Químico

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Que se fez aos dotes da ciência
À própria significância
Ácidos tão puros
Bases tão quietas

Ligações covalentes na terra
Glicerina, amônia e gás
Carbonos que hidrogênio encerra
Elementos, ametais sobre metais

O fim da estrada queimou-se
Fez-se enxofre, por fim
Pentacloreto de fósforo
Amônio, estrepes

Trinitrotolueno tal que nitrogênio
Fez fendas na terra
Na busca entre Platina e Mercúrio
Busca que jamais se encerra

Horrores, sim, à guerra
Queimaduras da dor que não tarda
Toxicidade escondida na terra
Dor, agonia, sarin e gás mostarda

O horizonte carrega outra nuvem
Que, de tão alaranjada,
Enganou o próprio sol
Iluminando Ghoutan com sarin

Fizeram-se os trens ao gás
Tal que os chamou, escuridão
Letargia do gás venenoso
Que adormeceu o metrô em Tóquio

Mas esquecera-se o sol da paz?
De que népia vale o soman?
Dióxido de carbono, imundo
Fez o mundo, imagem envenenada

Mas a Química, de tão si, valiosa
Que de tanto fez-nos
E a vida, de tão si, calorosa
Não pode-se esquecer...

Das próprias criações
Dos próprios gases
Fogo nas águas, enxofre nos sertões
Fumaças que sobem lilases

Dos galhos pende hexafluoreto
Das estantes cai cianeto
Sólido, líquido, terceto
Escondidos na escuridão do sulfeto

Mas a Química, de tão si, fervorosa
Que de tanto fez-se
E a vida, de tão si, virtuosa
Não pode-se esquecer...

... Dos próprios pecados

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