Devaneio Lúcido

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Bien que tous ça, je ne connais pas ce monde - Lucidní snění...

O que é sonhar quando não se sabe se está acordado ou apenas sendo sacudido em um mundo de dificuldades e impedimentos? Qual a necessidade de sonhar, afinal, já que no mundo tudo não se faz mais por sonhos, mas por palavras escritas à frente de um computador ou palavras impressas à folha branca?

As crianças ainda sonham com aquilo que serão quando crescer — mas será que realmente gostariam de conhecer a realidade que aflora o mundo? Carros passam, buzinam, sofrem — afloram os sentimentos que abordam todos os dias com a euforia exacerbada daqueles que os dirigem, ajuntando seu desespero ao som inquietante que obsolesce seus sentidos. Uma criança, por sua liberdade arbitral, não merece conhecer as prisões mundanas por opção, nem tampouco realizar-se da tristeza que é viver em um mundo onde tudo é resumido a sobrevivência e prazer — a concupiscência denigre o homem sem o julgar, mas o faz pio às suas escolhas e o impede de seguir.

Por que será que sonhar tornou-se tão proibido? Porque tudo é tão monocromático? Tão cinza e morto? Será que devanear sobre uma “utopia” frígida não é mais uma ficção?

A Essência se perdeu no escuro.

Os sorrisos se perderam à luz quente de uma lâmpada moderna.

Os devaneios não são mais ficções; mas, sim, mais lúcidos que a palidez que os cerca.

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