais seriam as chances de nós cruzarmos novamente. O telefone da Zel tocou me tirando dos meus pensamentos, olhei e ela simplesmente desligou.

-Quem era? - Perguntei me ajeitando no banco.

- Drizella.

- Brigaram novamente?

- Não tenho vocação e nem idade para namoro as escondidas, estou cansada de ser a amiga dela na frente dos parentes, se ela quer esse tipo de relação que procure outra pessoa.

- Eu nem sabia que agora você era adepta de relacionamentos monogâmicos, a última vez que nos falamos você disse que curtia relacionamento aberto.

- Sim, aí fui idiota o suficiente para me deixar levar pela Drizella, para ficar sendo o brinquedinho sexual da morena, e ser a namorada só dentro do quarto, e eu não preciso disso.

- Ou seja?

- Modo vadia está de volta.

- Sinto muito pela Drizela.

- Ela que vai sentir, duvido que vai achar alguém que foda com ela como eu fodia. - Dei risada.

- As vezes esqueço do quão pervertida você é. Mas esqueça isso tudo, e vamos pensar em nós ok?

- Vai deixar a loirinha de lado também? E sair desse seu celibato? - Dei um soco nela.

- Não estou de celibato.

- Regina você está com o que? 32 anos? E virgem! - Dei outro soco.

- Quem falou pra você que sou virgem diabo.

- Ah não? E quando que a senhora perdeu a virgindade ? - Ela me perguntou como se eu fosse a inocência em pessoa.

- Para sua informação eu transei com algumas garotas.

- Aham. - Ela falou e eu entrei em uma das conversas do meu celular e mostrei pra ela, onde uma garota falava que queria repetir a dose, que nunca havia gozado daquele jeito. - Meu Deus. - Ela parou o carro no acostamento com tudo. - Então temos mais uma Mills diabinha do sexo aí. Mas me diz como conseguia isso com a carrasca em cima de você.

- As vezes eu saia pra ir no mercado, shopping essas coisas, e meu carro sempre foi bem confortável, e o insulfilme ajudava na privacidade.

- Que safadinha você, sempre achei que ia morrer virgem, e apaixonada pela loirinha.

- Nos últimos anos eu comecei a perder a esperança de achar ela, e eu precisava viver, porque acreditar que encontrar ela e que teríamos algo é um maldito conto de fadas, e eu não tenho a mínima disposição para continuar acreditando nisso. E a faculdade também me trouxe algumas garotas.

- Assim que nos organizarmos na capital, vamos sair juntas para extravasar e beijar algumas bocas. - Ela ligou novamente o carro, e eu fiquei olhando a janela, queria que tudo fosse simples como parecia ser, queria ter um botão de reset no cérebro as vezes para poder esquecer todas as coisas que passam nela. Eu nunca fui o tipo dos contos de fadas, mas eu não parava de pensar na minha Emma, a minha garota, algo nela era diferente, pois eu todas as noites sonhava com ela, e ao mesmo tempo que eu deseja esquecer ela eu desejava saber o porque dessa ligação, eu ansiava por mais. Era surreal sonhar com uma pessoa que eu conheci na adolescência, e sonhar com ela hoje comigo, como mulher, tocando meu corpo, me beijando. Talvez minha mãe estivesse parcialmente certa e eu tivesse sérios problemas.

Simplesmente Aconteceu - SwanQueenOnde histórias criam vida. Descubra agora